[CRÍTICA] Super Smash Bros. Ultimate – Bota Ultimate nisso!

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[CRÍTICA] Super Smash Bros. Ultimate – Bota Ultimate nisso!

Por Lucas Rafael

A filosofia de todos os jogos Smash Bros. é uma de grande valor para o criador e desenvolvedor da franquia, Masahiro Sakurai: ele quer que você se divirta. Mas ele também quer algo compensador de se masterizar. Smash Bros., após Melee, adotava com clamor tal filosofia – dá pra brincar e se divertir, mas se você quiser estar entre os melhores, o buraco é bem mais embaixo.

A franquia sempre foi conhecida pela sua proposta lúdica de ser quase como uma caixa de brinquedos (o primeiro título brincava muito com esse conceito) na qual diversos personagens da Nintendo (e posteriormente de outras desenvolvedoras) se digladiam em uma plataforma até que sobre apenas um de pé.

Super Smash Bros. Ultimate é o mais recente produto desta franquia titânica, e o Ultimate presente no título não está ali por bobagem. Será que Sakurai e sua equipe conseguiram preservar o espírito competitivo da franquia enquanto a introduzem para uma nova geração de consoles? 

Créditos: Nintendo

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Estão todos aqui!

São mais de 70 personagens. Depois que você libera todos, a tela de seleção parece opressiva. São muitos bonecos com estilos variados de jogabilidade e combos. Tem Mario, Yoshi, Kirby, Donkey Kong e Bowser e também tem Samus, Ridley, Link e Zelda. Tem Bayonetta, Sonic, Cloud e Pikachu e também tem Captain Falcon, muitos (sério) personagens de Fire Emblem e Pokémons. Pegaram a ideia?

Super Smash Bros. Utimate é um pacote tão denso de conteúdo que essa variedade não se resume apenas aos personagens. Cada um deles tem pelo menos uma fase no jogo e todas as fases de jogos prévios retornam com gráficos polidos e trilha-sonora respectiva.

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Os gráficos mais quadrados do N64 receberam uma releitura digna, preservando a geometria característica da época em uma versão mais polida e repaginada. Ultimate é um jogo bonito. Diversas fases estão vivas, em constante movimento, com cores pipocando na tela, criaturas se movendo e naves disparando. No meio de tantos personagens batalhando e desferindo poderes e partículas, Smash Bros. Ultimate consegue gerar um belíssimo caos visual. Só cuidado para não perder o seu boneco de vista.

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Uma carta de amor aos video games.

São personagens icônicos batalhando em arenas inspiradas em games que marcaram época ao ritmo de músicas-tema que habitam o coração dos fãs. Tudo isso está presente em peso aqui em Ultimate, tornando o título uma espécie de homenagem saudosa à história dos videogames. É, basicamente, o melhor museu interativo do mundo.

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Mãos no controle.

A jogabilidade é precisa, como deve ser em um Smash Bros.. Os comandos são responsivos e simples, mas executá-los de forma ideal para a performance de combos requer treino.

Smash Bros. é intenso. É uma das cenas de e-sports mais absurdas que você vai encontrar por aí. Na superfície, você se diverte na sala da sua casa jogando com amigos. É Mario soltando poder em Ryu, Ganondorf descendo a lenha em King K. Rool, até sobrar só um boneco ou uma dupla.

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Ultimate preserva a maioria das minúcias que você precisa masterizar no gameplay para se tornar um expert. Da alternância precisa entre caminhada e corrida, uso preciso do escudo para parry e os famosos spot dodges que te tornam invencível por um frame. Eu mal posso esperar pra cena competitiva se desenrolar, sendo inúmeras possibilidades em inúmeros personagens. Finalmente temos mais um Smash Bros. entre nós e o mundo é belo novamente.

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Aos navegantes de primeira viagem.

Se você é novo por aqui, Smash Bros. Ultimate vai tentar segurar sua mão e te apresentar algumas especificidades do jogo. São muitos personagens com estilos variados, e o jogo faz bem em te forçar a começar com o Kirby no modo campanha. É um personagem forte, com múltiplos pulos para retornar à arena com facilidade caso você caia e de golpes simples porém efetivos. Se você é alien a Smash Bros., praticar com a bolinha rosa pode ser uma boa para você se aclimatar com a ideia geral do jogo.

Depois disso, é questão de ir testando a vasta paleta de personagens e ver aquilo que melhor se adequa ao seu estilo de gameplay. Sejam os personagens com espadas, os que desferem projéteis, aqueles que combinam ambas as jogabilidades ou até os mais “esquisitos”, como Ice Climbers ou WiiFit Trainer.

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Muitos, muitos modos.

Super Smash Bros. Ultimate quer ser seu amigo. O menu é de navegação simples e responsivo. No modo Smash, você pode definir um jogo de acordo com as regras que julgar cabíveis. Fatores como tempo, rounds, barra de stamina ou porcentagem de dano, quais itens poderão estar disponíveis aos jogadores e muito mais podem ser definidos aqui, assim você consegue programar a sua partida de Smash ideal, o que é muito bacana.

Entre os inúmeros modos fornecidos pelo game, existe o treinamento para você se aclimatar com personagens, movimentos e combos; o modo Clássico que te recompensa por jogar um número de batalhas com um personagem, te colocando contra um boss no final. Existe um esquema de dificuldade interessante aqui, onde você define um trecho de um lindíssimo mural e conforme você vence as lutas, o mural avança para aumentar a dificuldade. No final, existe até um mini-game de navinha enquanto rolam os créditos.

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World of Light

Entre os modos de Ultimate, existe também uma campanha single player chamada World of Light. Começando apenas com o Kirby, você deve libertar os demais personagens que foram aprisionados pela entidade Galeem. Como? Lutando contra eles, é claro.

Para isso, você atravessa um mapa libertando “espíritos”, que são personagens da Nintendo e outras desenvolvedoras disfarçados. Cada espírito representa um estilo de jogo em Smash, como defensivo, ataque, “agarrão” e neutro. Existe um esquema pedra papel e tesoura no qual você equipa o seu personagem com o card de um espírito que vence aquele com o qual você está combatendo. Como você consegue espíritos? Vencendo-os em batalha.

Existe todo um lance de gerenciamento destes cards de espírito que realmente me surpreendeu. As batalhas desse modo single-player variam, acrescentando pitacos de desafios fora da curva como ventos fortes, o chão é lava, o seu inimigo é gigante e coisas do tipo.

Eventualmente , você libera espíritos que anulam estas condições, o que torna a coisa meio redundante.

World of Light possui alguns puzzles simples em seu mapa, diversas lutas malucas e alguns chefes que surpreendem. Mas o mérito do negócio parou por aí. São mais de 40 horas de lutinhas que eventualmente você começa a sentir. Depois de terminado este modo, é provável que você não o revisite tão cedo.

Dá pra liberar bonecos em World of Light, mas a cada 10 minutos um deles te desafia a tela do modo Smash, e você pode desbloqueá-los rapidamente por ali também.

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Online

O online de Smash Bros. é, e sempre foi, dominado por dois tipos de jogadores que contribuem para um ciclo vicioso: Tipo 1) os que não sabem o que estão fazendo e apanham brutalmente e Tipo 2) os abismalmente viciados que vão acabar com você dando gargalhadas do outro lado da tela.

Você se sente humilhado, treina, e eventualmente vira o segundo tipo de jogador. Quando dois jogadores do tipo 2 se encontram numa partida, o embate geralmente é um espetáculo de esquivas, punições por erros na postura de combate e combos de encher os olhos. Às vezes vale a pena dar um espectate nas partidas online só pra ver o desenrolar das coisas, e quando você perde cedo uma partida de quatro pessoas, assistir até o final é tudo, menos um tédio.

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Ultimate, com U maiúsculo.

É muita coisa. Existe até um modo “player de música” para você escutar seus temas favoritos, e tem como você trocar a trilha-sonora das fases por aquelas que julga ideal. Existe muita coisa para se fazer em Ultimate e no geral, elas valem o seu tempo investido, causando pequenas sensações de maravilhamento a cada nova função descoberta, modo de batalha experimentado e golpe desferido.

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Nota

Por fim, Smash Bros. Ultimate se mostra um dos jogos menos casuais da Nintendo, oferecendo uma variedade absurda de personagens, níveis, músicas e customização de fases. Existe um jogo aqui para todos se maravilharem, dos fãs mais hardcore até os recém-chegados na franquia de luta.

O jogo reúne personagens que permeiam praticamente todas as eras dos games, de Pac-Man e Duck Hunt até Bayonetta e o vindouro Joker, de Persona 5. E cada um destes personagens possuem golpes e especiais que refletem respeitosamente suas identidades e franquias, tornando o jogo uma grande celebração dos videogames e um título obrigatório para qualquer pessoa com um Nintendo Switch.

Nota: 4,5 Logos retrôs da Nintendo de 5. Viva os jogos de lutinha.