[CRÍTICA] Shadow of the Colossus – O remake que não pedimos, mas que era necessário!
[CRÍTICA] Shadow of the Colossus – O remake que não pedimos, mas que era necessário!
Mesmo se você já jogou antes, Shadow of the Colossus no PS4 é uma outra experiência.
Quando a Sony anuncio que ia relançar Shadow of the Colossus, mais uma vez, agora no PS4, muita gente torceu o nariz. Afinal, estamos falando de um jogo de PS2, que já viu pelo menos outro relançamento de peso, na era do PS3.
Agora o jogo volta não apenas remasterizado, mas refeito. Um dos títulos mais aclamados da Sony, produção do lendário Fumito Ueda, parece ter sido produzido sob medida para o atual console da empresa.
Tudo roda tão bem, tudo é tão limpo, suave, sem falhas. Tudo é…
Bem, é melhor ler a análise completa e descobrir mais sobre a aventura.
Ficha Técnica
Nome: Shadow of the Colossus
Plataformas: PS4
Gênero: Ação-Aventura
Quantidade de jogadores: 1
Estúdio: Bluepoint Games
Publicadora: Sony Computer Entertainment
Data de lançamento: 6 de fevereiro de 2018
O que é Shadow of The Colossus?
Uma das grandes obras da Sony na era do PS2, Shadow of the Colossus é um jogo bem diferente do que os fãs de games de ação e aventura estão acostumados. Ele traz uma premissa básica única: não há outros inimigos além dos 16 colossi presentes ao longo da história.
Sim, é um jogo somente com “batalhas contra chefões”, e esta era uma premissa bem arriscada, quando ele foi lançado pela primeira vez, em 2005. Mas foi aí que o game designer Fumito Ueda, que já era conhecido pelo clássico ICO, pegou os fãs de surpresa, e nos presenteou com um dos títulos mais reflexivos e poéticos da história dos videogames.
Enredo
Algo que não mudou nesta versão de Shadow of the Colossus é sua história. Aliás, vamos deixar algo claro aqui, logo de princípio: absolutamente nada mudou em relação ao original, em termos de conteúdo principal. Apesar de ser um remake completo, as implementações foram apenas gráficas e técnicas – mas já chegamos neste ponto.
Sobre o enredo, ele é simples e eficaz: o jovem Wander viaja para uma terra desconhecida, e proibida, onde busca obter um poder tão grande que pode trazer de volta sua amada Mono, que faleceu recentemente, após realizar um grande sacrifício.
Chegando ao local, ele descobre que há entidades presentes nesta terra que realmente podem realizar seu desejo. Mas, para isso, ele precisa primeiro matar 16 enormes criaturas, os colossi, para roubar suas forças vitais e realizar o desejo.
O único problema é que Wander não para pensar e crê que estes gigantes são seres malignos, que atormentam esta terra. O que talvez não seja exatamente verdade…
Uma história de amor e fúria
Shadow of the Colossus fala sobre amor. O amor de Wander, que está disposto a fazer de tudo, para recuperar sua querida Mono de volta à vida. Porém, ao mesmo tempo, ele aprende que talvez não seja certo eliminar os colossi, ainda que não tenha qualquer outra opção neste cenário proibido.
Ainda assim, o game nos dá um certo prazer mórbido ao vencer cada uma das enormes figuras. Isso por conta da mistura de desafio e sensação de vitória que o jogo te passa. Ao mesmo tempo em que Wander se questiona se é correto derrubar aquelas criaturas, ao longo do enredo, o jogador sente um leve incômodo a cada uma abatida.
E este é um dos pontos cruciais que fazem de Shadow of the Colossus um dos games mais especiais lançados na linha PlayStation. Pode parecer presunçoso, mas não é apenas um jogo – há um grande sentimento envolvido. Essa é a verdade.
Como eu controlo esse moleque?
Mas é claro que, de fato, Shadow of the Colossus também é um jogo. Afinal, ele atende os pré-requisitos básicos de ter um objetivo e um elemento controlável – neste caso, Wander.
Toda a jogabilidade é em terceira pessoa e controlamos o personagem mais ou menos da mesma forma que em outros jogos deste tipo.
Os comandos podem ser um pouco confusos, de início. Como não é focado em ação, Wander não tem tantos golpes e nem é um guerreiro muito ágil. Derrubar um colosso, geralmente, envolve apenas golpear seus pontos brilhantes pelo corpo – após escalá-lo durante algum tempo – e isso não necessita de mais do que uma combinação de dois botões, além dos direcionais.
No geral, os controles funcionam muito bem e você sente o “peso” e a física que é escalar um colosso, se agarrando em seus pêlos, principalmente quando ele começa a se balançar, incomodado com a presença estranha – mas até aí, na versão PS2 também era assim.
E afinal, o que mudou?
Agora vamos ao que interessa: a versão PS4 de Shadow of the Colossus é um dos trabalhos de remake mais primorosos que já pudemos testemunhar. O estúdio Bluepoint, responsável por esta conversão, também havia feito a remasterização do jogo no PS3, mas aqui o processo foi diferente.
O Bluepoint revelou que refez o jogo do zero, sem o envolvimento direto de Ueda. Na verdade, o antigo criador apenas listou algumas melhorias que poderiam ser feitas, segundo relatos e entrevistas publicadas na web, mas todo o trabalho foi do estúdio.
E assim temos um Shadow of the Colossus feito para o PS4, e não adaptado. O que se traduz não só em gráficos mais bonitos, mas também suavidade nas cenas, sem aquela lentidão clássica que víamos no PS2, e que atrapalhava bastante.
Realmente mudou isso tudo?
Sim, o novo Shadow of the Colossus é tudo isso. Por ter sido refeita do zero, esta versão pega tudo que já era bom no original e melhora ainda mais do que o esperado.
Combater um colosso com o novo motor gráfico do jogo é algo que dá gosto de ver. Se antes o PS2 quase morria ao tentar processar tamanha criatura em movimento, e mesmo o PS3 dava lá suas engasgadas, o PS4 tira de letra e mostra tudo como deve ser – tão natural que dói.
Agro é pop Agro é tudo
Um dos grandes “personagens” de Shadow of the Colossus continua sendo Agro, a égua de Wander, nesta versão.
Assim como era no original, Agro leva Wander para todos os cantos desta terra desconhecida, já que percorrer estes caminhos a pé não é exatamente algo recomendado.
É necessário ter um tópico apenas para destacar as físicas do cavalo, que tornam este talvez a melhor representação do animal que já passou em três gerações de videogame. Agro é pesado, é teimoso em alguns momentos, soa como um cavalo e se movimenta como tal. Apesar de ser um jogo de fantasia, Shadow of the Colossus brilha quando tenta oferecer algum realismo adicional.
Então quer dizer que vou ter que gastar meus dinheiros nisso?
Olha, é sempre difícil recomendar um jogo antigo, um relançamento, principalmente se ele custa um preço “padrão” ou algo próximo disso. A coisa fica ainda pior se você já jogou as versões anteriores. Mas será mesmo?
Mesmo assim, esta reedição de Shadow of the Colossus soa como um jogo realmente novo. Parece que o game foi feito para o PS4, tamanha a melhoria técnica que ele traz ao título.
Se isso já não fosse motivo o suficiente, a trilha sonora de Kow Otani é extremamente valorizada com o jogo refeito, dando o tom épico necessário que a aventura exige.
E que tal falar sobre o modo fotografia? Muitas imagens inseridas nesta análise foram registradas com este modo ligado. Ele permite modificar cenas e mudar ângulos, para momentos épicos que você queira guardar na memória do console, ou compartilhar nas redes sociais. E esta é uma das únicas adições inéditas nesta versão.
Conclusão
Shadow of the Colossus mostra que alguns remakes são necessários, mesmo quando não pedimos por eles. O jogo original sempre sofreu na versão de PS2 e mesmo a reedição do PS3 não foi perfeita.
Com o remake lançado no PS4, podemos dizemos que demorou alguns anos – mais de 10, na verdade – mas Shadow of the Colossus é finalmente um jogo completo e bem otimizado para o hardware onde roda.
Além dos gráficos refeitos, trilha sonora valorizada, história e desafio intacto, o jogo recebeu o carinho que merece. Ainda que não tenha participado do desenvolvimento desta vez, Fumito Ueda ficaria orgulhoso.
Nota: 5 de 5 Fumitos