Dahmer: O que é verdade e o que é falso na série da Netflix sobre o serial killer

Capa da Publicação

Dahmer: O que é verdade e o que é falso na série da Netflix sobre o serial killer

Por Jaqueline Sousa

Dahmer: Um Canibal Americano é a mais nova produção de true crime da Netflix. Criada por Ryan Murphy, a série conta com o ator Evan Peters no papel de Jeffrey Dahmer, que na vida real foi um perigoso serial killer conhecido por ter cometido atos de canibalismo, necrofilia e assassinado homens gays, em sua maioria, negros, asiáticos e latinos.

Mas, como muitas obras de ficção que são baseadas em fatos, nem tudo que acompanhamos ao longo dos episódios de fato aconteceu. Sendo assim, reunimos aqui o que é fato e o que é ficção em Dahmer: Um Canibal Americano.

A lista foi feita com o auxílio das informações contidas no livro Monster: The True Story of the Jeffrey Dahmer Murders (Monstro: A verdadeira história dos assassinatos de Jeffrey Dahmer, em tradução livre), da jornalista Anne E. Schwartz, e reportagens sobre o assunto da época em que ocorreram (via Milwaukee Journal Sentinel), além de outras informações coletadas pelo site IndieWire.

Vale ressaltar também que há relatos violentos e perturbadores envolvendo o caso, por isso cuidado ao prosseguir na leitura caso você não se sinta confortável com esse tipo de assunto. 

Imagem de capa do item

Glenda Cleveland não morava no mesmo prédio que Jeffrey Dahmer

Uma das maiores mudanças feitas para a série do Ryan Murphy é que a personagem da atriz Niecy Nash, a Glenda, não vivia no mesmo prédio que o serial killer. Enquanto no programa da Netflix ela habita o apartamento que fica ao lado do de Dahmer, na vida real Glenda morava em outro prédio na mesma rua, em Milwaukee.

Na série da Netflix, a personagem é a união de duas pessoas reais: a verdadeira Glenda Cleveland e Pamela Bass, que era a vizinha de apartamento de Dahmer na época. Em entrevistas ao documentário The Jeffrey Dahmer Files (2012), Bass relata que ouvia gritos vindos da residência do criminoso e que de fato havia um cheiro terrível no andar, assim como aparece na série.

Imagem de capa do item

Jeffrey Dahmer realmente mostrou O Exorcista para Tracy Edwards?

No primeiro episódio da série, vemos Dahmer levando para seu apartamento o jovem Tracy Edwards depois que eles se encontram em um bar. Assim que chegam ao prédio, o serial killer passa a aterrorizar Tracy e coloca o filme O Exorcista, clássico do terror dirigido por William Friedkin, para que eles assistam.

Por mais ficcional que a cena possa parecer, Dahmer realmente mostrou o filme para Edwards na vida real. Contudo, o jovem que escapou do apartamento do serial killer naquele dia contou durante uma entrevista que o criminoso tinha colocado O Exorcista 3 na realidade.

Imagem de capa do item

O caso dos irmãos Sinthasomphone de fato aconteceu

Como visto na série, o episódio envolvendo os irmãos Sinthasomphone realmente foi verdadeiro. No caso de Konerak, o garoto de fato foi assassinado pelo serial killer quando tinha 14 anos de idade após ser ludibriado por Dahmer e levado até seu apartamento, local onde o adolescente foi drogado e agredido até conseguir escapar e acionar a polícia.

Os policiais John Balcerzak e Joseph Gabrish atenderam ao chamado, mas Jeffrey conseguiu enganá-los ao dizer que Konerak era seu namorado de 19 anos, fazendo com que eles entregassem o garoto de volta para o serial killer. Pouco tempo depois, Konerak foi assassinado brutalmente por Dahmer.

Somsack, o irmão de Konerak, conheceu o criminoso um pouco antes, em 1988, aos 13 anos de idade. De maneira similar, Somsack foi persuadido por Jeffrey, que drogou e abusou sexualmente o adolescente antes dele conseguir escapar. Após o ocorrido, Dahmer foi condenado por abuso sexual naquele mesmo ano.

Imagem de capa do item

Jeffrey Dahmer realmente tinha evidências de seus crimes quando foi parado pela polícia certa vez

Outro acontecimento que também veio diretamente da realidade é aquele em que Jeffrey Dahmer é abordado por policiais quando está carregando evidências de seus crimes.

Em um depoimento do serial killer na vida real, Dahmer revelou que, no ano de 1978, estava levando sacos de lixo com os restos mortais de Steven Hicks, sua primeira vítima, no banco do carro até ser parado por oficiais durante a madrugada. Mas a ação não deu em nada, já que Dahmer conseguiu se safar dos policiais eventualmente.

Imagem de capa do item

Jeffrey Dahmer realmente bebia sangue?

Na série, vemos Dahmer conseguindo um emprego como flebotomista, aquela pessoa que coleta amostras de sangue e outros fluidos de pacientes para exames e testes. É assim que o serial killer consegue ter acesso a uma bolsa de sangue, que mais tarde ele bebe em seu apartamento.

Já na vida real, Dahmer não fez exatamente isso. De acordo com um depoimento do criminoso sobre o ocorrido, Jeffrey disse que chegou a provar sangue de um frasco, mas que cuspiu logo em seguida.

Imagem de capa do item

O caso de Ron Flowers

Como mostrado na série de Ryan Murphy, Ron Flowers quase foi uma das vítimas de Jeffrey Dahmer na vida real. O encontro dos dois aconteceu depois que o carro de Ron quebrou na estrada e o serial killer lhe ofereceu uma carona de volta para casa.

De acordo com o livro Monster: The True Story of the Jeffrey Dahmer Murders, Dahmer acabou voltando atrás em sua decisão de fazer uma nova vítima porque ele não tinha certeza se conseguiria carregar o corpo de Flowers, que pesava 113 kg na época.

Imagem de capa do item

E Tony Hughes?

Tony Hughes foi uma das vítimas de Jeffrey Dahmer e também está presente na série da Netflix. Ele aparece no sexto episódio e, assim como grande parte dos alvos do serial killer, foi assassinado de maneira brutal após conhecer o criminoso. A série também se aprofunda um pouco mais na relação entre os dois, como se fosse algo duradouro.

Porém, na vida real, Dahmer afirmou em seu depoimento que nunca tinha conhecido Tony Hughes até a noite do assassinato. Em contrapartida, testemunhas alegam que os dois se conheciam desde 1989.

Os depoimentos dos familiares das vítimas no julgamento

Em Dahmer: O Canibal Americano, os depoimentos dos familiares das vítimas do serial killer, no oitavo episódio, fazem parte de um dos momentos mais intensos – e controversos – da série. A cena em questão mostra os parentes das vítimas no julgamento de Dahmer, enquanto falam sobre como os crimes cometidos por ele afetaram suas vidas.

Os depoimentos são bastante similares aos que foram feitos na vida real, pois a cena praticamente recria, palavra por palavra, o que foi dito no tribunal, conforme as transcrições do julgamento. A série também inclui uma demonstração de raiva de Rita Isbell, a irmã de Errol Lindsey, uma das vítimas do serial killer, que tentou atacar Dahmer no momento.