[CRÍTICA] Inumanos – Entre Potencial e Vergonha Alheia!
[CRÍTICA] Inumanos – Entre Potencial e Vergonha Alheia!
Se serve de consolo, é melhor que Punho de Ferro!
Após muita controvérsia e diversos comentários negativos na internet, a nova série da Marvel finalmente fez sua estreia. Inumanos teve seus dois primeiros episódios re-editados e lançados nos cinemas, em algumas salas IMAX selecionadas. Nós já conferimos esse “filme” e, aqui, você pode ler nossas primeiras impressões sobre a série da Família Real.
VALE LEMBRAR: Essa crítica leva em conta exclusivamente os dois primeiros episódios da série, que foram exibidos em IMAX. Portanto não é uma opinião a respeito da série completa, que ganhará reviews semanais assim que for lançada, no final de setembro.
Créditos: Divulgação (ABC)
Ficha Técnica
Título: Marvel’s Inhumans Ano: 2017 Lançamento: 31 de agosto de 2017 (Brasil) Direção: Roel Reiné Classificação: 10 anos Duração: 78 minutos
Sinopse: Escondidos na Lua por anos e com pavor da possibilidade de serem descobertos pelos seres humanos, os Inumanos vivem tempos turbulentos. A Família Real passa por grandes crises quando Maximus, o irmão do rei Raio Negro, trai seus amigos e os exila na Terra.
Inumanos - Entre Potencial e Vergonha Alheia!
Nenhuma outra série situada no Universo Cinematográfico da Marvel teve tanta polêmica pré-lançamento como Inumanos. O projeto inicial de um filme - que viria a ser lançado em 2019 - se dissolveu no estúdio, transformando-se em um projeto televisivo apressado, cujo material de divulgação não capturou em nada a atenção dos fãs para além das críticas.
Agora, os dois primeiros episódios foram lançados em IMAX, em algumas cidades selecionadas no Brasil, à frente da estreia da série na televisão, no dia 29 de setembro. E por mais que a série se esforce ao máximo para entregar algo aceitável, o resultado é bem conhecido: mais um desastre anunciado... porém, não é a bomba que todos esperavam.
A história - que aliás, é toda destrinchada nos trailers, já que eles mostram apenas material dos dois primeiros episódios - segue a Família Real em um momento frágil. Há uma dispersão anormal de Inumanos na Terra, o que força Raio Negro a mandar o operativo Triton para o planeta, em busca de novos "recrutas" para a cidade de Attilan, situada na Lua.
A missão não dá muito certo e é exposta ao povo. Maximus, sempre descrente da postura real de seu irmão, trai toda a sua família, capturando seus aliados e os forçando a se exilar na Terra. Separados, os Inumanos devem encontrar maneiras de se unirem novamente para poder retornar ao lar e finalmente confrontar o humano no trono.
A premissa em si não é ruim, mas é executada de uma forma, no mínimo, estranha. Os personagens tomam ações muito repentinas, apenas para movimentar ao máximo a história. Como resultado, temos heróis e vilões agindo de formas impossíveis, enquanto a história parece correr, sem dar ar para o público respirar.
Porém, isso ainda é mérito perto do que o roteiro faz com os personagens. Os diálogos são indiscutivelmente péssimos - resultado da escrita de Scott Buck, produtor principal da série -, dando aos personagens falas que nos fazem contorcer na cadeira do cinema. De uma forma muito infeliz, conseguiram destruir personagens muito especiais como Karnak e Gorgon.
Ainda assim, há quem se esforce para entregar o melhor com o que tem em mãos. Iwan Rheon está muito bom no papel de Maximus e seu personagem traz uma história com um grande potencial de desenvolvimento dramático. É certamente o melhor personagem da série e que pode ser mais, caso desistam de dar a ele tramas insossas como inveja do amor da rainha.
Rainha essa que é outro destaque. Ainda que com uma peruca risível, Serinda Swan é outro acerto da série, realmente transmitindo uma postura digna da Medusa. Anson Mount, por outro lado, parecia muito desconfortável nos trailers. Na série, o resultado é outro: ele está bem à vontade, criando um Raio Negro interessante e até mesmo... engraçado.
O resto do elenco transita entre o razoável e o ruim, com destaques negativos para Ken Leung no papel de Karnak. Ainda assim, conseguiram fazer com que os poderes do personagem fossem retratados de uma forma muito interessante, o que é um dos pontos mais positivos dos primeiros episódios, ainda que pouco utilizado.
Eme Ikwuakor e Isabelle Cornish não têm personalidade e nem momentos marcantes, nos papeis de Gorgon e Crystal, respectivamente. Dentinho, por outro lado, aparece pouco, mas chama a atenção por sua fofura - ainda que os efeitos visuais não ajudem o gigantesco cão teletransportador a ser a criatura mais real possível.
Falando em visual, a série é agridoce. A decisão de filmar com câmeras IMAX (os dois primeiros episódios) rende bons frutos, com lindas cenas panorâmicas e visuais de tirar o fôlego - principalmente quando o núcleo principal dos personagens passa para o Havaí. Porém, na maior parte do tempo, o foco das câmeras são coisas não muito belas.
Os figurinos, como vistos nos trailers, continuam execráveis. Pouca coisa se salva neles. Quanto à caracterização, há algumas melhorias. O cabelo de Medusa realmente têm momentos bons - em contraste com outras cenas péssimas - e os cascos de Gorgon são bem convincentes, dando a ele o aspecto mais real entre os Inumanos.
Em termos de direção, Roel Reiné - que dirigiu ambos os episódios - faz um trabalho decente. Recentemente, o cineasta disse que foi contratado pela Marvel para fazer um trabalho "rápido e barato" e é justamente o que ele entrega. Trata-se, visivelmente, de um produto televisivo, com maneirismos e peculiaridades televisivas que vão causar estranheza no cinema.
Os usos técnicos de som, fotografia e montagem são decentes, sem grandes elogios ou deméritos. As cenas de ação, por sua vez, são bem problemáticas. Karnak, que deveria ser o maior artista marcial do grupo, traz uma sequência risível. Gorgon, no entanto, tem uma fisicalidade muito boa, o que torna sua sequência mais "impactante", ainda que não memorável.
Por fim, resta esperar. Por mais que a série possa trazer momentos genuínos de desconforto físico provocados por vergonha alheia - e acredite, ela vai causar isso - há, bem no fundo, uma história instigante, que uma vez focada nos personagens certos - e com roteiristas melhores -, irá produzir uma trama digna do Universo Cinematográfico da Marvel.
Não é a pior série situada nesse mundo - afinal, esse lugar já está ocupado por Punho de Ferro -, mas isso também não significa que é boa. Porém, como foram apenas dois episódios, há uma grande chance de melhora no futuro... ou uma chance de estragar tudo ainda mais. Resta saber como a Marvel Television e a ABC Studios irão balancear isso.
Em outras palavras - como você já deve ter percebido pelo título da review -, Inumanos é uma série que tem um potencial muito grande, mas que na maior parte do tempo perde isso por transitar em meio à vergonha alheia. É uma série que, pelo menos, conseguiu chamar a atenção e ser melhor que o trabalho anterior de Scott Buck em Punho de Ferro - ao menos por enquanto.
Com o lançamento da série completa, poderemos ver qual destino será dado à jornada da Família Real e como Maximus representará um vilão no meio de toda essa história. Ainda que o saldo positivo inicial não seja nada bom, é algo que os fãs deveriam ao menos dar uma chance.
NOTA: 2/5