[CRÍTICA] Fullmetal Alchemist – É a ferro e fogo, ele é puro aço!

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[CRÍTICA] Fullmetal Alchemist – É a ferro e fogo, ele é puro aço!

Por Felipe Vinha

Adaptações de outras mídias para o cinema costumam ser um problema – para quem faz e para quem assiste. Fãs apaixonados são muito exigentes e uma alta expectativa pode comprometer o resultado, quando se espera muito.

Esse problema se intensifica se o filme em questão adapta uma obra japonesa, “tão afastada” de nós geograficamente falando, quando ocorre de algum autor ocidental resolver trazer sua interpretação “Hollywoodiana” para a obra.

Em Fullmetal Alchemist, filme que leva para as telonas o mangá de mesmo nome, o que temos é um produto 100% japonês. O Japão criou e o Japão adaptou. Isso não garante qualidade, nunca. Mas rendeu um bom resultado, capaz de agradar gregos e troianos. Ou seria orientais e ocidentais?

O que importa é que Fullmetal Alchemist chegou ao Ocidente pela Netflix, após fazer certo sucesso nos cinemas japoneses, no ano passado. Leia nossa crítica sem spoilers e saiba o que achamos.

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Ficha Técnica

Título: Fullmetal Alchemist

Ano: 2017

Lançamento: 19 de fevereiro de 2018 (Brasil)

Direção: Fumihiko Sori

Duração: 135 Minutos

Sinopse: O alquimista Edward Elric é observado por militares e monstros misteriosos enquanto procura um jeito de restaurar o corpo do irmão Al.

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A Pedra Filosofal

O filme de Fullmetal Alchemist segue de perto o que é visto nas obras originais, seja mangá ou anime. Os dois irmãos Elric, inicialmente, buscam os segredos da Pedra Filosofal, um item poderosíssimo, conhecido entre os praticantes de alquimia, com o objetivo de restaurar seus corpos.

Para isso, Edward Elric se alista no exército de Amestris, o que pode facilitar sua busca, enquanto empresta seus grandes poderes às forças militares. Mas isso, na verdade, não torna nada mais fácil e só dificulta a vida dos dois.

A história é repleta de conspirações e seres malignos que têm seus próprios objetivos com a Pedra Filosofal.

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Fidelidade é o ponto alto

Não é mentira. Japoneses sabem trabalhar bem com os produtores que são “seus”. Ainda que tenhamos a discrepância de ter um elenco completamente japonês – no original, os personagens são de diversas nacionalidades, com inspirações na Alemanha, Índia, Estados Unidos – isso não prejudica a obra.

O objetivo de uma adaptação é replicar o que é visto nas telinhas, ou nas páginas de onde se inspirou para tirar sua história. Mas, ao mesmo tempo, ela não pode ficar refém do material-base. Um filme tem como missão agradar todo tipo de público que investe seu tempo em assistí-lo. Para ser correto, além de fiel, precisa ser também cinematograficamente adequado.

Neste ponto, Fullmetal Alchemist faz seu dever de casa. Apesar de apresentar, ali pelo meio, uma boa barriga de roteiro e uma literal pausa na narrativa – que chega a quebrar o ritmo –, o longa não se perde e termina “redondinho”, aparando as arestas.

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Adaptações necessárias

Para quem conhece o mangá ou anime, saiba que o filme de Fullmetal Alchemist adapta quase toda a parte inicial do enredo, com algumas, ou melhor, diversas adaptações. E não se engane, elas foram mais do que necessárias.

Alguns personagens foram limados ou não foram utilizados – algo que não impede uma participação em eventual sequência. Além disso, pequenas porções de história precisaram ser misturadas e costuradas para fazer mais sentido ao longo do enredo.

Pontos que são iniciados e concluídos no início da história original são esticados por aqui. E o resultado fica bom. Desnecessário falar mais do que isso, para não entregar surpresas.

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Sem deixar pontas

Como citado, o desenvolvimento do filme fica um pouco prejudicado ali pelo meio, com uma bela quebra de ritmo, mas não a ponto de estragar o longa por completo.

O final deixa claro que tudo se amarra e foi bem pensado para não deixar tudo muito solto. As conclusões, apesar de esperadas, não te deixam com a sensação de algo incompleto, ainda que deixem bons ganchos para uma eventual continuação.

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Ok, os efeitos podiam melhorar…

Fullmetal Alchemist tem produção da Warner, que injetou um bom dinheiro no desenvolvimento do longa-metragem. Isso poderia ser traduzido em efeitos um pouco melhores. Entenda: eles não estão ruins, mas não chegam nem perto do blockbuster mais básico do Ocidente.

Uma das declarações do diretor Fumihiko Sori, em uma das várias entrevistas que concedeu ano passado, ele chegou a declarar que a tecnologia utilizada na produção era a mesma vista em filmes como Os Vingadores. Pode até ser, mas talvez não tenham explorado o suficiente o quesito técnico.

No final das contas, por ver em uma tela pequena e na Netflix, os problemas dos efeitos fiquem mais visuais. Talvez funcione melhor em um telão de cinema, algo que provavelmente nunca saberemos.

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Já o elenco...

O elenco de Fullmetal Alchemist é um baita acerto. Cheio de grandes nomes do Japão, mesclando novos talentos dos cinemas e TV com atores veteranos de alto calibre, passando até mesmo por estrelas da música – algo muito comum por lá.

Se este for seu primeiro filme japonês com atores reais, é preciso entender que a atuação deles é bem diferente da nossa. Os atores dramatizam muito mais, fazem mais caras e bocas, principalmente em se tratando de uma adaptação de anime/mangá.

Mas leve fé: nomes como Ryosuke Yamada (Ed), Dean Fujioka (Mustang), Kenjiro Ishimaru (Padre Cornello), Yasuko Matsuyuki (Luxúria) e Yo Oizumi (Shou Tucker) são astros extremamente populares e com trabalhos marcantes em sua carreira no Japão, seja na TV ou no cinema.

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Evolução do visual

A caracterização é outro dos muitos pontos positivos em Fullmetal Alchemist. Al é o único personagem central criado com efeitos especiais. O restante, incluindo os Homúnculos Luxúria, Gula e Inveja, são atores bem caracterizados.

O único ponto fraco desta corda é Winry Rockbell. Por algum motivo a produção do filme decidiu manter cabelos naturais na jovem mecânica de Edward, e não utilizar sua já característica cabeleira loira. Ficou um pouco destoante de tantos outros personagens tão bem representados na tela.

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Fotografia

Desculpe se parecer pedante falar de fotografia em um filme como este, mas ela também apresenta qualidade. Talvez pelos cenários, já que boa parte do longa foi filmada na região Toscana da Itália, usando bem de suas edificações rústicas e cenários com belas paisagens.

As tomadas internas perdem um pouco de impacto por utilizar ambientes muito pequenos ou criados no computador, mas o filme brilha quando está ao ar livre.

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Conclusão

Fullmetal Alchemist funciona como filme até para quem nunca viu o anime ou leu o mangá. A adaptação é bem feita e só peca em alguns momentos, ali pelo meio. Os efeitos especiais poderiam estar em um nível mais alto, algo que o produto original merecia, mas dá para relevar.

A aventura apresenta bom elenco e se destaca por ter uma caracterização extremamente fiel aos personagens do material original. Apesar de deixar ganchos para sequências, ele também se fecha “redondinho”, sem largar muitas perguntas no ar.

Se você for fã, separe duas horinhas do seu dia e tenha ciência de que assistirá a um filme 100% japonês, que se difere um pouco das produções ocidentais. Tirando isso do caminho, o aproveitamento é muito maior.

Nota: 4 de 5 Pedras Filosofais.