[CRÍTICA] Piratas do Caribe 5- Franquias mortas podem contar boas histórias?
[CRÍTICA] Piratas do Caribe 5- Franquias mortas podem contar boas histórias?
Fica até um pouco estranho falar que tem um novo Piratas do Caribe nos cinemas em pleno 2017. Depois do terceiro filme, lá em 2007, a franquia parecia – e talvez deveria ter sido – encerrada.
Em 2011, tentaram uma ressurreição, mas o resultado foi genérico e totalmente esquecível. Sério, vocês lembram de “Navegando por Águas Misteriosas”? “A Vingança de Salazar” quase ganha o mesmo destino, porém a salvadora da vez foi a nostalgia.
Imagens: Divulgação
Ficha Técnica
Data de lançamento: 25 de maio de 2017;
Direção: Joachim Rønning, Espen Sandberg;
Música: Geoff Zanelli;
Produção: Jerry Bruckheimer;
Roteiro: Jeff Nathanson
Elenco: Johnny Depp, Orlando Bloom, Javier Barden, , Kaya Scordelario, Geoffrey Rush, Brenton Thwaltes;
Qual a diferença entre esse filme e o de 2011? Além do vilão ser mais carismático, “Dead Man Tell No Tales” retoma a história da trilogia original.
Aqui, acompanhamos o filho do Will Turner, Henry Turner, em uma jornada para libertar seu pai da maldição do Holandês Voador - basicamente, é como se o quarto filme nem existisse e esse fosse “O Despertar da Força” dos Piratas. Não chega a tanto.
Falando primeiro da narrativa, é uma boa história e bem divertida. Conhecemos o Capitão Salazar, o inimigo mais antigo do Jack Sparrow até então, que foi aprisionado em uma maldição no dia em que o Jack se tornou Capitão.
Também temos o filho do Will em busca do Tridente de Poseidon para libertar seu pai e uma moça “misteriosa” - que de cara você já sabe que deve ter conexões com alguém importante - Carina Smyth, tentando finalizar uma missão deixada também por seu pai.
É óbvio o apelo para uma nova geração de fãs, é claro. Você apresenta protagonistas novos, que podem carregar mais filmes a partir daqui, com personagens recorrentes, no caso o Jack e seu bando, enquanto fecha pontas do passado, com o Will e a Elizabeth Swann.
Engraçado, porém, é que no final do longa parece que a ideia foi abandonada. Vamos chegar lá.
Os melhores momentos da produção estão com três personagens: o Salazar, interpretado por Javier Bardem, o Capitão Hector Barbossa, com Geoffrey Rush e a novata Carina Smyth, vivida por Kaya Scodelario.
Para o lado do vilão, o Salazar é tão icônico visualmente quanto o Davy Jones em “No Fim do Mundo”. É realmente legal como criaram um “pirata fantasma”, envolto em misticismo, sem esbarrar no primeiro filme.
Ele está sempre encharcado, sangrando e seu cabelo flutua pelo ar, como se estivesse eternamente submerso. O Salazar é uma tradução cinematográfica perfeita de uma dessas lendas malignas fantásticas - e a atuação foi impecável.
Capitão Barbossa está tão bom quanto foi nos outros filmes. Esse sempre foi um personagem de destaque, cinza, nunca completamente vilão - tirando em “A Maldição do Pérola Negra”, obviamente - mas sem nuances heroicas. Ele é um pirata, na melhor definição que um pirata pode receber da ficção. O Barbossa é uma das razões principais para essa não ser uma produção esquecível.
Por fim, Kaya Scodelario interpreta uma astrônoma em busca de desvendar os mistérios deixados por seu pai. Em certos momentos, ela se inclina para ser a nova versão da Elizabeth da Keira Knightley, mas consegue escapar disso - na medida do possível. É interessante introduzir a astronomia na história, principalmente para mostrar como o Barbossa sempre foi um Capitão melhor que o Jack.
Agora sobre o Jack: como está o Johnny Depp?
Sendo completamente sincero: decepcionante. Para um ator que está fazendo o mesmo personagem em quase todos os trabalhos desde o primeiro Piratas do Caribe, o Jack Sparrow aqui poderia ser muito mais, mas acaba mais do mesmo.
Não só mais do mesmo; é quase uma versão mais chata e linear do pirata. Não houve adição ou crescimento algum, é o mesmo do começo ao fim. Se compararmos com os outros filmes, ele até perdeu pedaços do que havia construído. Triste.
A única coisa que podemos ressaltar aqui são as cenas do passado do Salazar que mostram o Capitão novinho, que foi algo legal e diferente. Poderia ser uma surpresa do longa - se não tivessem entregue na promoção.
Já que entramos nos problemas, vamos mais fundo. Piratas do Caribe 5 é portador de uma doença que boa parte das produções Hollywoodianas possuem hoje em dia, mas em um nível aumentado.
O longa precisa, de novo, de novo, de novo, de novo e de novo de cenas explosivas, de muita ação, de muita comicidade, de muito muito. Ele não para um segundo para se desenvolver, é um fluxo rápido, contínuo e direto para não te deixar desviar a atenção. Isso acaba fazendo o filme parecer mais comprido do que é e mais cansativo do que deveria ser.
Pode ser uma estratégia para esconder falta de história, falta de roteiro decente ou qualquer coisa do tipo. Mas em uma narrativa que tem um lado tão fantástico como essa, não parar um tempo para explorar melhor o mundo onde a trama se passa é quase um pecado.
Mas, mesmo sendo em um nível megalomaníaco, toda essa parte “clássico-blockbuster” é bem feita. A ação é um sucesso, as piadas não são ruins e tudo aquilo que você pode esperar de um Piratas do Caribe está ali.
Um porém seria que não parece ter novidade alguma. É quase como uma fórmula, aumentada em algumas proporções, vinda dos outros filmes.
Ainda assim é um blockbuster decente.
Então, o final do filme é um mistério. Como citei lá atrás, tudo começa com um sentimento de “vamos renovar a franquia para produzir mais”, mas termina realmente com gosto de conclusão, sem um gancho.
Talvez tenha sido uma boa ideia, afinal, não sabemos se o Capitão Jack Sparrow e o mundo de Piratas do Caribe ainda é tão apelativo para o público. Existe a possibilidade de novas aventuras, mas não a necessidade - assim como no final do terceiro.
O que dá para tirar de “A Vingança de Salazar” é que, por mais que a franquia esteja morta, ela ainda pode render uma história divertida. Divertida, mas não necessária ou empolgante.
Se você acompanhou os três filmes na década passada e quer sentir um pouco de nostalgia, não é uma má pedida. Se você quer algo apenas divertido, para passar o tempo, vai na fé. Não tem nada de errado no cinema ser usado apenas como entretenimento passageiro e nada mais pretensioso. No entanto, se você espera mais que isso, não perca seu tempo nem baixando ilegalmente depois.
Pela nostalgia, pelos piratas, pelo vilão e, principalmente, pelo Capitão Barbossa e seu macaquinho Jack, Piratas do Caribe 5 fecha aqui na LH com 3/5 jackzinhos.
Não esqueça de deixar suas impressões sobre o longa nos comentários! Um copo de rum, muita música e uma boa viagem para todos!