[CRÍTICA] O Rei do Show – Um Show de Horrores ou O Maior Espetáculo da Terra?
[CRÍTICA] O Rei do Show – Um Show de Horrores ou O Maior Espetáculo da Terra?
O Rei do Show é a cinebiografia de P.T. Barnum, o homem que reinventou o entretenimento… ou como é dito no filme: criou o Show Business!
O musical vem sendo produzido desde 2009 e conta com um elenco recheado de estrelas como Hugh Jackman, Michelle Williams, Rebecca Ferguson, Zac Efron, Zendaya e muito mais.
Confira nossa crítica Sem Spoilers!
Imagens: Divulgação
Ficha Técnica
Título: O Rei do Show (The Greatest Showman)
Ano: 2017
Lançamento: 28 de Dezembro de 2017 (Brasil)
Direção: Michael Gracey
Classificação: 12 anos
Duração: 96 minutos
Sinopse: O filme conta a história de P. T. Barnum, um showman que tem uma tendência natural de enganar seu público e decide montar um circo na esperança de ficar famoso. Durante sua saga há ainda uma importante questão pendente em sua vida, uma paixão cega pela cantora Jenny Lind.
O Maior Espetáculo da Terra.
Foi assim que o próprio P.T. Barnum intitulou sua principal apresentação, que esteve em cartaz no Ringling Bros. and Barnum & Bailey Circus até maio deste ano, quando a companhia foi fechada.
Depois de algumas incursões em diferentes gêneros, como nos filmes dos X-Men, Australia e até mesmo Van Helsing, Hugh Jackman retorna aos musicais.
O Rei do Show foi anunciado em 2009 e sua produção esteve envolta em diversos problemas, já que os estúdios não estavam tão certos em apostar suas fichas em um musical.
Mesmo assim, oito anos depois do anúncio, o filme finalmente chegou às telonas... Valeu a pena esperar?
O jovem Phineas Barnum cresceu apaixonado por Charity Hallett, filha de um rico empresário para quem seu pai trabalhava.
Sempre humilhado e vendo a vida de seu pai esvair-se em vão, Phineas decide conquistar o amor de Charity e dar a ela e seus filhos a vida que ele sempre sonhou.
Mas sua ambição acaba se tornando sua principal inimiga e chega um momento em que as aspirações de Barnum não lhe deixam ver o que realmente é importante em sua vida.
A narrativa de O Rei do Show é contada de uma maneira diferente do comum.
A ideia é acompanhar a história do ponto de vista do próprio P.T. Barnum e destacar momentos que ajudaram a construir a imagem do artista.
No entanto, isso deixa algumas situações corridas demais.
Obviamente, o foco é contar a história, mas alguns fatos são apresentados como se fossem importantes para a trama e simplesmente são deixados de lado durante o filme.
O amor de Barnum por Charity e suas filhas é o coração da trama.
Os momentos compartilhados pela família são os mais belos e puros da produção.
Mesmo em meio a problemas financeiros, Barnum acredita que o show deve continuar e tenta encontrar soluções para colocar um sorriso no rosto das pessoas que ama, tudo isso com uma personalidade carismática e charmosa, quase como um mágico encantando seu público.
E é assim que vem a ideia de criar um "Circo de Aberrações"... claro que sem essa terminologia.
O filme deixa bem claro que Barnum não pretendia expor seus artistas como aberrações para o público se horrorizar ou dar risada, mas sim como uma forma de admirar o diferente e até mesmo encontrar beleza nisso.
A trupe do Circo de P.T. Barnum é sensacional.
A química entre todos os atores flui muito bem e os espetáculos fazem com que você não desgrude os olhos da tela.
Na terceira canção você já está dançando na cadeira do cinema!
O modo como Barnum recruta seus astros ajuda a construir a personalidade tanto do Showman quanto dos artistas e nós realmente conseguimos sentir que ali está se formando uma família.
Se você ainda não percebeu, mesmo depois de termos citado diversas vezes nessa crítica, O Rei do Show é um musical, portanto os atores cantam e dançam em diversos momentos do filme.
Precisei citar isso, pois durante a exibição do filme algumas pessoas estavam incomodadas com isso: "Eles vão ficar cantando toda hora?"
Ora... Não é isso que acontece em um musical?
Se você não é fã do gênero, esse filme não te fará mudar de ideia. Mas, para os adeptos, o cuidado com as canções é espetacular.
O elenco foi escalado pensando nas vozes antes dos rostos, portanto o resultado final é incrível.
Todas as canções são memoráveis e até mesmo as coreografias, por mais que não sejam mirabolantes, são extremamente divertidas de se assistir.
Basicamente, todo personagem principal tem uma "música tema" e muito do desenvolvimento do filme se dá através das letras das canções.
Diversos personagens se destacam ao longo da trama, mas os papeis de Zendaya e Zac Efron merecem uma menção honrosa.
Phillip Carlyle vem de uma família rica e é aclamado como um grande ator.
Já Anne Wheeler e seu irmão tentam sobreviver como trapezistas em uma sociedade que os veem apenas como serviçais.
Logicamente, os personagens acabam se apaixonando e tendo de enfrentar uma série de problemas por conta de sua paixão proibida.
A canção da dupla é uma das mais emocionantes e bem executadas, além de ser um espetáculo visual.
Infelizmente, fica a impressão de que a relação poderia ser melhor desenvolvida e as implicações também poderiam ter mais peso dentro da trama.
Um dos principais pontos criticados pela mídia internacional foi a falta de uma trama mais sólida para sustentar a história. Muitos alegaram que se trata de uma série de belos clipes desconexos com um plot raso como desculpa para ligar as músicas.
Pessoalmente, a narrativa não me incomodou. Muito pelo contrário.
Como o próprio P.T. Barnum alega durante vários momentos do filme, o público quer um espetáculo, quer assistir a um show. Não importa se o show é real ou não. Se o sorriso no final do ato é real, isso é o que vale.
Talvez, muitos críticos tenham ficado incomodados justamente com a presença de um crítico na trama.
Interpretado por Paul Sparks, James Bennett é um crítico de jornal que não vai com a cara do circo de Barnum, mas é o responsável por algumas das situações mais interessantes dentro da história.
Talvez seja isso que tenha incomodado a crítica, o fato de que o filme consegue encontrar um final feliz a cada situação desastrosa.
O fato de que P.T. Barnum sempre está com um sorriso no rosto, mesmo quando tudo parece desmoronar ao seu redor.
Mas não é essa a magia do espetáculo?
O Rei do Show pode ser inconsistente em alguns momentos, pode falhar no modo de apresentar sua narrativa e ter elementos que não se encaixem muito bem na trama, mas, certamente, te fará sair do cinema com um sorriso no rosto e o coração aquecido.
Depois disso, não há como negar que você acabou de assistir ao Maior Espetáculo da Terra.
Nota: 4/5