[CRÍTICA] Secret of Mana – Nem tão complicado demais mas não tão simples assim!
[CRÍTICA] Secret of Mana – Nem tão complicado demais mas não tão simples assim!
Quando a nostalgia corre o risco de envelhecer mal.
Secret of Mana é um dos grandes RPGs já lançados. Responsável por muitas inovações no gênero, o jogo fez fama no Ocidente por conta de sua simplicidade e aventura de visual bem carismático, ainda no Super Nintendo.
Só que temos dois possíveis problemas aí: a simplicidade que funcionava antes, pode não funcionar atualmente. O mesmo vale para o visual. O conceito de design de games mudou, então há espaço para uma nova versão do clássico, nos tempos atuais?
É o que tento responder nesta análise de Secret of Mana, o remake, lançado no PS4, PC e PS Vita. Leia a seguir!
Ficha Técnica
Nome: Secret of Mana
Plataformas: PS4, PS Vita, PC
Gênero: RPG
Quantidade de jogadores: 1 a 3
Estúdio: Square Enix
Publicadora: Square Enix
Data de lançamento: 15 de fevereiro de 2018
Uma história de relançamentos
Secret of Mana é um game que já coleciona relançamentos, mas pela primeira vez temos um remake completo e com gráficos em 3D.
Duvida? Ele foi relançado no iOS em 2010, no Android em 2014, no Virtual Console do Wii, também foi encartado no Super Nintendo Mini… E isso só no ocidente! São muitos. Mas todos tinham algo em comum: eram sempre relançamentos que emulavam o original, sem nenhuma adição significativa.
Esta nova versão já merece sua atenção por conta de tudo que foi feito e refeito.
Repaginado
Com Secret of Mana no PS4, PS Vita e PC, a Square Enix resolveu inovar e trazer o jogo totalmente refeito em 3D.
O game continua exatamente o mesmo em termos de história, cenários e desafio, mas todo o design foi refeito para ter gráficos mais, digamos, avançados. Ainda que isso não signifique “ser mais bonito”.
O Secret of Mana original tinha um visual incrível. Colorido. Design de personagens extremamente criativo. Esta repaginada não era necessária, mas o resultado ficou bem feito – ao menos isso. O maior problema é que talvez não tenha combinado tanto com o jogo?
Clássico X Moderno
Não sei se é correto afirmar que não se modifica clássicos. Muito são modificados e relançados com visuais mais modernos e eles ficam com resultados incríveis. Em Secret of Mana o resultado também ficou muito bom, mas ele causa certa estranheza.
O game continua extremamente simples, com uma pegada retrô em todos os outros aspectos. Os gráficos bonitos destoam um pouco da experiência e são um pouco “limpos demais”. Enquanto no original temos um Randi (personagem central) com volume, cores vivas e sprites que detalham seus movimentos, nesta nova versão ele parece ter ficado um pouco… pasteurizado, digamos.
Para entender melhor
Pegue, por exemplo, um jogo como Pokémon Red. Ele foi refeito na versão Pokémon FireRed, lançada muitos anos depois. Não dá para comparar diretamente com Secret of Mana, mas o ponto aqui é: o gráfico de Pokémon Red precisava de uma atualização, o original envelheceu mal.
Com isso, temos um resultado incrível em Pokémon FireRed. Ainda que não use visual em 3D, ele atualizou o jogo de forma coesa, melhorando incrivelmente o produto.
Em Secret of Mana, a atualização não era necessária, pois o primeiro apresenta um dos melhores trabalhos visuais que a Square Enix (na época Squaresoft) já fez, e isso nos causa certa estranheza.
Mas, repetindo: o visual 3D apenas passa uma impressão errada, mas não é feio. Pelo contrário, está até caprichado.
Bom, sobre a história
É o que cito em outros pontos da análise. Secret of Mana é um jogo simples, com controles simples, visual simples e eficiente, em todos os sentidos. A história também segue este ponto. O enredo é bem direto e isso é bom.
Toda a história é contada por meio do diálogo dos protagonistas e os personagens que encontram pelo caminho. O jogo tem uma breve introdução, para que você saiba onde está se metendo, e a partir daí te deixa entender por meio das conversas – uma história “autocontada”.
O enredo continua sendo um dos pontos fortes em Secret of Mana, mesmo nesta versão. Simplicidade não quer dizer que seja simplório. Às vezes, menos é mais e este jogo sabe disso.
Jogabilidade
A simplicidade também segue a jogabilidade. O jogador controla Randi, Primm ou qualquer um dos outros personagens que entram depois para seu grupo. Há um botão de ataque, outro para abrir os itens e a movimentação.
Por ter combates em tempo rela, ele não te prende a batalhas em turnos e nem muda de tela na hora de iniciar um combate. Isso é de se elogiar, além de ter sido inovador em sua época. Seguindo a cartilha do “Menos é mais”, o jogador precisa apenas administrar o tempo de seus golpes nos combates.
Aí entra uma certa complicação, pois a potência do golpe é delimitada pela porcentagem que cresce, abaixo do retrato do personagem, conforme o tempo do último ataque. Complicado? Nem tanto, mas merece atenção – e aplausos.
Pobre Hiroki Kikuta
Hiroki Kikuta é o nome do compositor da trilha sonora original de Secret of Mana. Ele é famoso por ter trabalhado em diversos RPGs de grande nome, além de títulos de outros gêneros, como SoulCalibur 5.
Bem, dá para notar que ele está acostumado com games modernos, mas ele não foi chamado para refazer a trilha sonora neste remake. O que fizeram foi pegar alguns de seus “chiptunes” originais e transformá-los em versões praticamente genéricas.
Este é um ponto negativo desta versão. A parte sonora chega a ser chata e feita às pressas. A obra original merecia um trabalho melhor.
Ainda assim, um grande jogo
Mas não se engane pelas críticas ao som ou ao gráfico pasteurizado. Sabemos que Secret of Mana continua um grande jogo e que pode ser aproveitado por fãs antigos e novos.
A aventura traz ainda outras qualidades, como pequenas referências ao original – um dos exemplos é o mapa que fica de forma constante na tela, indicando em que ponto do cenário seus personagens estão. Este mapa, curiosamente, apresenta o cenário do game em seus gráficos originais.
Conclusão
O remake de Secret of Mana é muito bom. Esta é uma chance de jogar um dos maiores clássicos de todos os tempos nos games, mas em plataformas mais modernas.
Ainda que o visual e a trilha sonora não tenham ficado tão adequados, o jogo compensa por toda a experiência de simplicidade e profundidade, ainda com uma história bem divertida de se acompanhar.
Seguindo a cartilha do “Menos é mais”, Secret of Mana ainda se mantém como um grande título de RPG, por mais que se diferencie dos mais clássicos.
Nota: 3 de 5