[CRÍTICA] John Wick 3: Parabellum – Prepare-se para a guerra!

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[CRÍTICA] John Wick 3: Parabellum – Prepare-se para a guerra!

Por Gus Fiaux

Uma das franquias de ação mais adoradas dos últimos anos está de volta para seu terceiro capítulo. Após violar as regras do Hotel Continental e atrair a atenção indesejada da Alta Cúpula de assassinos internacionais, John Wick está na mira… do mundo todo! Mas será que seu terceiro filme está a nível dos dois primeiros?!

Créditos: Paris Filmes

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Ficha Técnica

Título: John Wick 3: Parabellum (John Wick: Chapter 3 - Parabellum)

Direção: Chad Stahelski

Roteiro: Derek Kolstad, Shay Hatten, Chris Collins e Marc Abrams

Ano: 2019

Data de lançamento: 16 de maio (Brasil)

Duração: 131 minutos

Sinopse: O super-assassino John Wick está em fuga, após matar um membro de uma alta organização internacional. Agora, com sua cabeça valendo US$ 14 milhões, ele é o alvo de matadores de aluguel por todos os lados.

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John Wick 3: Parabellum - Prepare-se para a guerra!

John Wick é uma das maiores surpresas dos últimos anos. A saga de filmes serviu como o grande retorno (e redenção) para Keanu Reeves nos cinemas, nos presenteando com uma franquia de ação que é, ao mesmo tempo, ridícula (e não em um sentido ruim) e deliciosamente violenta, permeada por um humor sutil.

Agora, os fãs terão a oportunidade de assistir ao terceiro capítulo da série, John Wick 3: Parabellum, um filme que consegue não apenas dar uma ótima continuidade aos filmes anteriores, como também estabelecer as bases de um universo que pode se expandir nos próximos anos, com uma série de TV, spin-offs e um videogame.

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A trama é simples: o filme começa logo após o fim do segundo, quando Wick assassinou Santino D'Antonio dentro do Hotel Continental. Além de violar as regras desse "santuário" dos assassinos, ele também acabou se tornando o alvo nº 1 da Alta Cúpula, uma organização internacional que supervisiona a ação de mercenários no mundo todo.

Com a cabeça a prêmio por 14 milhões de dólares, ele precisa correr contra o tempo para fugir, enquanto tenta fazer uma série de alianças questionáveis em busca de salvação. Mas como seus inimigos logo descobrirão, John Wick é um exército de um homem só, e trará uma guerra que não deixará pedra sobre pedra em lugar nenhum.

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De muitas formas, Parabellum consegue fazer o que há de melhor em uma franquia. Sendo o terceiro capítulo, ele não apenas mantém o nível dos dois anteriores, como também eleva os parâmetros, seja da ação ou do drama, trazendo uma escala bem maior. Se os dois primeiros filmes funcionavam em uma dimensão íntima e pequena, o terceiro aposta em uma escala global.

E isso funciona bastante quando pensamos na construção desse universo. Desde o início, temos pequenas pistas de que a sociedade dos assassinos é grandiosa e cheia de mercenários a cada esquina. Aqui, ela deixa de ser um microverso e se torna uma criatura viva, com rituais que lembram ordens históricas, como a sociedade bizantina, por exemplo.

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E o mais interessante disso tudo é que, por mais que o filme continue sendo protagonizado por John Wick, os personagens coadjuvantes começam a ter mais espaço. Winston, o gerente do Hotel Continental, é uma peça central da trama. Ian McShane não entrega nada diferente do que já esperamos, mas é uma interpretação muito satisfatória.

Outro que também ganha destaque é Charon, o concierge do hotel. Se nos dois primeiros filmes ele é uma figura terciária, aqui ele chega a participar da ação no terceiro ato, o que traz um núcleo mais ativo. Ainda assim, Keanu Reeves é o foco, com seu personagem solitário, silencioso e que, no fim das contas, só quer um minuto de sossego.

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Outra adição ao elenco é Halle Berry, que interpreta uma figura do passado de Wick, que é convocada pelo assassino para ajudá-lo em um momento delicado. Embora a personagem renda uma ótima cena de ação, a atriz não é muito bem aproveitada, e acaba saindo do roteiro com a mesma facilidade que entrou.

O mesmo não pode ser dito sobre Anjelica Huston e Asia Kate Dillon. Mesmo com participações menores, as duas conseguem roubar cada segundo que estão em tela, com personagens ameaçadoras e firmes. Embora não tenham participação na ação, as duas atrizes se mantém muito bem em seus respectivos papéis.

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Em termos de ritmo e narrativa, John Wick 3: Parabellum é quase sempre bem-sucedido. O primeiro ato e o clímax são perfeitos, misturando a ação com um peso dramático excepcional e transbordando reviravoltas genuinamente surpreendentes. O problema mesmo fica por conta do meio do filme, que acaba se tornando uma "barriga".

É o momento em que a trama tem uma desacelerada brusca, com direito a uma cena expositiva por parte de Jerome Flynn (sim, o Bronn de Game of Thrones). Quando a ação recomeça, temos a sensação de que foi colocada ali para não deixar o público dormir - embora seja uma das melhores sequências do filme.

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Em termos de direção, o diretor Chad Stahelski se superou. Pelo visto, ele absorveu bastante o estilo de David Leitch, que co-dirigiu o primeiro longa da franquia - e produziu os seguintes. Em decorrência disso, temos um filme com mais apelo visual, ao mesmo tempo em que a ação é colocada no centro da narrativa como um elemento importantíssimo.

A fotografia é deslumbrante. Mesmo para fora do Hotel Continental, podemos explorar todo o luxo e glamour desse universo de assassinos, com muitas cores vivas, neons e artigos caríssimos. Ao mesmo tempo, a crueza da violência é palpável. Cada tiro parece um tiro dado no público, e o sangue não para de jorrar.

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Aliás, a forma como as sequências de ação são dirigidas é algo que deve ser enaltecido. Em vez do padrão hollywoodiano picotado e sem personalidade, temos planos quase estáticos que duram até dez segundos, permitindo ao público absorver toda a "dança letal" que é ensaiada entre Wick e seus adversários. É quase um balé da morte.

O trabalho de som também é competente, embora a trilha sonora dos filmes anteriores seja mais impactante. Aqui, Tyler Bates não se arrisca muito, e o grande momento do filme se dá no ato final recebe todo o mérito por ser compassado pelo Soneto de Inverno da Sinfonia das Quatro Estações de Vivaldi.

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Em suma, John Wick 3: Parabellum não é o fim de uma trilogia. É mais um capítulo em uma saga que já provou que pode se estender por anos, sem perder a qualidade e mantendo um protagonista que é carismático o suficiente para ser o foco por muitos anos, ao mesmo tempo que é implacável o bastante para assassinar seus inimigos com um lápis.

Com ainda mais do humor sutil que consagrou a saga, além de cenas de ação e violência apoteóticas, o terceiro filme da franquia se consagra como a abertura para novas histórias - e embora esperamos que John Wick sempre seja o foco, já temos a garantia de que as possibilidades são infinitas. Parabellum.

NOTA: 4,5/5