[CRÍTICA] Stranger Things 2 – Nem melhor, nem pior. Apenas mais estranho!
[CRÍTICA] Stranger Things 2 – Nem melhor, nem pior. Apenas mais estranho!
A Segunda temporada de Stranger Things, ou como está sendo chamada: Stranger Things 2, estreou nesta última sexta-feira na Netflix.
Atenção: Alerta de Spoilers!
Então vamos comentar a temporada, com alguns pequenos e mínimos spoilers.
Stranger Things foi um sucesso arrebatador para a Netflix no ano passado. Não havia uma só pessoa que pelo menos não tivesse ouvido falar da série. E, geralmente as que viam, não podiam se aguentar sem falar nas redes sociais (principalmente sobre o elenco mirim).
Assim sendo, Stranger Things se tornou uma grande novidade e uma grande surpresa para muitas pessoas. Mas e quando o fator surpresa é substituído pela ansiedade, as apostas ficam muito altas, assim como os riscos.
A segunda temporada dá uma sequência quase direta aos acontecimentos da primeira temporada, trazendo um salto temporal de um ano do grande incidente com o Demogorgon e o sumiço de Will Byers.
Se embasando em explicar alguns ganchos deixados na season finale passada, a série se entrega a uma produção um pouco mais cinematográfica, um pouco mais ambiciosa. Mas definitivamente faz isso de maneiras sutis que não causem estranhamento no público.
Uma grande diferença desta temporada para sua predecessora é que, enquanto a primeira temporada nos apresentou estes personagens e os fez passar por um problema, a segunda temporada os aprofundou enquanto desenrolava uma trama que girava ao redor deles e por causa deles.
Tivemos grandes desenvolvimentos de personagens nesta temporada, já que alguns deles acabaram sendo muito secundários na anterior. Enquanto, corajosamente, a série opta por não dar tanto protagonismo para personagens que foram mais importantes na 1ª temporada.
Falando em personagens, alguns merecem um belo destaque. O primeiro deles é Steve, que foi criado apenas como um estereotipado valentão escolar dos anos 80. E, desta vez, passou por uma bem merecida redenção, principalmente ao desenvolver uma relação de amizade com Dustin.
O segundo, definitivamente é Hopper, que nesta temporada carrega quase um cargo de personagem principal da série. Hopper desempenhou um excelente papel como figura paterna para Eleven e uma força a ser respeitada no enredo. Incrivelmente, esta temporada serviu bastante para me deixar ansioso para o novo filme do Hellboy, que será estrelado por David Harbour, ator que interpreta Hopper.
Ainda sobre os personagens, tivemos a adição de alguns novos participantes. Dignos de nota temos Billy, Kali, Bob e Max. Dos quatro, somente os dois últimos podem ser considerados uma real adição de peso. Bob traz uma leveza muito prazerosa, enquanto Max conquista à força seu lugar no grupo, tanto para seus membros, quanto para nós espectadores.
O personagem Billy, interpretado pelo Ranger Vermelho Dacre Montgomery, vem com a proposta de ser um antagonista humano, um personagem que seria característico em uma história de Stephen King mas não consegue entregar mais do que um personagem raso, que você até entende um pouco as motivações, mas não vê como ele participa ou movimenta a trama. E quanto à Kali, resta dizer que uma personagem com bastante potencial foi absurdamente desperdiçada.
Já que falamos de Kali, vamos falar de uma das poucas coisas que realmente me incomodou nesta temporada: A trama de Eleven.
Eu entendo que os produtores quiseram dar um crescimento da personagem, que não se apoiasse apenas no seu grupo de amigos. Inclusive, os Irmãos Duffer disseram que a ideia original era fazer com que Eleven só encontrasse Mike no útlimo episódio.
Mas o que me pareceu, é que afastaram a menina da trama principal, apenas porque tê-la por perto resolveria as coisas de um jeito fácil demais, o que acarretou em um sub-aproveitamento muito absurdo de uma das principais personagens da série. Ela voltou à trama principal para resolver o problema e ponto.
P.S: O episódio 7 foi um erro...
Fora isso, a temporada traz uma trama mais ”apocalíptica”. Porém, respeitando todos os elementos que fizeram da primeira temporada um sucesso tão grande.
Todo esse clima Lovecraftiano com inspirações em Stephen King permanecem presentes o tempo inteiro. Até mesmo temos menções ao Maine - lugar muito utilizado nas obras de King - em alguns momentos da série.
Temos, em vez de um monstro perseguindo os personagens nas sombras, praticamente uma invasão do Mundo Invertido. Há um exército de "demo-cachorros" orquestrado por um ser ciente apelidado de Mind Flayer, o que traz uma ameaça muito maior (começando pelo tamanho do bicho).
A trilha sonora da série permanece sendo algo de tirar o chapéu, por escolher trilhas famosas da década de 80, mas que ainda fossem extremamente pontuais com o que acontecia em tela.
Bons exemplos disso, são as músicas Runaway do Bon Jovi, Every breath You Take do The Police e o que suas letras representam nos momentos em que elas tocam.
E obviamente, esse clima oitentista é o grande destaque da série mais uma vez. Seja na ambientação, cortes de cabelo, tecnologia. Ou mesmo nas grandes referências que a série utiliza para compor sua narrativa.
Nessa temporada ficam claras referências como aos filmes Caças-Fantasmas, Conta Comigo, Warriors e O Exorcista. Misturando tudo isso em uma grande sopa de nostalgia e saudosismo, que funciona muito bem e não estamos reclamando.
No fim, a falta do fator surpresa, misturada com essa alta expectativa do público agora, jogou uma luz em cima de algumas falhas que a primeira temporada pode ter cometido e que se repetem na segunda.
Mas isso ainda não é o suficiente para tirar o brilhantismo da série, tampouco da temporada, que traz todos elementos que nos fizeram amar Stranger Things, mais uma vez para nossas telas.
Então a segunda temporada irá levar 4 Hoppers porque Nós não somos estúpidos.