[CRÍTICA] The Umbrella Academy: 1ª Temporada – Crescer como um super-herói é traumatizante!
[CRÍTICA] The Umbrella Academy: 1ª Temporada – Crescer como um super-herói é traumatizante!
Ser super-herói nem sempre se resume a um uniforme reluzente e glamour.
Na última sexta-feira (15), chegou ao catálogo da Netflix a série The Umbrella Academy, que adapta as HQs de mesmo nome que foram escritas por Gerard Way e desenhadas pelo brasileiro Gabriel Bá.
Depois de ter cancelado grande parte de suas séries super-heroicas em parceria com a Marvel, a Netflix investe em mais uma produção do gênero, mas será que ela se sai bem em adaptar uma história pouco conhecida pelo público mainstream? Descubra em nossa crítica SEM SPOILERS.
Créditos: Divulgação
The Umbrella Academy narra a história de sete crianças dotadas de poderes especiais que nasceram de forma incomum e, após seu nascimento, foram adotadas por um bilionário excêntrico chamado Sir. Reginald Hargreeves (Colm Feore).
Conforme vão crescendo, as crianças são treinadas por Reginald e por seus empregados, o macaco super inteligente chamado Pogo (Adam Godley) e uma androide na qual as crianças chamam de mãe (Jordan Claire Robbins), para se tornarem super-heróis, participando de missões arriscadas e crescendo sem amor, algo que resulta em um crescimento traumático e distópico, que traz consequências graves para a equipe no futuro.
Anos mais tarde, Reginald morre inesperadamente, o que faz com que a equipe, que se separou há muito tempo, se reúna novamente para prestar as últimas homenagens ao pai adotivo.
Antes do encontro, somos brevemente apresentados ao grupo, que no presente, tentam seguir com suas vidas apesar dos traumas que carregam do passado. Luther/Número 1 (Tom Hopper), vive isolado na Lua há quatro anos, fazendo pesquisas a mando de seu pai. Diego/Número 2 (David Castañeda), se tornou um vigilante e utiliza suas habilidades para deter vilões na cidade. Alisson/Número 3 (Emmy Raver-Lampman), é uma famosa estrela de cinema cuja vida pessoal está um caos por conta de seus poderes. Klaus/Número 4 (Robert Sheehan) ainda não sabe como controlar suas habilidades e se tornou um viciado em álcool e entorpecentes como uma maneira de tentar apaziguar seus demônios interiores. Número 5 (Aidan Gallagher), desapareceu misteriosamente quando tinha 13 anos, ao tentar usar suas habilidades para viajar no tempo. Ben/Número 6 (Justin H. Min), morreu tragicamente em uma missão, mas isso não significa que ele não tenha importância para a série. Por fim, chegamos à Vanya/Número 7 (Ellen Page), que apesar de ser uma habilidosa violinista, afirma não ter nenhuma habilidade e cresceu à margem de seus irmãos e irmã superpoderosos.
Assim, a família se reúne e, a partir daí, começa a trama de super-heróis distópicos que mostram uma espécie de análise às crianças consideradas prodígio através da fantasia dos quadrinhos.
Como esperado, a série faz algumas alterações em relação ao material-base, contudo, devemos dizer que elas se fazem necessárias e até melhoram algumas coisas. Por ser a única da equipe sem poderes, a série se foca bastante em Vanya, que tenta expor sua ótica de como foi crescer sendo subjugada por todos de sua família e acreditando que não tinha nada de especial para oferecer ao mundo.
Em meio à cerimônia de despedida do pai, Número 5 misteriosamente retorna de sua viagem no tempo, deixando todos perplexos e afirmando que o mundo está prestes a acabar, cabendo a eles impedir que isso aconteça.
Depois de tanto tempo, a equipe não possui mais o suficiente para trabalharem juntos e vemos o quanto eles ainda repudiam suas vidas passadas, fazendo o possível para esquecê-la. Ao longo da série, vemos o quão insensível Reginald foi, tratando as crianças apenas como ratos de laboratório e um “objeto que ele comprou”.
Para impedir que a equipe altere o curso da história, surgem dois assassinos misteriosos chamados Hazel (Cameron Britton) e Cha-Cha (Mary J. Blige), que estão à procura do Número 5 para matá-lo. Posteriormente, é revelado que os agentes fazem parte de uma agência chamada A Organização, responsável por cuidar dos eventos do espaço-tempo e impedir que alterações sejam feitas.
Embora eles se mostrem como assassinos mortais no início, ao longo da série, a dupla acaba servindo mais como um alívio cômico, o que é meio previsível, porém você acaba criando empatia por eles e aceitando essa previsibilidade.
Ao falar sobre o roteiro da série, devo dizer que a produção praticamente não se arrisca e usa uma fórmula bem batida para a narrativa, contando com elementos nos quais você consegue adivinhar facilmente o que irá acontecer e imaginar o desfecho da trama antes que ele aconteça.
Isso poderia ter sido evitado se a série explorasse mais os recursos que tinha em mão e fugisse um pouco do material original, contudo, é compreensível que eles não alteraram muita coisa, afinal, essa ainda é uma adaptação e precisa se manter minimamente fiel à HQ.
No quesito adaptação, devemos dizer que a série se sai muito bem, mesmo com alguns furos de roteiro e eventos que precisavam de um pouco mais de polimento. Mas todos esses erros narrativos são compensados por personagens bem-escritos e, mais importante, extremamente bem interpretados.
O destaques principais ficam por conta de Klaus e Número 5, que cada vez que aparecem, roubam a cena. Enquanto Klaus interpreta o viciado afetado que faz de tudo para conseguir drogas até o momento em que vê a necessidade de ficar sóbrio, Número 5 é o excêntrico velho preso no corpo de um garoto e a atuação de Aidan Gallagher é excepcional.
Apesar de interpretar uma das personagens principais, Ellen Page entrega uma das atuações mais fracas da série, tendo expressões monótonas e entediantes, além de integrar um relacionamento amoroso que não convence ninguém, mas isso talvez não seja culpa da atriz.
Ao falarmos sobre a parte visual, devemos parabenizar todos os envolvidos na produção, já que ela é incrível! Além de tratamentos de cores e enquadramentos impecáveis, toda a parte cenográfica está espetacular, realmente nos imergindo na atmosfera da trama.
Outro destaque fica para os efeitos especiais, que surpreendem pela qualidade. Pogo, é extremamente realista e digno de ser comparado aos filmes da franquia Planeta dos Macacos. As coreografias de luta também são bem marcadas e realistas, o que é mais um ponto positivo para a produção.
A trilha sonora é um show à parte, nota-se que a produção realmente se empenhou nisso e quis criar sequências que se parecessem videoclipes, o que funciona muito bem para a série.
Os momentos musicais são extremamente divertidos e empolgantes, sem contar o catálogo invejável, que conta com melodias que vão desde Queen até O Fantasma da Ópera. As músicas ajudam a dar uma animada em alguns momentos que podem parecer um pouco tediosos, já que é difícil manter a barra de ação alta durante as dez horas da primeira temporada.
Mesmo com algumas falhas, The Umbrella Academy se mostra uma adaptação extremamente promissora e divertida, que apesar de previsível, conta com um ótimo elenco e momentos memoráveis.
A segunda temporada da série promete ser ainda mais divertida, contudo, temos que ressaltar que talvez eles não consigam manter a mesma atmosfera e sinergia da primeira temporada, mas isso é uma preocupação para o futuro. Se estiver buscando uma série leve e divertida, não deixe de assistir The Umbrella Academy, você acabará se apaixonando pelos personagens e suas histórias.
NOTA: 4/5