[CRÍTICA] Um Lugar Silencioso – Que Agonia!
[CRÍTICA] Um Lugar Silencioso – Que Agonia!
Vermelho significa corra!
Chega aos cinemas, nesta quinta-feira, aos cinemas, o suspense/terror Um Lugar Silencioso.
Dirigido, roteirizado e estrelado por John Krasinski, a história acompanha a vida da família Abbott em um mundo pós-apocalíptico, lutando por sua sobrevivência.
Será que a carga dramática e as atuações foram o suficiente para sustentar um filme que quase não tem falas verbalizadas? Descubra em nossa crítica SEM SPOILERS.
Imagens: Divulgação
Ficha Técnica
Título: Um Lugar Silencioso
Ano: 2018
Lançamento: 5 de abril de 2018 (Brasil)
Direção: John Krasinski
Duração: 95 minutos
Sinopse: Em uma fazenda nos Estados Unidos, uma família do Meio-Oeste é perseguida por uma entidade fantasmagórica assustadora. Para se protegerem, eles devem permanecer em silêncio absoluto, a qualquer custo, pois o perigo é ativado pela percepção do som.
John Krasinski ficou conhecido por seu papel no seriado The Office. E, ao que parece, o ator usou seu tempo na série como uma escola preparatória para seu futuro em Hollywood.
Embora já tenha dirigido e roteirizado outras produções, Um Lugar Silencioso é o filme que talvez sirva de cartão de visitas para seu estrelato atrás das câmeras.
Além de cuidar da parte técnica, Krasinski também contracena com sua esposa na vida real, a belíssima e talentosa Emily Blunt, o que torna tudo muito mais interessante, dada a química dos dois em frente às câmeras.
Usando como base uma trama simples, onde vemos uma família tentando sobreviver aos horrores de um mundo pós-apocalíptico, o longa se sustenta nas incríveis atuações do elenco principal.
Acredite, destacar o talento interpretativo dos atores é algo fundamental em um filme como este. Como o título sugere, todos precisam se comunicar e agir sem emitir sons, pois o barulho atrai uma ameaça brutal.
O silêncio é o grande truque, você sabe que qualquer ruído mais alto significa a morte e isso é o suficiente para lhe deixar apreensivo durante TODO o filme.
O longa se aproveita da atmosfera de terror vivida pela família para transpassar isso para o público, deixando o espectador tão tenso quanto eles. Para estabelecer isso, a trama choca o público logo no início, mostrando que não tem medo de tomar certas decisões narrativas, por mais brutais que elas sejam.
Ao lado de Krasinski e Blunt, estão os encantadores e igualmente talentosos Millicent Simmonds e Noah Jupe, que interpretam Regan e Marcus, filhos do casal.
É impressionante vermos como todas as peças parecem se encaixar: a vida sofrida, a busca pela paz, os traumas e a tentativa de manter a família unida, mesmo com todas as adversidades.
Ao analisarmos friamente, vemos que Um Lugar Silencioso é um filme extremamente contido, porém esbanja qualidade e significado. Contido, pois conta apenas com apenas seis atores humanos ao longo de toda a trama, o que é impressionante, considerando o quão chocado ele deixa a audiência.
O longa não perde tempo dando explicações sobre como a ameaça surgiu. Isso já foi abordado inúmeras vezes por películas similares, sem contar que o foco principal é a família.
Vemos toda a força e talento de Blunt, quando a atriz nos entrega uma personagem carregada de pesares, mas que tenta se manter firme perante seus filhos para que eles aguentem as dificuldades daquele perigoso mundo. Sem contar que, além de tudo, Blunt ainda está grávida durante a produção do longa, um estágio bem avançado, o que eleva a dificuldade de seu papel ainda mais.
Além de toda a qualidade das atuações, dois elementos que tornam tudo ainda mais imersivo e mágico são a fotografia e trilha sonora do longa.
Embora, em grande maioria, tudo aconteça de forma silenciosa, a trilha sonora é responsável por nos fazer mergulhar ainda mais nessa atmosfera de tensão e nos aproximar da família Abbott. O destaque fica por conta das cenas em que a trilha nos faz sentir como se estivéssemos ouvindo com os ouvidos dos personagens.
A fotografia é quase um personagem na trama. Mesclando planos fechados com belíssimos takes panorâmicos de paisagens desoladas, o longa nos dá a impressão de que os Abbott fizeram da fazenda e de tudo o que a cerca um grandioso quintal. Além disso, temos um tratamento de cores impecável, que sabe usar luz e sombras de forma magnífica.
Os efeitos especiais, embora usados com parcimônia e de forma inteligente, estão polidos o suficiente para dar credibilidade às ameaças. Como citado anteriormente, o filme se sustenta pelas atuações e pelo drama da família, o que torna o uso do recurso apenas um complemento para dar sentido ao que os personagens tanto temem.
É interessante vermos que a comunicação principal acontece por meio da língua de ASL. Considerando que a atriz Millicent Simmonds é deficiente auditiva na vida real, o que a deixou extremamente confortável com seu papel, que além de ser muito significativo na trama, fez com que ela brilhasse tanto quanto os veteranos.
O mais marcante desse mundo de silêncio, é ver o cuidado da produção, onde todos os detalhes foram ponderados, para que não escapassem momentos que invalidassem as atitudes anteriores, amarrando perfeitamente roteiro e direção.
Foi incrível ver a química entre Krasinski e Blunt nas telonas, o que nos deixa ainda mais ansiosos para um futuro reencontro. Fica evidente o amor que um sente pelo outro, além é claro de todo o profissionalismo.
Um Lugar Silencioso nos mostra mais uma vez que um filme simples e de certa forma pequeno pode conter um potencial gigantesco e nos deixar apaixonado por belíssimas histórias e personagens.
É interessante vermos que a trama consegue fugir do lugar comum, mesmo se aproveitando de elementos conhecidos do terror. Não espere um filme cheio de clichês, atuações medianas e um ou outro jump scare previsível.
NOTA: 4/5