[CRÍTICA] A Múmia – Um recomeço sólido para um Universo Sombrio!
[CRÍTICA] A Múmia – Um recomeço sólido para um Universo Sombrio!
Com nomes de peso em seu elenco, o novo filme da Múmia veio com a missão de dar o pontapé inicial no novo Universo Sombrio da Universal.
Inspirado no filme original, estrelado por Boris Karloff em 1932 e o reboot protagonizado por Brendan Fraser em 1999, o novo filme tentou ser um misto das duas produções, mas com uma responsabilidade muito maior nas costas.
Créditos: Divulgação
Ficha Técnica
Título: A Múmia (The Mummy)
Ano: 2017
Lançamento: 8 de junho de 2017 (Brasil)
Direção: Alex Kurtzman
Classificação: 12 anos
Duração: 107 minutos
Sinopse: Na Mesopotâmia, séculos atrás, Ahmanet (Sofia Boutella) tem seus planos interrompidos justamente quando está prestes a invocar Set, o deus da morte, de forma que juntos possam governar o mundo. Mumificada, ela é aprisionada dentro de uma tumba. Nos dias atuais, o local é descoberto por acidente por Nick Morton (Tom Cruise) e Chris Vail (Jake Johnson), saqueadores de artefatos antigos que estavam na região em busca de raridades. Ao lado da pesquisadora Jenny Halsey (Annabelle Wallis), eles investigam a tumba recém-descoberta e, acidentalmente, despertam Ahmanet. Ela logo elege Nick como seu escolhido e, a partir de então, busca a adaga de Set para que possa invocá-lo no corpo do saqueador.
A Múmia - Um recomeço sólido para um Universo Sombrio!
A Múmia é o primeiro filme do novo Universo Sombrio da Universal. O projeto que teria início com Drácula: A História Nunca Contada foi adiado devido ao fracasso comercial do primeiro filme. A nova produção veio com a missão de dar um novo fôlego a esse Universo Compartilhado.
Além da Múmia, já temos filmes como O Homem Invisível, O Monstro da Lagoa Negra e A Noiva de Frankenstein confirmados. Nomes como Russell Crowe, Tom Cruise e Johnny Depp ajudam a fortalecer o elenco do Universo Sombrio.
A Universal começou apostando alto...
E parecia que todo o investimento valeria a pena logo nos primeiro minutos de filme. A cena de introdução nos apresenta o contexto da história de maneira magnífica.
Assim como aconteceu no filme de 99, a origem da Múmia se dá por uma traição, mas a narrativa consegue ser muito mais interessante que a trajetória de Ihmotep.
Os efeitos especiais, a atuação e a beleza de Sofia Boutella chamam atenção. A cena inicial é tão boa que ficamos com o sentimento de querer ver mais daquilo. Na verdade, todo um filme poderia ser desenvolvido sobre a história da Princesa Ahmanet no passado.
Mas nem tudo são flores...
Logo em seguida somos apresentados a Nick Morton e Chris Vail, uma dupla de agentes americanos que aproveita de suas missões a campo, no Iraque, para saquear sítios arqueológicos e lucrar no mercado negro.
As cenas de ação protagonizadas pela dupla são muito bem executadas, mas não oferecem nada de novo em se tratando de filmes de ação e aventura. A dinâmica entre os dois, no entanto, é bastante divertida de se ver.
Apesar de Tom Cruise, por si só, já funcionar como protagonista e alívio cômico da produção, a química entre seu personagem e o de Jake Johnson oferece um novo foco para a história, com um cuidando das costas do outro, mesmo que deixem a impressão de que não se suportam.
Vale lembrar que o filme protagonizado por Brendan Fraser tinha um tom claramente cômico e aventureiro. Então não é surpresa que a nova produção absorva alguns desses elementos em seu desenvolvimento, por mais que a promessa seja que esse Universo Sombrio tenha raízes voltadas para o horror.
E o filme flerta com o horror, em diversas ocasiões, mas a atmosfera de medo e aflição que A Múmia tinha potencial para trabalhar acaba se reduzindo a Jumpscares exagerados distribuídos ao longo do filme.
A produção se parece muito mais com uma aventura recheada de sustos gratuitos do que um filme de terror, propriamente dito. Em alguns momentos chega a incomodar o uso do artifício, já que ele se faz presente em situações óbvias.
Você sabe que alguém vai pular na câmera e um tom desafinado tocará na cena... um momento de tensão e... BLAM! Aí está, susto gratuito.
Não me levem a mal. Existem produções que conseguem fazer um uso excelente dos Jumpscares, mas aqui eles são colocados de forma exagerada, apenas para trazer a tona o tal "elemento terror".
Coisa desnecessária, já que isso poderia ser abordado de maneira diferente.
Ahmanet simplesmente rouba a cena. Tanto em sua forma humana, na excelente cena introdutória, como em sua forma decadente (pegaram a referência a Thundercats?).
O modo como a Múmia se movimenta é absolutamente assustador. Sofia Boutella incorporou em sua atuação características do horror japonês, como a movimentação travada, quase como se víssemos sua personagem "bugando" na tela.
O resultado é simplesmente sensacional. A fotografia e a maquiagem da Múmia também ajudam a construir a aura de horror em volta do monstro, bem como o modo como seus poderes são apresentados.
Sério! Eu é que não queria me encontrar com essa Múmia em um beco escuro...
O núcleo de apoio do filme é pequeno e ainda assim é descartável. Isso inclui a personagem de Annabelle Wallis que está ali simplesmente para fazer as vezes de mocinha indefesa.
Para quem jogou Resident Evil 4, pensem que Jenny Halsey consegue ser tão irritante quanto a própria Ashley... Ok, estou exagerando. Mas a arqueóloga não acrescenta em nada na trama, já que o próprio Tom Cruise consegue desvendar toda a história sozinho.
Por outro lado, Russell Crowe tem uma presença magnífica na pele do misterioso Dr Henry Jekyll. Quando Crowe entra em cena, até mesmo o carisma de Tom Cruise fica em segundo plano.
Assim como as cenas iniciais, nós queremos ver mais do Dr Henry Jekyll. O problema é que o personagem acaba se perdendo em um roteiro confuso, assim como o restante do filme.
A Múmia começa em uma ascensão surpreendente.
O filme possui grandes sequências, boas doses de humor, momentos sombrios e uma trama realmente interessante.
No entanto, parece que a história se perde em algum momento. Não sei se o fato de ter de inserir elementos para sustentar os próximos filmes acaba deixando a própria história da Múmia de lado, mas a impressão é que o próprio roteirista não sabia que rumo tomar e o filme acaba se tornando cansativo e arrastado.
As soluções também parecem preguiçosas e algumas cenas nem ao menos fazem sentido. Tudo o que você quer é que Tom Cruise saia correndo para longe dali.
Apesar de tudo, um ponto que merece menção são os easter-eggs.
O filme já plantou algumas sementes do que pode vir a ser desenvolvido nos próximos filmes e até mesmo trouxe uma referência de Drácula: A História Nunca Contada. Será que veremos Luke Evans retornando ao papel de Rei dos Vampiros ou foi apenas uma homenagem ao filme?
Fiquem de olho no laboratório do Dr Henry Jekyll. Os artefatos expostos são uma verdadeira caça ao tesouro, incluindo uma divertida homenagem ao filme de 1999.
Apesar dos pesares, A Múmia é um filme divertido. Dá pra encarar como uma produção ao estilo Sessão da Tarde.
Não é uma história memorável que vai te fazer refletir ou querer voltar aos cinemas diversas vezes, mas cumpre o papel de entreter e, certamente, construiu algumas boas bases para o Universo Sombrio da Universal.
Mas será que os próximos filmes conseguirão se sustentar nisso?
De qualquer forma, A Múmia leva 3 zumbis por conseguir cumprir sua missão. Vá ao cinema sem expectativas, prepare-se para levar alguns sustos e dar boas risadas.
Ah, por que zumbis? Bom, aí você vai ter que ver o filme para descobrir ;)