[CRÍTICA] Far Cry 5 – Erguei as mãos!
[CRÍTICA] Far Cry 5 – Erguei as mãos!
A seita que dói menos.
Far Cry é uma série curiosa. Nasceu de forma despretensiosa e hoje é uma das grandes marcas da Ubisoft, produtora francesa que ainda tem, no currículo, sagas como Assassin’s Creed, Rayman, Prince of Persia e Rainbow Six, só para citar algumas.
Desde o terceiro capítulo da série, a empresa tenta se focar em uma especificidade de Far Cry: tratar de pessoas insanas, vilões manipuladores e caóticos, enquanto o jogador assume o papel do “grande salvador”, que vai desmontar a enorme dinastia e liberar uma região dominada na base da opressão.
Disponível no PS4, Xbox One e PC, Far Cry 5 chega para repetir a dose. Mas agora flertando com assuntos como religião, racismo e até o patriotismo norte-americano.
Acompanhe a análise e saiba o que achamos!
Ficha Técnica
Nome: Far Cry 5
Plataformas: PS4, Xbox One, PC
Gênero: Ação
Modos de jogo: Um jogador, cooperativo, competitivo
Estúdio: Ubisoft Montreal, Ubisoft Toronto
Publicadora: Ubisoft
Data de lançamento: 27 de março de 2018
Um Far Cry bem Far Cry
Far Cry 5 é o jogo supremo da série. Mas isso não quer dizer que seja algo extremamente positivo. Calma, ele também não é ruim. Vamos tentar explicar:
Far Cry 5 é o tipo de game que tenta fazer de tudo um pouco. Ele é de mundo aberto, de tiro em primeira pessoa, tem quebra-cabeças, tem relacionamento, tem personalização vasta, tem sistema cooperativo, tem muita exploração, tem destrancáveis, tem vilões carismáticos, tem adestramento de animais, tem easter eggs bem secretos que te recompensam. É muito completo, muito! Mas isso é sempre bom?
Vamos ao enredo
Primeiro, vamos falar sobre a história de Far Cry 5. Ela começa bem simples e te explica tudo em poucos pontos, o que é um grande mérito.
Nesta versão do jogo conhecemos uma parte do interior dos EUA, chamada de Hope County. Lá, um tipo de seita dominou o local. Liderada por Joseph Seed, a seita permite que qualquer um se una, mas de forma leal e sem espaço para traições.
Descrentes e inimigos são tratados na “lei da bala”. São torturados, mortos, entre outros castigos pesados. Joseph, é claro, vem acompanhado de outros aliados, “sub-chefes”, tão insanos quanto o próprio, como Jacob Seed e Faith Seed, por exemplo.
O jogador entra neste cenário como membro de uma força policial que chega para dar um basta ao reinado da família Seed. Mas nem tudo sai como planejado e seu personagem é a última resistência contra o vilão.
Um bom início
Far Cry 5 tem um início rápido e promissor. Já começa bem pelo fato de você poder construir um personagem, inclusive variando o gênero do “padrão masculino” da série, personalizando ainda sua aparência como um todo.
O compasso do game também é bem organizado. Após uma apresentação onde você pouco controla seu boneco, temos missões introdutórias com um game design interessante, capazes de te ensinar os controles básicos sem muitos tutoriais pularem na tela.
Um FPS bem tradicional
No geral, os controles de Far Cry 5 estão em bom tamanho. Ao mesmo tempo em que ele pega emprestado elementos de RPG de ação (seleção de armas em radial, possibilidade de se curar com itens, etc), ele também se comporta como um FPS bem clássico e tradicional.
Na verdade, nesse ponto, Far Cry 5 não faz nada demais. Ele é divertido, sim, muito, mas tem comandos bem básicos. Se por um lado é bom, pois facilita a acessibilidade, por outro lado não dá tanto destaque para o que o game pode representar para a série – um verdadeiro novo capítulo, que tira proveito de todo o poder da atual geração.
A variedade
Como citamos no início da matéria, Far Cry 5 é muito variado. Quase dá para chamá-lo de “Ubisoft: The Game”, pois meio que traz vários elementos que deram certo em outros títulos da empresa e colocaram por aqui.
Há exceções, claro. Não precisamos mais subir em torres para destravar o mapa (ufa!), mas temos missões paralelas com personagens espalhados pelo mapa, muitos marcadores para te indicar a direção, alguma variedade na parte secundária da jogabilidade, e uma inovação ou outra no quesito de enredo.
De fato, este é um título bem diverso em suas atividades, o que o deixa com um tamanho imenso – e não apenas de download. O jogador pode, facilmente, passar alguns bons meses, quem sabe até um ano, e não ter explorado tudo que ele tem a oferecer. O mapa gigantesco deixa isso claro.
Far Cry Arcade
E, se você cansar do modo campanha, é possível jogá-la inteiramente de forma cooperativa, seja com amigos ou desconhecidos. Ainda nos termos multiplayer, temos o chamado Far Cry Arcade, um modo online que não se prende a mapas criados pela Ubisoft, mas sim a cenários elaborados por jogadores.
No Arcade você mesmo pode entrar, desenvolver seu mapa e disponibilizar online. Ele será parte da comunidade e, durante as partidas, outros jogadores poderão votar em qual jogar, de forma aleatória – e o seu pode estar entre os escolhidos.
O Arcade também tem modo solo e cooperativo, mas o que se destaca é a criatividade dos jogadores, o que expande ainda mais o conteúdo. Foi uma ideia incrível da da Ubi, que merece muito destaque.
Punitivo!
Outro ponto que enxergamos como positivo em Far Cry 5 é ele ser um pouco punitivo. “Mas, ei, como assim?”, você pode se perguntar.
Digamos que o jogo “te educa” na forma como jogá-lo. Ele é bem livre, principalmente na questão da exploração, mas não foi feito para ser jogado no chamado “Modo Rambo”. Se você fizer tudo com pressa, o game vai pesar a mão, em um sistema bem inteligente, até.
Isso se dá por conta da programação dos inimigos, que está apurada, ainda que um pouco exagerada no quesito de resistência. Porém, o game não chega a ser frustrante. Ele recompensa quem joga no tempo certo, realizando as ações de maneira interpretativa, entrando de cabeça no papel do personagem.
Jogo orgânico
Far Cry 5 é um jogo vivo e isso se traduz no design das fases e no nível dos gráficos. Os personagens humanos estão em um nível altíssimo. Fica melhor ainda se jogado em um modelo “superior” dos consoles atuais, como Xbox One X e PS4 Pro.
O game te passa a sensação de estar naquele ambiente caipira, com uma vegetação variada, ambientes distintos e uma distribuição correta dos biomas da região. Cada área, dominada por um chefão específico, te deixa a par de onde está só pelo visual e pelo tipo de elementos encontrados. Não chega a ser nada inovador, mas é feito com certa qualidade.
Conclusão
Apesar de ser um pouco genérico e perder um pouco do foco por “tentar fazer de tudo um pouco”, Far Cry 5 ainda é um grande jogo e uma surpresa em termos de enredo – sério, jogue até o fim, você vai ficar de cabelos em pé.
Outros destaques muito positivos vão para o Far Cry Arcade, que mescla criatividade da comunidade com multiplayer e modo solo, além da enorme variedade de coisas para se fazer, transformando-o em um game quase infinito.
Nota: 3,5 de 5