[Crítica] Rei Arthur: A Lenda da Espada – Era melhor Excalibur ter continuado na pedra!

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[Crítica] Rei Arthur: A Lenda da Espada – Era melhor Excalibur ter continuado na pedra!

Por Chris Rantin

A nova versão desse clássico é apresentada pelo diretor Guy Ritchie, que almeja recontar a origem de um dos Reis mais conhecidos da ficção. O filme tinha tudo para dar certo, mas infelizmente o resultado final deixa muito a desejar.

 

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Ficha Técnica

Arthur (Charlie Hunnam) é um jovem das ruas que controla os becos de Londonium e desconhece sua predestinação até o momento em que entra em contato pela primeira vez com a Excalibur. Desafiado pela espada, ele precisa tomar decisões difíceis, enfrentar seus demônios e aprender a dominar o poder que possui para conseguir, enfim, unir seu povo e partir para a luta contra o tirano Vortigern, que destruiu sua família.

Data de lançamento 18 de maio de 2017 I Duração: 2 horas e 06 minutos I Direção: Guy Ritchie I Elenco: Charlie Hunnam, Astrid Bergès-Frisbey, Jude Law I Gêneros Ação, Aventura, Fantasia.

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É muito raro encontrar alguém que não conheça a lenda do Rei Arthur, o personagem épico que ascende ao trono depois de ser o único digno o bastante para retirar Excalibur da rocha. Tudo isso enquanto temos o poderoso mago Merlim, o amor de Arthur por Guinevere - que, por sua vez, também amava o cavaleiro Lancelot. Mas eis um fato chocante: Essa não é a trama Rei Arthur: A Lenda da Espada.

Na tentativa de deixar a trama mais moderna, algumas escolhas duvidosas foram feitas por Guy Ritchie e sua equipe, como por exemplo mudar quase que inteiramente a lenda que todos conhecemos. Existem várias versões para um mesmo mito, mas nenhuma delas é minimamente parecida com o que vimos no filme. O resultado disso é que, fora a Excalibur, tudo é diferente do que esperávamos e isso não funciona de maneira positiva.

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O plano do filme é transformar Arthur, sempre nobre, em um malandro de língua rápida e pensamento ligeiro, nascido em berço nobre mas criado em um bordel. A mudança na origem do herói em nada atrapalharia o resultado final, já que poderia ser trabalhada de uma maneira inteligente para transformá-lo em um “herói do povo”. Mas esse é o problema, Arthur não é um herói.

É claro que ele se importa com seus amigos e com as mulheres que o criaram, mas, no fim do dia, tudo que ele quer é encher seus baús com ouro enquanto ignora a tirania do Rei Vortigern. Nada nobre para um rei que, na maioria das histórias, era conhecido por sua coragem, nobreza e justiça.

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Nessa tentativa de modernizar a história - e Arthur - Guy Ritchie cria uma narrativa que abusa de flashbacks, até mesmo para cenas que foram exibidas dois minutos atrás. Chega um momento em que você simplesmente não se importa mais com o grande trauma de infância de Arthur justamente pelo fato de que os mesmos fragmentos desse flashback surgem na tela a cada dez minutos.

Mas essa não é a parte mais irritante. A maneira como as cenas são cortadas, visando deixar a história mais fluída e rápida resultam em uma narrativa desestimulante e confusa. Diversas cenas que seriam um ótimo momento de ação e aventura - como sua jornada na ilha - são desperdiçadas por causa do recurso irritante que é misturar tempos, quebrando totalmente o ritmo do que deveria ser excitante e interessante.

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Outro problema do filme é a falta de explicações para acontecimentos importantes. Fica extremamente claro que o plano do estúdio era conseguir ter uma nova franquia, mas isso não é motivo para deixar um filme com tantas perguntas sem respostas. Como, por exemplo, quem diabos era a criatura que mais parecia uma adaptação ruim da Úrsula da Disney?

Se metade dos flashbacks ficassem de fora do filme, talvez houvesse tempo para entregar algumas respostas ou aprofundar os personagens do filme, que não são nada carismáticos, interessantes ou bem desenvolvidos.

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A prova de que todos os personagens do filme são desenvolvidos de forma superficial é o vilão. Rei Vortigern, encarnado por Jude Law no filme, deveria ser a verdadeira personificação da inveja, tirania e crueldade levando em conta o que foi necessário para que ele chegasse até seu trono, mas nem isso ele consegue ser.

Não vemos de fato outras ações do vilão que não seja esbravejar que é o rei ou resmungar com as forças do mal que seu plano não está dando certo. Nem mesmo o clima de terror e opressão que deveria reinar na cidade é bem explorado, mostrando que apesar das visitas constantes da Guarda Real, a população conseguia viver uma vida com conforto e diversão.

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O resultado disso é que todas as mortes que acontecem no filme não causam impacto algum no público ou na trama do filme. Momentos que deveriam ser épicos por mostrar tanto coragem e sacrifício como a tirania e maldade do vilão acabam sendo apenas uma cena comum. Um exemplo disso é quando entendemos qual o preço que o temível Rei Vortigern precisa pagar pelo seu poder e acompanhamos o desenrolar da cena que deveria ser chocante ou triste, mas tudo que sentimos é tédio .

O fato de que, aparentemente, todas as espadas e punhais de Camelot eram mágicas também não ajuda em nada a mostrar o peso das cenas de luta. Isso porque todas as lâminas saem tão limpas e cintilantes como estavam antes de perfurar ou dilacerar os inimigos. Não existe intensidade nas lutas.

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Para piorar a situação da falta de sangue nos combates temos lutas fracas e mal coreografadas. Os movimentos das batalhas não são fluídos ou naturais, mas sim engessados e duros, o que de nada ajuda para passar realismo ou até mesmo a sensação de que estamos vendo um filme épico.

Ainda que possa dividir opiniões, algumas cenas de luta - em especial quando Arthur é possuído pelo poder da Excalibur - parecem ter saído diretamente de um jogo de vídeo game. São momentos tão carregados de efeitos visuais que além de destoar completamente das outras cenas do filme, faz com que você se sinta no meio de uma cutscene de algum jogo do PlayStation 3.

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Nem tudo no filme é ruim, no entanto. Ainda que pouco explorado, o potencial mágico e fantástico do filme é enorme, sendo exemplo disso A Dama do Lago, as Dríades e até mesmo as criaturas de guerra, que infelizmente surgiram sem maiores explicações ou impacto na trama.

A Maga interpretada por Àstrid Bergès-Frisbey - que não teve seu nome verdadeiro revelado, assim como a maioria do elenco feminino do filme - foi um dos poucos pontos altos do filme. A atriz conseguiu passar toda a estranheza e mistério que a personagem precisava e ser a responsável, ainda que indiretamente, pelas melhores cenas como quando ela usa seus poderes pela primeira vez e perto do fim.

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Todos os erros e problemas do filme poderiam ser relevados se as cenas de ação estivessem perfeitas, ou tão grandiosas quanto o esperado de um filme épico. Mas Rei Arthur não faz isso. A quebra de ritmo constante, personagens explorados de maneira pobre e até mesmo a versão mais “moderna” da lenda só servem para causar estranheza e desconforto.

É uma pena que um elenco tão bom tenha sido desperdiçado em papéis rasos e em uma trama sem muito impacto. Olhando em retrospecto, a verdade é que era melhor Excalibur ter continuado na pedra. Talvez um filme de Art, o malandro que só quer lutar e ganhar ouro, seria mais interessante de se assistir do que a de uma lenda fajuta.

Assim, não existe outra nota possível além de uma estrela.