[CRÍTICA] Monster Hunter: World – É Hora da Caça!
[CRÍTICA] Monster Hunter: World – É Hora da Caça!
Franquia de nicho da Capcom tenta se reinventar para um novo público sem sacrificar sua essência. Conseguiu?
Sistemas de loot são uma coisa engraçada: é algo que tenta viciar o jogador através da repetição, predando na sua esperança de conseguir os itens que deseja para melhorar seu personagem. É um tipo de mesmice que não fisga todo mundo, talvez por isso a franquia Monster Hunter sempre tenha sido algo de nicho, que cativava pela proposta da caça a criaturas enormes, porém, desanimava alguns com toda sua robusta parte teórica de aprendizado.
Conhecer algum entusiasta da franquia era como conhecer alguém em um buraco: são pessoas que sabem demais daquele universo, não somente dos monstros, mas também de suas mecânicas, armas, exploits e muito mais – um conhecimento lógico, refinado através de horas de jogatina caçando monstros gigantes com afinco. É dedicação pra caramba. Mas Monster Hunter: World é uma nova incursão para a franquia da Capcom, chegando na geração atual de consoles e prometendo uma experiência palatável para os recém-chegados, sem frustrar os veteranos. Será que o jogo cumpre a missão?
Mate Monstros, Ganhe equipamento
A franquia Monster Hunter sempre operou com base em um sistema de loot, ou seja, rudimentarmente falando, você caça monstros para pegar suas partes e conseguir equipamentos melhores para o seu personagem. O detalhe divertido é se unir com amigos no online que também buscam novos ornamentos para seus personagens, fazendo com que role uma cooperação no abate das criaturonas.
Esse conceito original ainda é o centro em Monster Hunter: Word, porém, a franquia teve que se adaptar para um público maior de jogadores com sua chegada nesta geração atual de consoles e jogos. O que mudou?
O novo Mundo
Para começar, uma abordagem mais cinematográfica é dada para a história e mitologia daquele universo - algo que não recebia lá muita atenção em títulos passados da franquia. Aqui temos cenas cinemáticas e todo um contexto mais profundo para as caças das criaturas e tudo mais, o que é legal para quem precisa de uma história para motivar o progresso.
O palco das caçadas em World é o Novo Mundo, uma terra inóspita e tribal, cheia de perigos selvagens que precisam ser neutralizados para que os humanos possam se assentar.
O hub do jogo é Astera, um local pelo qual o jogador vai perambular bastante, seja para forjar novos equipamentos, fazer refeições que buffam seu personagem, obter quests e toda uma miríade de possibilidades que vão se desdobrando ao decorrer da jogatina. Acredite: mesmo depois de dezenas de horas, novidades continuarão surgindo através de recompensas variadas.
Aos Navegantes de primeira Viagem.
Monster Hunter: World ainda é um jogo com uma certa profundidade, existem intricarias e mecânicas que precisam de treinamento para serem masterizadas. Embora diversos aspectos do jogo tenham sido facilitados para aconchegar um novo público, muito coisa ainda requer dedicação, treino e aprendizado.
A diferença aqui está na maneira que o jogo te ensina as coisas: são tutoriais amigáveis e sugestões amistosas de NPCs que vão te afundando cada vez mais na miríade de possibilidades que o título oferece. No entanto, nem tudo é pontuado: alguns aspectos da mecânica são mais elusivos, podendo te fazer pesquisar pela internet ou se informar através da comunidade de jogadores.
Um belo novo mundo
Monster Hunter: World conta com um mundo belíssimo, de aspecto selvagem e exótico, o qual dá gosto de desbravar. Nas andanças pelo mapa do jogo, cada local é retratado por um tipo de bioma e fauna, o que ajuda o jogador a criar um senso de variedade dentro daquela geografia.
Além disso, existe uma espécie de territorialidade entre os monstros, o que faz com que o jogador vislumbre disputas entre criaturas gigantescas que podem auxiliar na hora de sua caçada. É sempre legal assistir estes duelos: se a fluidez dos movimentos dos monstros já é hipnotizante durante as batalhas, quando eles se chocam então, é um espetáculo à parte.
Itens e Variedade
Os monstros chegam em quantidade reduzida, embora exista a promessa de DLCs gratuitas (uma delas sendo o icônico Deviljho) e as 14 armas possuem visuais e variedade bem desinteressantes, pra ser sincero. Ainda que cada uma ofereça uma abordagem diferenciada de gameplay para que cada tipo de jogador consiga se adaptar.
A questão são os sets de armaduras, armas e equipamentos para o Amigato que o jogador pode craftar, algo que estimula a repetição da caçadas e a incursão no selvagem em busca de loot.
O padrão de um set, no entanto, não é necessariamente uma ordem, sendo possível misturar peças de um conjunto com outro sem problemas.
Gameplay
Monster Hunter não é uma franquia de hack'n'slash alucinada, por mais que a ideia de caçar monstrões gigantes possa sugerir isto. Não, é um RPG compassado que requer uso de estratagemas para que se possa triunfar e esta parte mais lógica pode acabar frustando jogadores que procuram por uma experiência mais direta.
O gameplay varia de arma pra arma, sendo necessário masterizá-lo de acordo com sua favorita. Na hora do combate, é interessante telegrafar o movimento dos monstros para conquistar a vantagem: porra louquice não é uma tática muito recompensada (embora possa funcionar ocasionalmente).
Jogadores não habituados com a franquia podem estranhar bastante as mecânicas, mas tudo não passa de uma questão de costume. E depois da primeira dezena de horas o negócio vai que vai.
Multiplayer
Um dos prazeres da caça é o de se juntar com seus amigos ou outros players para uma aventura em conjunto, e World entende isso, tendo dinamizado bastante a questão do multi-jogador, permitindo que jogadores entram e saiam de quests online conforme der na telha.
Nota
Monster Hunter: World cumpre a promessa de ser mais acessível para recém-chegados enquanto mantém a essência que conquistou um público de nicho em primeiro lugar. É uma experiência a princípio simples, que convida o jogador a entender sua complexidade e masterizar suas mecânicas para que consiga obter um equipamento e recompensas cada vez melhores ao seu personagem.
A nota do jogo são 4 gato gatos-chef de 5, já que os amigatos são fofos e incríveis, além do chef-gato cozinhar pratos ideais para a sobrevivência do caçador em uma terra inóspita.
Em suma, matar monstros gigantes para conseguir roupas e armas em um ciclo vicioso continua muito divertido. E aí? Tem planos de se juntar à caçada?