[CRÍTICA] Operação Overlord – Os horrores da guerra!
[CRÍTICA] Operação Overlord – Os horrores da guerra!
A Segunda Guerra Mundial acaba de ficar ainda mais assustadora!
Produzido por J.J. Abrams e atualmente em cartaz nos cinemas, Operação Overlord é o mais novo filme de horror com zumbis. No entanto, ele subverte as expectativas ao inserir os monstros dentro do contexto da Segunda Guerra Mundial… e consegue causar arrepios com isso!
Créditos: Paramount Pictures
Ficha Técnica
Título: Operação Overlord (Overlord)
Ano: 2018
Data de lançamento: 8 de novembro
Direção: Julius Avery
Classificação: 16 anos
Duração: 99 minutos
Sinopse: Um pequeno esquadrão de soldados americanos encontram o horror por trás das linhas inimigas na véspera do Dia D.
Operação Overlord - Os horrores da guerra!
Há algo de muito interessante - e, ao mesmo tempo, arriscado - quando um filme consegue mesclar um gênero completamente diferente ao drama histórico. Especialmente quando esse drama envolve eventos tão importantes da humanidade, como é o caso da Segunda Guerra Mundial. Por sorte, Operação Overlord cumpre muito bem esse papel.
O longa de horror é produzido por J.J. Abrams, e durante muito tempo, acreditava-se que fazia parte da série Cloverfield, até isso ser desmentido pelo produtor. Com Julius Avery na direção, o filme consegue ser, ao mesmo tempo, engraçado, dramático e extremamente assustador, trazendo os zumbis para o cerne do maior conflito da história humana.
A história se inicia com um pequeno esquadrão se aproximando, de avião, em uma cidade francesa. Esses soldados americanos precisariam derrubar uma torre de monitoramento, facilitando a invasão das demais tropas na praia da Normandia, durante o evento que ficou mundialmente conhecido como Dia D.
Após a morte de vários integrantes do grupo, em um ataque devastador, nós acompanhamos alguns soldados que se encontram e conseguem se infiltrar no vilarejo onde a torre é localizada. Lá, eles descobrem uma armação macabra, que envolve experimentos completamente anti-éticos envolvendo cadáveres. E assim começa o terror.
Em seu elenco, Operação Overlord possui nomes relativamente desconhecidos, mas que conseguem passar bem a carga de stress da guerra. Jovan Adepo assume o papel do protagonista Boyce, enquanto Wyatt Russell é Ford, um soldado mais marrento e misterioso que está disposto a cruzar alguns limites morais.
Contudo, quem realmente se destaca aqui é Mathilde Ollivier, que interpreta Chloe, uma habitante do vilarejo que precisa defender sua família. Ela não possui um papel muito desenvolvido, mas sua atuação pontua cada característica da personagem de uma forma muito singela. Quem também está ótimo é Pilou Asbæk, que interpreta um capitão nazista.
O grande mérito de Operação Overlord - e o motivo pelo qual a mescla de gêneros funciona tão bem - é não começar a jogar o terror apenas quando os mortos-vivos aparecem. O filme consegue ser bem consciente na hora de mostrar que a guerra, como um todo, é uma fonte de horror e de desespero, de modo que os zumbis são apenas um complemento.
O segundo ato do longa, quando conhecemos o laboratório de experimentos dos nazistas, é digno de pesadelos. Quem conhece a história da guerra, sabe que cientistas alemães realmente fizeram testes hediondos com seres humanos - e isso cria uma espécie de "quebra da irrealidade", já que podemos acreditar que os experimentos com cadáveres realmente existiram.
Contudo, não espere nada parecido com Zumbis na Neve, o divertido horror-comédia de 2009, que também trazia zumbis na Segunda Guerra Mundial. Aqui, a participação dos mortos-vivos é bem pequena, o que de certa forma pode ser decepcionante, mas acaba sendo um mérito por concentrar todo o horror em poucos personagens.
O filme cria, de fato, um grande antagonista que consegue passar um senso de maldade incontrolável, que funciona por sua estética nojenta. Ao mesmo tempo, temos alguns outros zumbis "menores" ao longo da trama. Há uma sequência envolvendo um deles e Chloe, que pode te deixar com o coração palpitando, pelo nível de tensão.
A direção de Julius Avery é certeira nesse quesito. Tendo feito o longa de guerra Sangue Jovem, em 2014, sabemos que ele é familiarizado com o terror das trincheiras, mas aqui ele sabe incorporar elementos diversos que tornam o filme mais fluido e menos melodramático que sua obra anterior. É uma nítida evolução de cineasta.
O comando do filme está muito bem conduzido. A montagem funciona muito bem, até nas horas em que o esquadrão é dividido em diferentes "núcleos", para que cada personagem possa realizar suas próprias missões. Outro trabalho digno de elogios é a direção de arte, que consegue compor de forma assustadora o laboratório dos experimentos nazistas.
Contudo, precisamos elogiar duas categorias técnicas que estão visivelmente impressionantes. A primeira delas é a fotografia. O filme tem um visual incrivelmente bonito, que acaba ganhando uma espécie de "filtro histórico". Ele não tenta emular o cinema da década de 40, mas podemos perceber um escurecimento da imagem, que torna o filme bem mais denso.
Além disso, a trilha sonora e o trabalho de som merecem aplausos. Se, por um lado, a música de Jed Kurzel é monumental, assustadora e atmosférica, a mixagem e edição de som tornam tudo mais visceral e realista. Cada tiro é sentido, seja por seu impacto visual ou pela explosão sonora. Overlord é, basicamente, uma experiência vívida.
Outro ponto interessante é que o filme reconhece seu lugar como longa de terror, e diferente de várias outras franquias por aí, ele sabe que não precisa de continuação. O filme funciona fechadinho por si só, e em nenhum momento estabelece uma abertura para um segundo longa. Contudo, até Um Lugar Silencioso era assim e teve sequência anunciada.
De forma geral, o filme merece ser visto, tanto por quem curte dramas históricos - ou filmes de guerra - quanto por quem adora ver uns zumbis correndo atrás de cérebros. A diferença é que, diferente de boa parte do gênero em que está inserido, Operação Overlord está longe de pender para o trash ou o caricato.
Com uma direção bem certeira e um elenco de primeira linha - ainda que não tenha rostos muito conhecidos, tirando talvez Pilou Asbæk, de Game of Thrones e Iain de Caestecker, de Agentes da S.H.I.E.L.D., o longa aposta no horror em dois frontes de batalha. E em ambos, ele cria tensão e um senso de pavor contínuo.
Em Operação Overlord, vemos um filme que se propõe a algo simples e, ao mesmo tempo, complexo. O resultado é um excelente filme de zumbis, que pode ser lembrado por muitos anos - ainda que fique preso a um nicho mais "independente". É uma excelente pedida para quem gosta do clima denso da Segunda Guerra Mundial... mas que também gosta de ver carne humana sendo estraçalhada e devorada.
NOTA: 5/5