[CRÍTICA] Vingadores: Guerra Infinita – É assim que se faz um filme de super-heróis!
[CRÍTICA] Vingadores: Guerra Infinita – É assim que se faz um filme de super-heróis!
Temos aqui o maior filme de super-heróis já feito!
Com a pressão de ser o início da conclusão de dez anos do Universo Cinematográfico da Marvel, Vingadores: Guerra Infinita é o mais recente lançamento da Casa das Ideias até o momento, e um dos filmes mais ambiciosos da história.
Mas será que o longa conseguiu vencer a opressiva expectativa em torno de seu lançamento e é realmente o filme pelo qual todos os fãs esperavam? O longa consegue concluir a jornada iniciada em 2008, pelo primeiro Homem de Ferro? Será que o maior filme de super-heróis de todos os tempos é também o melhor?
Eis aqui a crítica sem spoilers do filme, para que vocês saibam o que nós achamos da superprodução que vai definir uma geração inteira para o cinema blockbuster.
Créditos: Divulgação
Ficha Técnica
Título: Vingadores: Guerra Infinita (Avengers: Infinity War)
Ano: 2018
Data de lançamento: 26 de abril (Brasil)
Direção: Joe e Anthony Russo
Classificação: 12 anos
Duração: 149 minutos
Sinopse: Os Vingadores e seus aliados precisam estar dispostos a sacrificar tudo para derrotar o poderoso Thanos antes que a devastação e a ruína coloquem um fim ao universo.
Vingadores: Guerra Infinita – É assim que se faz um filme de super-heróis!
Então, amigos. O dia finalmente chegou. Vingadores: Guerra Infinita está chegando aos cinemas. O filme pode ter sido confirmado há poucos anos, mas a trama representa a culminação de uma década. Os fãs começaram a criar uma animação e expectativa tão altas, que deixou uma pequena minoria preocupada, pois seria extremamente difícil ver isso sendo superado pela nova investida da Marvel Studios.
E ainda assim, eles conseguiram.
A trama é aquela que todos esperávamos: Thanos começa sua jornada de conquista das seis Joias do Infinito, batendo de frente com os Vingadores e os Guardiões da Galáxia no caminho. Ninguém mais está a salvo e nenhum lugar é seguro. As regras estão definidas e a batalha do século começa.
Antes de mais nada, preciso deixar algo bem claro: Quando fazemos uma crítica, precisamos desligar um pouco nosso lado “fã” para analisar com frieza a construção de uma obra. No caso de Guerra Infinita, isso é quase impossível, levando em conta como a estrutura de todo o Universo Cinematográfico da Marvel gira em torno, principalmente, da emoção criada para um fã.
Portanto, aqui estou, de mente e alma, como um fã. E, nesse sentido, eu realmente não consigo ver um erro estrutural no longa. Então, se você só queria saber uma opinião breve sobre o filme, sem se aprofundar em detalhes da trama, dos personagens ou de outros aspectos técnicos saiba que eu o considero como um blockbuster perfeito, que entrega tudo o que promete e, ainda assim, consegue surpreender e mostrar algo inovador.
Inicialmente, o elemento que mais chama atenção na trama é justamente a proposta de criar o maior crossover de todos os tempos, reunindo personagens que surgiram ao longo de mais de cinco franquias de filmes diferentes. E com mais de vinte personagens em tela, é do senso comum achar que vários não serão bem desenvolvidos. E assim como fizeram em Guerra Civil, os Irmãos Russo, de alguma maneira alquímica e quase mágica, conseguem fazer isso de forma excelente.
Aqui, eles não apenas dão destaque a todos os personagens, seja através de diálogos ou da própria ação (e até mesmo heróis e vilões menos relevantes, que têm sua chance de brilhar de alguma forma), como também – e principalmente – desenvolvem a figura de Thanos no papel do grande protagonista, o que é bem incomum quando analisamos o que a Marvel já fez até então, seja com o próprio Titã Louco ou com outros vilões de seu extenso catálogo (excluindo talvez apenas o excelente Killmonger de Pantera Negra.
O resultado final é impressionante em um nível estarrecedor. A divisão em núcleos faz tudo funcionar de uma forma coesa, e permite um vislumbre em interações que nós nunca sequer imaginamos que veríamos nos cinemas. Aliás, falando nisso, a ação é espetacular no sentido mais puro da palavra. Não estamos apenas diante de um confronto ou uma batalha normal. Testemunhamos, de fato, uma Guerra Infinita.
Há vários momentos em que o público não consegue deixar de se contorcer em sua poltrona, pela intensa carga emocional e o impacto que se carrega ao longo da trama. Particularmente falando, perdi a conta de quantas vezes me vi extremamente chocado e surpreso, uma sensação que, após tantos filmes de super-heróis similares, já havia caído no meu esquecimento. Arrisco a dizer que, em termos de espetáculo e tensão, é o "maior" filme que o cinema já recebeu desde Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2, que apesar de pertencer a um universo completamente distinto, tem uma proposta sumariamente similar.
Tocando no assunto, surpresa é a palavra chave aqui. Tanto os Irmãos Russo, quanto Kevin Feige, quanto o elenco do filme e a própria Marvel Studios estão mais do que certos em todo o sigilo e segredo sobre o desenvolvimento narrativo. Embora o filme acerte em cheio ao cumprir suas promessas, o espaço do desconhecido é muito presente, e vai garantir ao público momentos de alegria ou choque genuínos, que causarão um profundo conflito emocional aos olhos de quem já não consegue mais sequer piscar.
Todos esses aspectos conseguem conceber uma estrutura narrativa onde o ritmo e o compasso são, sem dúvida alguma, fragmentados e entrecortados, mas há uma recompensa sentimental aqui - e curiosamente, vinda de lugares dos quais não esperávamos. É seguro dizer que, além de Thanos, figuras como Gamora, Thor, Feiticeira Escarlate e Visão roubam a cena em momentos assustadoramente tocantes, o que mostra o empenho da Marvel Studios em criar mais do que apenas super-heróis.
Em quesitos técnicos, Vingadores: Guerra Infinita consegue atingir a marca com clareza. Preciso dar um destaque muito grande ao trabalho de som, seja a profundeza ensurdecedora da melhor trilha sonora de Alan Silvestri, mas também para as sequências bem silenciosas e calmas, onde a tensão, por vezes, fala mais alto que a emoção. De alguma forma, o filme consegue ser paradoxalmente barulhento e quieto, com um equilíbrio dinâmico e impecável.
A fotografia, que é um dos pontos altos, se garante principalmente ao considerarmos que o longa foi inteiramente gravado em IMAX. Isso, junto com os efeitos visuais irretocáveis e a escala universal, fornecem um prato cheio para quem está interessado em realmente ver um gigantesco evento tomando forma nos cinemas. Se possível, veja na maior tela que puder, para aproveitar todo o senso de imersão e profundidade do longa.
E, embora os Vingadores, Guardiões da Galáxia, Doutor Estranho, Homem-Aranha e Pantera Negra sejam as figuras de destaque, não podemos (de forma alguma) esquecer que os heróis aqui são outros. Joe e Anthony Russo provam, com brilhante maestria, que dominam e entendem do gênero que abordam, e que sabem brincar com os elementos que criam a movimentação necessária para um filme desse porte.
E claro, eles estão sob a tutela do maior mestre possível, no momento: Kevin Feige. Geralmente ouvimos histórias muito ruins no meio hollywoodiano sobre executivos e o controle de estúdios sobre uma obra cinematográfica. Mas nesse caso em específico, vemos a diferença que faz ter um produtor bom, que entende as engrenagens por trás de um universo cinematográfico e o que o faz ser tão envolvente quanto folhear as páginas de uma história em quadrinhos. Se todos os filmes até agora eram histórias pequenas e contidas, que podem ser lidas em títulos individuais de personagens, Guerra Infinita é a mega-saga que veio para mudar tudo.
E é por todos esses motivos que, do ponto de vista misto entre crítico e fã, não consigo perceber um erro sequer em Guerra Infinita. É um longa que empolga do primeiro frame à cena pós-créditos, e acima de tudo, é uma experiência que se paga por si só. Para fãs de quadrinhos ou mesmo para o público que aprendeu a amar e entender esses personagens e suas histórias, é um filme evidentemente obrigatório.
O que temos é uma trama que, além de ter sua própria voz, e que pode ser compreendida por um público "virgem", também representa tudo que a Marvel planejou e construiu a ferro e fogo. E principalmente, é um glorioso vislumbre de quase três horas para o que virá a seguir. Agora, começa a ardilosa espera de um ano para a misteriosa continuação, cujo próprio título ainda não foi revelado. Agora, Vingadores 4 vai ter que se provar um sucessor digno a este filme, e, pelo histórico do estúdio, podemos prever essa como sendo uma vitória já conquistada.
Concluindo nossa trajetória, preciso dizer que Vingadores: Guerra Infinita foi um filme que me deixou sem ar. É como todo bom blockbuster deveria ser: capaz de te fazer rir, chorar, se assustar, sentir apego emocional e te deixar marcado em uma experiência que permanece com você mesmo horas depois de ter saído dos cinemas. É a prova de amor, tanto ao público geral quanto aos fãs, de que o investimento de mais de dez anos no Universo Cinematográfico da Marvel tem uma recompensa.
E o melhor de tudo: essa é só a primeira parte desse prêmio.
Impactante, sentimental, cômico (na hora certa), alucinante e surpreendente, o filme prova seu valor, e defini-lo como o melhor filme de super-heróis da história seria uma árdua tarefa, já que isso depende completamente da subjetividade pessoal de cada um. Mas uma coisa é certa: ele define os novos parâmetros, estruturas e expectativas de como filmes de super-heróis deveriam ser feitos.
NOTA: 5/5