[CRÍTICA] Luke Cage 2ª Temporada – Quem manda no Harlem?

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[CRÍTICA] Luke Cage 2ª Temporada – Quem manda no Harlem?

Por Mike Sant'Anna

A segunda temporada de Luke Cage está para estrear na Netflix no dia 22 de Junho, mas nós tivemos a oportunidade de ver a segunda temporada inteira com antecedência para poder te contar, sem spoilers, se a temporada vale à pena ou não.

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Estamos de volta ao Harlem… De volta às ruas, aos becos, ao caos urbano e à realidade nua e crua, mas principalmente, voltamos às pessoas que compõem este organismo vivo que é o Harlem.

E é exatamente isso que dita todo o espírito da segunda temporada de Luke Cage, a eterna pergunta de ”quem é o Harlem?”, porém uma pergunta que permanecerá sem resposta.

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A segunda temporada de Luke Cage veio com um objetivo claro, dar continuidade ao que foi construído no personagem em Defensores e ser uma temporada melhor do que a primeira. E de antemão, já posso lhe garantir que ambos objetivos foram cumpridos.

A primeira temporada de Luke Cage é considerada por muitas pessoas, uma temporada arrastada e sem ritmo, e que após a morte de Cornell, ela realmente desanda e perde muito de seu brilho. Se você é uma das pessoas que acha isso, você ficará feliz em saber que a segunda temporada da série não tem só um ritmo constante, ela tem gingado

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Uma coisa que podemos atestar com a mais total certeza, é que a série se mantém ao seu objetivo principal que possuía na primeira temporada, abordar problemas raciais e colocar a cultura negra em um holofote.

Vemos esse destaque tomando diversas formas na série, seja pela retratação da vida cotidiana de um morador negro do Harlem, seja pelas músicas que tocam durante a série - e eu entro em mais detalhes sobre a música em breve - seja pelas religiões presentes na cultura negra, desde as igrejas cristãs características da comunidade negra americana, até as religiões com raízes africanas, ou então até pela exploração de um núcleo Jamaicano de extrema importância na temporada, pelo vínculo com um dos principais vilões.

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No que se refere ao nosso herói, Luke volta melhor do que nunca para a série. O personagem abraçou o seu lado heroico, seus poderes e luta para trazer um Harlem melhor e mais seguro. Agora ele possui a confiança necessária para trazer a personalidade que Cage possui nos quadrinhos, um herói à prova de balas, mas com um pouco de Swag (por falta de uma palavra melhor).

Isso permitiu que a série conseguisse explorar falhas em Luke, como excesso de confiança e controle de raiva. Isso permitiu que tivéssemos uma cena inesperada e muito forte envolvendo Luke e Claire.

O personagem, interpretado excelentemente por Mike Colter, volta em uma evolução constante, sem enrolação e de uma forma que você simpatiza extremamente com ele.

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Mas, mais uma vez, a cereja do bolo em grandes histórias de heróis fica nos ombros de vilões excelentes. É a velha história, você quer um grande herói, lhe dê um grande vilão. Luke Cage não tem somente um grande vilão, ele tem três vilões grandes e excelentes: Mariah Dillard, Shades e Bushmaster

Mariah volta muito melhor do que na primeira temporada. Desde o primeiro episódio nós vemos que o objetivo da personagem é deixar a vida criminosa para trás, mas fazer isso da forma mais maléfica possível. Toda a trama da temporada acaba, de uma forma ou de outra, girando em torno da família Stokes, e Mariah é a grande catalisadora dessa história. A atuação de Alfre Woodard é impecável e garante uma profundidade para a personagem que não era esperada.

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Shades é outro personagem que já havia sido muito bem trabalhado na primeira temporada, e continua o bom trabalho na segunda. Ele não entrega uma constância tão grande quanto a personagem de Mariah, mas nos momentos de brilhantismo do personagem, ele é muito melhor do que esperado.

E mesmo acabando ficando um pouco atrás da personagem interpretada por Alfre, vemos uma profundidade maior, um crescimento maior na história de Shades, dando mais dimensões para o vilão.

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Agora, o novato deste ano: Bushmaster, interpretado por Mustafa Shakir, é uma pedra preciosa na série. Curiosamente, o ator Shakir era um barbeiro que cresceu no Harlem, o que pode facilmente explicar a paixão que o vilão expressa, ao contar suas motivações na temporada.

Eu sei que o que direi agora é arriscado e vai te fazer dizer um “opa, pera lá!”, mas em dadas proporções, levando em consideração verbas e produção, Bushmaster pode ser facilmente considerado o Killmonger das séries da Marvel/Netflix.

Um antagonista muito bem construído, bem interpretado, e o sotaque de Mustafar só adiciona a cereja em cima do bolo. Eu te garanto que em algum momento da série, você vai desejar que Luke e Bushmaster tivessem se conhecido em condições diferentes.

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Agora, um outro ponto muito alto da série é como finalmente, depois de muito se esperar, a série aborda Heróis de Aluguel, e isso traz tons de cinza muito bons para os vilões da série, pois em vários momentos diferentes e distintos, Luke acaba trabalhando com algum deles e mostrando um lado muito mais humano, isso faz com que não exista dois lados opostos na série, apenas pontos de vista.

Claro que se eu falo Heróis de Aluguel, você fica com a pergunta na cabeça: ”E o Punho de Ferro?” Eu posso garantir pra vocês, com toda certeza do mundo, que estar ao lado de Cage transforma Danny em um personagem muito melhor, a segunda temporada de Punho de Ferro deveria ser escrita pelos roteiristas de Luke Cage. A dicotomia dos personagens é cativante e os dois protagonizam algumas cenas de luta incríveis.

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Como eu disse anteriormente, eu iria voltar a tocar no assunto da música em Luke Cage. Mas ela é realmente algo tão importante que mereça um destaque tão grande na crítica? SIM.

Um dos pontos que as pessoas reclamaram na primeira temporada, é como depois da morte do Boca de Algodão, a série abandonou a trilha sonora em forma de bandas tocando no Harlem Paradise.

Na segunda temporada, isso se mantém do início ao fim, mas de uma maneira ainda mais poderosa. A trilha sonora da temporada é um personagem quase vivo, toda música na série está ambientada dentro dela, fazendo parte do Paradise ou não.

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Todas as histórias paralelas da temporada são interessantes, e a construção dos personagens secundários, como Misty Knight, por exemplo, são muito bem trabalhadas. O que ajuda muito a construir uma história sólida e bem embasada

No fim, como disse no início, a série tem um ritmo muito mais “gostoso” de ver do que a primeira temporada, o que tira aquela sensação de uma trama que demora para engatar, ou que se arrasta em muitos momentos. Ouso dizer que você pode até sentir vontade de maratonar a série.

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Em conclusão, a segunda temporada de Luke Cage mantém os acertos da primeira temporada, conserta os erros que ela teve, eleva o nível do jogo para patamares altíssimos, tendo o que eu considero o final de temporada mais corajoso que as séries da Marvel/Netflix já tiveram, e por muito pouco não beira a perfeição.

Não fosse por alguns momentos que - inexplicavelmente - do nada as cenas de luta causavam vergonha alheia, tanto nas coreografias quanto nos diálogos, eu com certeza daria nota máxima para a série, mas vamos ficar com o mais próximo disso e dar 4,5 para a segunda temporada de Luke Cage.