[CRÍTICA] Kingsman: O Círculo Dourado – Borboletas, cowboys e uma nova porta dos fundos!
[CRÍTICA] Kingsman: O Círculo Dourado – Borboletas, cowboys e uma nova porta dos fundos!
Matthew Vaughn surpreendeu o mundo com Kingsman: Serviço Secreto. Portanto, a expectativa para o segundo filme estava lá no alto.
Com uma hype tão elevada, corríamos o sério risco de nos decepcionar com O Círculo Dourado.
Será que diretor e elenco conseguiram se sair tão bem quanto no primeiro filme? Descubra em nossa crítica SEM SPOILERS!
Ficha Técnica
Título: Kingsman: O Círculo Dourado (Kingsman: The Golden Circle)
Ano: 2017
Lançamento: 28 de Setembro de 2017 (Brasil)
Direção: Matthew Vaughn
Classificação: 18 anos
Duração: 141 minutos
Sinopse: Kingsman - Serviço Secreto apresentou o mundo a Kingsman – uma agência internacional de inteligência operando no nível mais alto de discrição, cujo maior objetivo é manter o mundo a salvo.
Em Kingsman: O Círculo Dourado, nossos heróis enfrentam um novo desafio. Quando a sua sede é destruída e o mundo feito refém, a jornada os leva à descoberta de uma organização espiã aliada nos EUA chamada Statesman, que data de quando ambas foram fundadas.
Em uma nova aventura que testa a força dos agentes e a aptidão aos limites, essas duas organizações secretas de elite se unem para derrotar um inimigo em comum a fim de salvar o mundo... algo que está se tornando um hábito para Eggsy.
Depois de um excelente primeiro filme, Kingsman: O Círculo Dourado veio com a difícil missão de manter o nível de Serviço Secreto.
Pra dificultar ainda mais, o filme não conta com a presença dos carismáticos Valentine, de Samuel L Jackson e Gazelle, de Sofia Boutella.
E não é que mesmo assim a produção consegue surpreender?
Logicamente, gosto é gosto, mas acredito que O Círculo Dourado conseguiu elevar ainda mais o nível da franquia.
A missão deve ficar ainda mais difícil para uma possível sequência. Vamos torcer para que ela não caia na maldição do terceiro filme!
Com a traumática morte de Harry Hart, em Serviço Secreto, Eggsy se tornou o novo agente Galahad e salvar o mundo se tornou uma tarefa corriqueira em sua rotina.
É interessante ver o personagem como principal agente da Kingsman.
Logicamente, Taron Egerton já havia dividido o protagonismo com Colin Firth no primeiro filme. No entanto, aqui, vemos como o ator está confortável em retornar ao papel e carrega a produção com leveza, com Eggsy pondo em prática todas as técnicas aprendidas ao longo de seu treinamento e de suas missões em campo.
Mas o novo Galahad não sustenta o filme sozinho.
Grandes momentos da produção nos são agraciados pelos coadjuvantes. O núcleo casual da vida de Eggsy dá um show à parte.
Os personagens podem parecer deslocados em alguns momentos, mas servem como alívio cômico em diversas cenas e ajudam a mostrar como Eggsy continua tendo uma vida pessoal normal, mesmo tendo que dividir seu dia com as missões da Kinsgman.
Destaque para a cena do jantar formal no palácio sueco, que culmina em uma das cenas mais importantes para a trama.
E por falar na Suécia... A Princesa Tilde está de volta!
Depois de uma das cenas mais divertidas do primeiro filme, a belíssima Hanna Alström ganha muito mais destaque em O Círculo Dourado, sendo uma das personagens mais importantes durante a jornada de Eggsy.
O problema é que o desenvolvimento de sua personagem é muito raso.
Na verdade, a empatia pela Princesa Tilde se dá muito mais por ela estar em um relacionamento com Eggsy do que por nos importarmos com ela verdadeiramente.
Afinal de contas, o filme explora agências super-secretas e uma vilã que comanda um cartel de drogas. Sendo assim, fica difícil deixar o núcleo "comum" interessante em meio a tanta coisa fantástica.
E, de fato, é muita coisa fantástica!
Uma das principais características do filme é o fato dele estar repleto de pontos altos. Isso é uma coisa que pode preocupar muita gente.
Quando você tem um filme de terror com muitos sustos, a coisa pode se tornar banal e o próximo susto não tem tanto impacto quanto o anterior. O mesmo vale para filmes de ação cheios de explosão.
Mas Matthew Vaughn consegue equilibrar as cenas de ação com comédia e drama, e praticamente emenda um ponto alto atrás do outro.
Acreditem, são 2 horas e 21 minutos de tirar o fôlego e você nem percebe que está na beirada da poltrona até o filme terminar!
Agora, precisamos falar sobre Harry Hart.
Logicamente, não quero estragar a surpresa para ninguém, mas todos os materiais promocionais fizeram questão de estampar o retorno do Agente Galahad... O que teria muito mais impacto se tivesse sido guardado apenas para o filme.
Mesmo assim, a trama envolvendo o personagem é bem interessante, embora pudesse ter sido mais explorada.
Logicamente, seu retorno não é simples, afinal de contas ele tomou um tiro no meio da fuça, mas a explicação convence e ajuda a tornar o desenvolvimento de Eggsy - e do próprio Hart - ainda melhor.
O problema são algumas soluções de roteiro que surgem durante o filme e outros pontos que são incitados como algo importante dentro da história, mas que acabam sendo deixados de lado quando convém.
Mas é claro que vocês devem estar curiosos em conhecer um pouco mais dos Statesman!
A agência secreta americana é uma espécie de "irmã" dos Kinsgman, com menos do charme inglês, mas muito da personalidade sulista!
Aqui, todos merecem os elogios.
Halle Berry é a equivalente do Merlin, interpretado por Mark Strong, sendo a inteligência da equipe durante as missões.
Channing Tatum é basicamente um cameo de luxo, tendo pouca participação, mas brilhando nas cenas em que aparece.
Agora, Jeff Bridges e Pedro Pascal roubam a cena.
O ator, mais conhecido por viver Oberyn Martell em Game of Thrones e Javier Peña em Narcos mostra que está mais do que pronto para assumir papeis com cada vez mais destaque em Hollywood.
Mas é claro que grandes heróis precisam de grandes vilões...
No caso, de uma grande vilã!
Se você pensava que era impossível superar Valentine e Gazelle... Pense de novo!
Julianne Moore é simplesmente incrível comandando a organização criminosa Círculo Dourado.
Poppy é a sádica líder por trás de uma rede mundial de tráfico de drogas, mas ela decide levar isso a um novo patamar ao tornar o planeta inteiro refém de um plano extremamente bem elaborado.
A vilã é, certamente, uma das personagens mais caricatas do filme - e olha que nós temos cowboys com laços e agentes secretos lutando com guarda-chuvas - mas isso não é, nem de longe, uma coisa ruim.
Nós temos a impressão de que ela saiu das páginas de uma história em quadrinhos. Suas motivações, seus capangas, seu modo de agir e, principalmente, sua base secreta deixam a personagem ainda mais charmosa e divertida.
Além de um grande protagonista, grandes coadjuvantes e uma grande vilã, também temos grandes referências.
A primeira delas é Elton John. Mas é sacanagem dizer que ele é uma referência.
O astro pop rouba a cena e tem muito tempo de tela. Muito mesmo! Ajudando a descontrair e aliviar a tensão depois das frenéticas cenas de ação.
Além disso, o filme faz diversas referências aos quadrinhos e à primeira produção.
Temos até mesmo uma nova versão da luta no bar - não tão bem executada, mas ainda assim bem divertida - e, logicamente, uma nova versão da piadinha da porta dos fundos... Se é que me entendem ( ͡° ͜ʖ ͡°)
O filme tem tantos grandes momentos focados no desenvolvimento dos personagens que eu quase me esqueci de falar da ação.
Mas não se preocupe, o filme tem muita ação. E é ação de verdade!
Como já disse, O Círculo Dourado está repleto de pontos altos e muitos deles - porém não todos - nos são agraciados pelas cenas de ação.
Temos perseguições, explosões, tiroteios e pancadarias. Tudo isso ao melhor estilo Kingsman.
No entanto, não temos um momento que se equipare à Cena da Igreja. Aqui, os vários pontos altos estão ao longo do filme. Não há algo tão memorável quanto aquilo, mas temos grandes momentos de ação, grandes momentos divertidos e até momentos emocionantes.
Sim... Acredite... Teve gente que chegou a chorar no cinema.
Kingsman: O Círculo Dourado é bem diferente de Serviço Secreto.
O filme apresenta uma estrutura de roteiro diferente, uma temática inovadora e momentos surpreendentes, mas, ainda assim, conseguimos perceber que é uma sequência digna de uma das mais divertidas obras baseadas em quadrinhos.
O modo como alguns personagens são explorados e algumas tramas que ficam sem desenvolvimento - bem como algumas soluções de roteiro sem sentido - são pontos a se notar, mas que não prejudicam o filme de modo algum.
Se você ainda estava com o pé atrás, prepare seu laço, coloque seu chapéu e se prepare para um dos filmes mais divertidos do ano!
Nota: 4,5/5