[CRÍTICA] Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos – Bons efeitos não salvam roteiro!
[CRÍTICA] Warcraft: O Primeiro Encontro de Dois Mundos – Bons efeitos não salvam roteiro!
Desde que foi anunciado, o filme baseado dos games de Warcraft tem sido alvo de muitas especulações. Depois de dez anos em produção, o longa finalmente saiu do papel e chega agora aos cinemas. No entanto, Warcraft – O Primeiro Encontro Entre Dois Mundos não é o que a gente esperava.
Atenção: A crítica a seguir foi realizada por um autor específico e não reflete a opinião total do site. Em todo caso, se você concorda ou discorda com a visão do autor ou dos comentaristas, lembre de ser respeitoso, sem ofender ou atacar ninguém gratuitamente.
Ficha Técnica
- Título original: Warcraft.
- Duração: 144 minutos.
- Data de estreia: 02 de Junho de 2016 (Brasil)
- Direção: Ducan Jones.
- Roteiro: Ducan Jones Charles Leavitt.
- Produção: Alex Gartner, Charles Roven, Jon Jashni, Stuart Fenegan, Thomas Tull.
- Elenco: Ben Foster, Ben Schnetzer, Daniel Wu, Dominic Cooper, Robert Kazinsky, Toby Kebbell, Travis Fimmel, Andre Tricoteux, Callum Keith Rennie, Clancy Brown, Daniel Cudmore, Dan Payne, Donnie MacNeil, Michael Patric, Patrick Sabongui, Paula Patton, Ruth Negga e Ryan Robbins.
Warcraft
Estando em produção há mais de dez anos, Warcraft encontrou seu primeiro diretor em Sam Raimi, o responsável pela trilogia original do Homem-Aranha. Raimi acabou saindo do projeto e o filme foi para as mãos do novato Ducan Jones, que tinha apenas dois filmes em seu currículo antes de começar a trabalhar do blockbuster.
Desde que Jones assumiu a responsabilidade de continuar um projeto de outra pessoa, muitas coisas, naturalmente, teriam que mudar, entre elas o roteiro, que sofreu alterações para se manter fiel aos games da franquia.
Jones traz um trabalho competente num filme com cenas épicas bem ensaiadas e batalhas de tirar o fôlego. O problema, no entanto, se revela pela dificuldade de executar um roteiro tão complexo.
Contextualizando
Situado em Azeroth, Warcraft conta a história do início dos conflitos entre orcs e humanos. Já nas cenas iniciais temos uma horda de orcs sendo liderada por um poderoso bruxo encapuzado chamado Gul'dan. Ele usa um tipo de portal mágico para que os orcs possam fugir de seu mundo moribundo e entrar em Azeroth. Gul'dan precisa de almas mortais para alimentar a sua magia negra, que funciona como combustível para o portal entre os dois mundos.
Conflitos
Em Reino de Ventrobravo, o Rei Llane toma conhecimento de que suas guarnições estão sendo atacadas e seu povo está sendo feito prisioneiro. Assim, o Comandante Lothar, o jovem mago Khadgar e o Guardião Medivh são encarregados e descobrir o motivo e os responsáveis pelos ataques.
Do lado dos orcs, o nobre líder do clã Lobos do Gelo, Durotan, começa a suspeitar que a magia de Gul'dan possa ter sido a culpada pela destruição de sua terra natal. Há uma divisão entre as hordas, ao mesmo tempo em que a opacidade entre heróis e vilões vai se perdendo aos poucos.
Roteiro
O roteiro peca ao focar em uma quantidade absurda de introduções, o que faz com que Warcraft demore em engrenar, mais ainda, porque nem todas as introduções são necessárias para a trama em questão e muitas perguntas ficam sem resposta. Quando Warcraft começa a se encontrar, não há mais nada de cativante na história e tudo que importa são as lutas entre orcs e humanos.
Personagens
O mago Khadgar é o personagem mais divertido e cativante de toda a trama, Ben Foster tem uma grande performance como o Guardião, enquanto o Lothar de Travis Fimmel é apenas Ragnar Lodbrok com cabelo comprido.
O chefe-orc Durotan de Toby Kebell é um personagem fluido e bem desenvolvido, com um background muito humanizado, que é fruto do seu relacionamento com sua esposa grávida, Draka. A Garona de Paula Patton, por sua vez, não é tão próxima da personagem dos games, mas cumpre intensamente seu papel dentro da trama, por mais que o carisma seja completamente dispensável.
Direção
Warcraft coloca Jones na posição de um grande diretor de cenas de batalha com efeitos especiais. Desde as rajadas de magia até a textura da pele dos orcs, tudo foi escolhido para fazer justiça aos jogos da Blizzard. As cenas de drama são bem funcionais, mas às vezes são prejudicadas pelos personagens não serem tão cativantes. A direção de Warcraft não é grandiosa e complexa como a de O Senhor dos Anéis, de Peter Jackson, na verdade, Jones claramente brinca em torno de um mundo de magia e monstros sem a necessidade de se levar a sério.
Pensamento expandido
Se Jones tenta fazer com que a direção seja leve, o roteiro segue no caminho oposto. Depois do sucesso do Universo Cinematográfico da Marvel, surgiu uma ideia em Hollywood de que há a necessidade de sempre expandir, e é aí que mora o maior problema de Warcraft.
Muitos elementos do filme são introduzidos apenas para deixar ganchos para uma possível sequência, o que prejudica muito a maneira como a história é contada. Talvez, se o filme seguisse com uma linha de pensamento mais simples, os problemas seriam minimizados e as chances de, aí sim, acontecer uma sequencia seriam muito maiores.
Ação
A simplicidade de Warcraft só vem realmente no terceiro ato, quando a ação se torna mais importante do que as apresentações. Neste ponto, os personagens se tornam mais simples e a complexidade, tão importante nos dois primeiros atos, só está presente no motivo por trás da batalha.
Os efeitos são fantásticos, e as locações, todas feitas em GCI, parecem reais. Vale notar a cena de introdução do filme, que é um deleite para os fãs de efeitos digitais.
Mas e aí?
Ao criar um conflito onde há heróis e vilões em ambos os lados, Warcraft comete o erro de não conseguir cativar o espectador com sua trama. A direção é um ponto alto, mas a execução do roteiro não. Apesar de alguns personagens funcionarem bem, outros são completamente ignorados e se perdem no meio do conflito. Há momentos que fazem justiça à história dos games, o que vai deixar os adoradores de fan-service muito felizes. No entanto, os problemas se tornam evidentes conforme o filme avança, e não existe um verdadeiro fim para a história. Pontas são deixadas soltas indicando uma sequencia - que dificilmente vai acontecer. Talvez, Warcraft devesse ter apostado em uma história fechada, simples, para depois trazer tudo que os games representam. Em suma, Warcraft é apenas mais uma mancha dos filmes baseados em jogos. Só nos resta torcer para que Assassin’s Creed mude isso no final do ano.
Nota: 2/5