[CRÍTICA] Resident Evil 6 – Alice através do espelho!

Capa da Publicação

[CRÍTICA] Resident Evil 6 – Alice através do espelho!

Por Márcio Jangarélli

Atenção: Alerta de Spoilers!

6 filmes foram necessários para a franquia Resident Evil se desenrolar nos cinemas e tapar os maiores buracos de sua trajetória.

Como dito, 6 é um número de cura.

Imagem de capa do item

Ficha Técnica

Resident Evil 6 – O Capítulo Final;

Data de lançamento: 26 de janeiro de 2017 (1h 47min);

Direção: Paul W.S. Anderson;

Roteiro: Paul W.S. Anderson;

Elenco: Milla Jovovich, Ali Larter, Iain Glen. Shawn Roberts;

Gêneros: Ação, Terror;

Imagem de capa do item

Resident Evil 6 é a conclusão de tudo aquilo que começou 15 anos atrás, em uma época que o público tinha esperanças da franquia ser bem adaptada no cinema.

Posso dizer sem medo: considerando a saga da Alice como um todo, essa é uma boa finalização.

Imagem de capa do item

Já vamos adiantar, para não perder tempo depois: Sim, "O Capítulo Final" mantém a maioria daqueles erros que todos nós, corajosos, que chegamos até aqui, cansamos de ver nos outros filmes.

Munição infinita e que não molha, Alice sendo protegida pelo melhor anjo da guarda do multiverso – com uma explicação para todo o badass da heroína no final – desaparecimentos sem explicação, plots rasos, etc.

Se você assistiu 5 filmes - CINCO - dessa franquia e esperava que, justo no 6º, isso ia mudar, você se alimenta de ilusões.

Imagem de capa do item

Colocando TUDO isso de lado, dessa vez o longa começa diferente. Sim, são memórias, estamos conhecendo a Umbrella Corporation pré-T-Virus.

As motivações para a criação daquilo que seria usado como arma biológica, as posições de liderança dentro da empresa, a explicação para a Rainha Vermelha e tudo aquilo que os fãs estavam esperando desde o segundo filme; Tudo explicado.

Imagem de capa do item

Previsível? Sim. Quando o nome da filha do criador do T-Virus é Alicia, possui uma doença terminal e o vírus foi criado, a primeiro momento, para ela – além da Rainha Vermelha ter sido feita baseada na menina– já dá para ter uma ideia do grande plot twist que vai chegar.

E, como de praxe, depois temos a recapitulação da história da Alice e, enfim, escutamos Milla Jovovich anunciar que esse é o episódio final de sua jornada.

Imagem de capa do item

O filme todo pode ser resumido de uma forma bem simples: A protagonista foi enganadacomo era de se esperar – pelo Wesker, no final do quinto e está todo mundo morto, menos ela.

A Rainha Vermelha a contata e explica que era tudo um plano dos líderes da Umbrella desde o começo, avisa que existe um antivírus que, se espalhado, pode derrubar todos os zumbis e, obviamente, ele está guardado em Raccoon City. Depois de três longas longe da cidade, Alice tem que voltar para casa.

Imagem de capa do item

No meio do caminho, ela encontra Claire Redfield e um novo grupo de sobreviventes. Superando uma guerra final contra os zumbis e os lacaios do Dr. Isaacsque está vivo e aquele que morreu no terceiro era um clone (querendo ou não, faz sentido) – o grupo vai para a raiz de toda a trama: a Colmeia. Lá, encontramos todas as respostas.

Imagem de capa do item

Todo esse tempo, a coisa que mais incomodava em Resident Evil – além dos furos e erros graves de roteiro – era a própria Alice. Não sabíamos absolutamente nada sobre a personagem, além do que vimos a partir do momento que ela acorda em sua banheira, no primeiro.

Sim, meus amigos, existe uma boa explicação para isso. De tantos clones apresentados, ela não era a original. Nunca foi.

Imagem de capa do item

Ela é uma cópia da Alicia, filha do criador do T-Virus, herdeira da Umbrella, que estava congelada no fundo da Colmeia junto de todos os outros membros de alto escalão da empresa. E, como esse é o caso, a Rainha Vermelha é também um de seus espectros.

TODA a história, de 2002 até agora, foi sobre a Alice e, por mais que doa admitir, foi uma boa resposta. É satisfatória. Condiz com o que foi apresentado.

Resident Evil pode se resumir em uma jornada de um clone para encontrar sua verdadeira identidade. Alice através do espelho.

Imagem de capa do item

Com isso esclarecido, falemos da produção em si. Sem dúvidas, esse é o filme mais bem feito da franquia desde o segundo. A estética é constante, os efeitos estão no ponto – afinal, para um blockbuster de ação, esse é um assunto importante – a coreografia de batalhas está sensacional e a trilha sonora, como sempre, traz a identidade do longa.

O diretor deu um passo além em suas loucuras, com a guerra entre os zumbis, Umbrella e os sobreviventes, criando, literalmente, uma chuva de fogo no centro de Raccoon City.

Imagem de capa do item

Também, a decisão de retornar para a cidade para finalizar as coisas, depois de tanto tempo, é, novamente, previsível, mas válida. São várias cenas nostálgicas envolvendo o primeiro e o segundo filme.

Desde o buraco gigante da explosão nuclear, até a Colmeia, a volta para a sala dos lasers e, enfim, podemos ir além daquela parte do laboratório.

É quase como, em um jogo, retornar, depois de muito tempo, com a chave certa para um mapa que, antes, tinha uma porta trancada. Uma nova área para ser explorada se abre.

Imagem de capa do item

Falando na sala dos lasers, essa sequência é, disparada, uma das mais legais ali. Sim, essa bendita sala foi usada de novo e de novo nas aventuras anteriores, mas aqui tem todo um significado especial. É a verdadeira. É nela que a Alice enfrenta o “final boss” – que não poderia ser ninguém menos que o Dr. Isaacs original.

Imagem de capa do item

O pecado é quando a narrativa envolve religião, tentando transformar o Dr. Isaacs em um fanático que quer fazer sua própria Arca de Noé com gente rica.

A ideia não é bem explorada e isso se perde completamente. Pensar sobre a Umbrella e uma trama de “sanitização” do planeta é bem bacana, mas poderia ter sido melhor desenvolvida.

Imagem de capa do item

Sobre o elenco de apoio, como em qualquer outro longa da franquia, nem tem muito o que comentar. Os fãs dos games vão continuar achando um pecado a Claire ser subutilizada. O resto morre ou se revela um traidor óbvio.

Na verdade, tenho um comentário sim: a produção teve muita coragem para matar a Ruby Rose picotada no ventilador. A moça tem uma legião de fãs por aí; se você parar para ouvir bem, dá para escutar os gritinhos de dor deles ao verem a cena.

Imagem de capa do item

6 é o número da cura, da maternidade. O pecado dessa saga é seu título, quando, se usasse qualquer outro nome ou inspiração, se passaria por um bom "filme de ação cheio de erros", como vários no mercado.

6 filmes não foram o bastante para expurgar o erro, porém, no fim, para uma franquia tão criticada, o sexto foi o antivírus nos minutos finais da humanidade.

6 filmes foram o necessário para conhecermos, enfim, a história completa da Alice, ou Alicia, que, querendo ou não, foi uma das mulheres mais fodas do cinema nesses últimos 15 anos.

O pedido fica: não estendam mais, está bom até aqui. Que a protagonista encontrando seu reflexo verdadeiro se mantenha como um fim digno e essa saga não retorne dos mortos.