[CRÍTICA] “John Wick: Um Novo Dia Para Matar” mantém o alto nível do original!
[CRÍTICA] “John Wick: Um Novo Dia Para Matar” mantém o alto nível do original!
Em meio a um cinema de ação dominado por super-heróis e outras franquias lucrativas, John Wick: Um Novo Dia Para Matar se esforça para trazer o protagonista solitário de volta ao jogo.
John Wick: Um Novo Dia Para Matar (John Wick: Chapter 2)
Estados Unidos, 2017
Direção: Chad Stahelski; David Leitch
Elenco: Keanu Reeves, Ian McShane, Riccardo Scamarcio, Lance Reddick, Common. Ruby Rose, Peter Serafinowicz, Claudia Gerini, Franco Nero, Laurence Fishburne, John Leguizamo, Peter Stormare, Luca Mosca
Distribuição: Paris Filmes
Há quem diga que os filmes de ação perderam a essência desde que os estúdios de hollywood banalizaram o uso de shaky cam - uma técnica em que há a impressão de que a câmera está sendo movimentada em mãos – ao a implantarem em diversos longas para mascarar a violência e, consequentemente, levar mais pessoas aos cinemas.
De Volta ao Jogo foi considerado uma surpresa em 2014 por trazer de volta as cenas de luta clássicas, com muito sangue, kung-fu, porrada, grandes coreografias e gente que entende do assunto por trás das câmeras.
Dirigido por Chad Stahelski e David Leitch, dois dos melhores dublês de Hollywood, o primeiro filme apresentou John Wick (Keanu Reeves), um ex-assassino de aluguel que busca vingança após um grupo de assaltantes roubar seu carro e matar sua cadela, o presente póstumo de sua falecida esposa. O sucesso do longa foi tanto que a Lionsgate decidiu investir em uma sequência, transformando a ideia original em uma franquia.
A dupla de dublês retorna para a direção do segundo filme, que tem a proposta de ser maior em muitos sentidos. Entretanto, maior nem sempre significa melhor. Enquanto De Volta ao Jogo teve o êxito de ser um longa desprovido de mesmices e com uma abordagem mais ousada, a sequência se perde ao contar uma história desinteressante movida apenas pela vontade do estúdio de fazer dinheiro.
Entretanto, John Wick: Um Novo Dia Para Matar também tem seus pontos altos. As sequências de luta são ainda melhores e mais frenéticas do que as de seu antecessor. Em alguns momentos, é possível sentir a dor de cada soco e o impacto de cada tiro. A história só engrena mesmo depois do primeiro ato, quando a mitologia apresentada no primeiro filme começa a ser explorada a fundo, com explicações sobre a Alta Cúpula e como ela trabalha ao redor do mundo.
Mesmo que Keanu Reeves pareça estar atuando no modo automático – exceto em suas cenas de ação, essas sim, fantásticas -, o restante do elenco traz performances competentes. O destaque vai para o vilão de Riccardo Scamarcio e o personagem de Lawrence Fishburne, que brilha com um dos melhores em seu reencontro - cheio de referências - com Reeves após 14 anos do fim da trilogia Matrix.
Alguns dos melhores momentos do filme são protagonizados por John Wick e Cassian, o personagem interpretado pelo rapper Common. A rivalidade dos dois se mostra cheia de tensão, mas ao mesmo tempo é carismática. Uma pena que essa competição seja pouco explorada.
Outro ponto alto do filme é a cinematografia, mérito Dan Laustsen. O diretor de fotografia dá o seu melhor da construção de cenas vertiginosas, como quando Wick enfrenta diversos assassinos em uma sala de espelhos ou a incrível sequência de tiros em túneis subterrâneos.
John Wick: Um Novo Dia Para Matar é um prato cheio para os fãs do cinema de ação. O roteiro pode não apresentar uma história tão envolvente quanto a do original, mas ainda assim consegue surpreender, principalmente devido às nuances do terceiro ato, onde fica claro que John Wick deixou de ser uma história de vingança e passou a ser uma história de sobrevivência.
Resta saber se o diretor David Leitch conseguirá manter o alto nível quando assumir a sequência de Deadpool no decorrer deste ano.
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John Wick: Um Novo Dia Para Matar está em exibição nos cinemas