[CRÍTICA] Patrulha do Destino (1ª Temporada) – Cubo mágico da loucura!

Capa da Publicação

[CRÍTICA] Patrulha do Destino (1ª Temporada) – Cubo mágico da loucura!

Por Gus Fiaux

Com 15 episódios, a primeira temporada de Patrulha do Destino acaba de chegar ao fim, adaptando uma das equipes mais insanas dos quadrinhos da DC Comics, e inserindo-a no universo interligado estabelecido por Titãs no DC Universe.

Com ótimos personagens, tramas bizarras e um desenvolvimento fora do convencional, a série conseguiu cativar os fãs, apesar de alguns deslizes. E aqui, você pode saber o que achamos da primeira temporada da série!

Créditos: DC Universe

Imagem de capa do item

Patrulha do Destino - Cubo mágico da loucura!

No fim do ano passado, no quarto episódio da primeira temporada de Titãs, fomos apresentados a um grupo completamente disfuncional e bizarro de super-heróis. A Patrulha do Destino é composta por figuras torturadas pelos seus próprios passados, mas unida por uma forte ligação familiar. Um ótimo teaser para a série que seria lançada a seguir.

Entretanto, as semelhanças entre a equipe apresentada em Titãs e a que conhecemos em Patrulha do Destino se limitam ao nome e aos personagens. Na série própria, o grupo liderado por Niles Caulder não podia ser mais diferente - o que quebra um pouco a ideia de um universo ligado, mas contribuiu para apresentar um ótimo ponto de partida.

Imagem de capa do item

Na trama, somos introduzidos a um grupo bem peculiar. Rita Farr é uma antiga atriz de Hollywood que, após um acidente, se "derrete" sempre que perde a calma. Larry Trainor, um piloto de testes, acaba mesclado com um ser alienígena e tem seu corpo totalmente desfigurado, tornando-se o Homem-Negativo.

Cliff Steele era um piloto de corridas, e após um acidente automobilístico, apenas seu cérebro sobrevive, sendo transplantado para um corpo metálico. E temos também Crazy Jane, uma mulher com várias personalidades (cada qual com habilidades poderosas). Posteriormente, a equipe também se junta ao Ciborgue, herói que dispensa apresentações.

Imagem de capa do item

O que os une, na trama, é Niles Caulder, o cientista que cuidou deles ao longo de todos esses anos. Mais do que um líder, o "Chefe" é uma figura que possui seus próprios segredos e motivações - motivo pelo qual é, desde o começo, sequestrado pelo vilanesco e bizarro Senhor Ninguém, um personagem cuja principal motivação é não ter sentido.

Em seus personagens, Patrulha do Destino encontra sua maior força. Todos são atormentados por eventos trágicos do passado e decisões erradas, e são forçados a lidar com a dor e a culpa diariamente, Eles, mais do que qualquer coisa, são o cerne da série, e apesar de seus poderes sobre-humanos, se mostram como figuras extremamente relacionáveis com o público.

Imagem de capa do item

E nada disso seria possível sem um ótimo elenco. Timothy Dalton brilha no papel de Caulder, fornecendo uma série de nuances interpretativas - diferente de Bruno Bichir, que viveu o personagem em Titãs. Matt Bomer convence com o ar soturno e solitário do Homem-Negativo. Já Brendan Fraser, apesar de mal aparecer, manda muito bem como Homem-Robô.

Porém, o grande destaque da temporada realmente vai para April Bowlby no papel de Rita Farr. A atriz possui um charme que de fato remete ao período dourado de Hollywood, enquanto também sabe trabalhar muito bem as camadas cômicas e dramáticas de sua personagem. No fim, é a Mulher-Elástica que possui o melhor desenvolvimento dentro da equipe.

Imagem de capa do item

Diane Guerrero, por sua vez, consegue transmitir bem as várias personalidades que residem em Crazy Jane. Ela possui a trama mais tocante da temporada, e o episódio dedicado exclusivamente à sua psiquê é um dos pontos altos. É uma pena, no entanto, que só uma de suas facetas seja bem explorada - a boca-suja Hammerhead, que é de longe a menos interessante das personalidades.

Por outro lado, Joivan Wade é quem mais sofre na hora de compor seu Ciborgue. Talvez, por problemas de roteiro, o personagem é sempre um mala, e quando assume a postura de "líder" da equipe, torna-se mais insuportável ainda. Apesar de uma história cativante, falta carisma ao ator.

Imagem de capa do item

Agora, com um elenco tão peculiar de personagens, Patrulha do Destino obviamente tem uma narrativa totalmente fora do convencional. A trama evolui de modo inconstante, o que se torna um aspecto positivo e negativo, dependendo do ponto de vista. O começo, por exemplo, é completamente atribulado, devido a vários episódios desconexos e um excesso de fillers.

No entanto, em sua metade final, a série ganha força ao explorar melhor o arco de cada um de seus protagonistas. Se, no começo, eles são jogados de lado e sofrem constantemente com os mesmos problemas, no fim eles começam a perceber, a partir de seus próprios erros, o que precisam fazer para ter sucesso em sua jornada por Niles Caulder.

Imagem de capa do item

Ainda assim, não há como perdoar a finale - que, após uma construção tão grandiosa, acaba sendo um episódio apressado, com um fim vergonhoso que mais parece um gancho para um próximo capítulo do que para uma próxima temporada. Teria sido muito melhor encerrar a temporada no penúltimo episódio, que acaba de uma forma bem mais impactante.

No entanto, não é uma série cujos defeitos superem os acertos (apesar de ficar comprovado a incapacidade do DC Universe de dar um encerramento propício para suas séries, como já havia sido premeditado por Titãs). E, felizmente, com a final, temos a possibilidade de vermos mais do Senhor Ninguém de Alan Tudyk, um dos grandes destaques da temporada.

Imagem de capa do item

Em termos técnicos, a série é pontuada por altos e baixos. Se a fotografia e o trabalho sonoro são destaques positivos, o mesmo não pode ser dito sobre o departamento de efeitos visuais. O episódio-piloto, por exemplo, conta com uma cena de ação tão poluída visualmente que muitos acabaram deixando a série de lado - embora não devessem.

Dessa forma, a série compensa sempre que prefere usar efeitos mais práticos. O Homem-Robô que o diga. Construído totalmente pelo design de produção, é um dos personagens mais bem-polidos da série. Aliás, palmas para o departamento de figurino, que conseguiu compor ótimos visuais para os personagens.

Imagem de capa do item

O mais divertido de Patrulha do Destino, no entanto, é a forma como estabelece, através de diversos easter-eggs e conexões escondidas, muitas tramas e elementos que poderiam ganhar destaque em temporadas posteriores ou até mesmo outras séries do DC Universe. Talvez seja a série que melhor nos apresenta, em seu ano inicial, elementos da DC Comics.

Ainda assim, nada parece ser jogado e estabelecido como um fan service pelo fan service, como é comum, por exemplo, nas séries do CW. Em vez disso, cada surpresa escondida funciona como uma pista que se encaixa dentro da trama - e assim, temos a presença de figuras como Flex Mentallo, Dorothy Spinner, Willoughby Kipling e até mesmo a Rua Danny.

Imagem de capa do item

Em seu primeiro ano, Patrulha do Destino quase alcança um patamar de grandeza, mas acaba não chegando ao topo por conta de vários deslizes, sejam de narrativa ou técnicos. Ainda assim, a série estabelece um potencial incrível nas costas de seus protagonistas, que são figuras que definitivamente queremos ver mais vezes.

E apesar de uma season finale nada instigante, estamos mais do que interessados em uma segunda temporada que possa explorar mais da dinâmica "louca" da série, que se desenvolve como um cubo mágico esperando para ter todos os seus lados resolvidos e revelados. Uma boa série, que se tiver as correções certas em seu segundo ano, pode ser excelente!

NOTA: 3,5/5