[CRÍTICA] Fallout 76 – O Dia da Retomada não foi NADA como o esperado!

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[CRÍTICA] Fallout 76 – O Dia da Retomada não foi NADA como o esperado!

Por Márcio Jangarélli

Seguindo uma linha de sucessos de vendas e crítica com Fallout 3, 4 e seus spin-offs, a Bethesda lançou em 14 de Novembro Fallout 76, sua tentativa de levar a franquia para o universo online. Tentativa, porque não foi um plano muito bem executado.

Jogamos Fallout 76 em sua versão para PS4 e aqui está nossa análise do game. Não esqueça de comentar o que você achou do jogo, seus palpites para o futuro da franquia e o que gostaria de ver mais da LH sobre esse Fallout e toda a série!

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Guerra… A guerra nunca muda. Mas a franquia Fallout sim. Dessa vez, para pior.

Fallout não é um jogo estranho à mudanças de rumo e “testes". Dos dois primeiros games da série para o terceiro, por exemplo, existe uma transformação completa no game. Logo depois temos spin-offs expandindo ainda mais esse universo. Assim, a ideia de Fallout 76 é natural. Natural, mas mal executada.

Além de não trazer novidades no quesito de jogabilidade, sendo igual ou inferior ao 4, 76 é repleto de bugs - alguns difíceis de superar - chato e, mais que tudo, foi pensado esperando uma resposta muito específica dos jogadores, algo que não se pode contar tanto assim, principalmente em um game online. Vamos explicar.

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Primeiro, se você não conhece a franquia Fallout, um pequeno resumo. Esse é um game que reimagina a história do planeta pós-Segunda Guerra. Aqui, a Guerra Fria nunca acabou; Na verdade, as tensões entre Estados Unidos e União Soviética só cresceram, gerando um mundo completamente diferente e uma guerra nuclear cataclísmica no ano de 2077.

Nesse cenário, dominado por tecnologias retrofuturistas e uma cultura anos 50 americana que nunca acabou, surge a Vault-Tec, responsável por criar abrigos nucleares de ponta para o dia já esperado onde as bombas chegariam. A empresa, então, cria seus Vaults em parceria com o governo americano, cada um com objetivos e candidatos muito específicos, para repovoar o planeta com o “american way” depois que o mundo se recuperasse da radiação da guerra vindoura.

Cada Fallout se passa em uma época diferente no pós-guerra, ficando quase um século à frente das bombas - Fallout 1 se passa em 2161, *84 anos depois. 76 traz uma ideia diferente, tanto para o Vault, quanto para o tempo em que acontece, sendo um prelúdio para a história.

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Fallout 76 começa 25 anos depois da guerra, em 2102, quando os sensores da Vault-Tec detectam que o clima já está consideravelmente limpo. Esse Vault foi construído na Virgínia Ocidental, agora chamada de Appalachia, e tudo nele é especial, seja o tempo em que foi aberto, seu propósito e seus moradores.

O Vault 76 é ocupado por membros de elite, escolhidos a dedo pelo governo americano e Vault-Tec. Diferente dos outros games, essas pessoas, que estão entre o alto escalão intelectual do país, foram selecionadas para viver em harmonia no Vault, sem testes e experimentos, e levar o jeito americano para esse novo mundo. Esses são os novos conquistadores, não é por menos que o game inicia no chamado “Dia da Retomada”.

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Em história, Fallout 76 não peca. Depois de experimentar esse universo com “testes” da Vault-Tec, agora é a vez de ver como a elite escolhida para retomar o mundo lidou com a vivência no Vault e como vai encarar essa nova realidade, sendo, aparentemente, os primeiros a pisar fora dos abrigos no pós-guerra.

Também é sensacional ver esse ambiente mais radioativo e estranho que o mostrado nos outros games. São só 25 anos, o planeta ainda está tentando se curar, então o cenário é bizarro, quase surreal em algumas partes. Lembra muito o filme Aniquilação, da Netflix, em quesitos de mutação do ambiente.

E, por fim, é um contato mais próximo com o que as pessoas que sobreviveram às bombas fora dos abrigos passaram - porque sim, houveram sobreviventes e eles lutaram para permanecer vivos. Uma pena que não restou nenhum.

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Tudo isso é muito interessante e seria algo louvável se esse não fosse um game online. Se o melhor dele é o lore e não a jogabilidade e interação com outros jogadores e com o ambiente, existe um problema.

Fallout 76 usa da premissa desse Vault ser o primeiro aberto para não colocar nenhum NPC no game. Tudo o que você vai encontrar no game são robôs, holotapes e, bom, corpos. Não existe interação direta nem com a Supervisora do 76, que serve como guia e missão principal do jogo, mas é praticamente um fantasma que você persegue.

E os outros membros do Vault? Bom, eles são os outros jogadores. O ponto é que o jogo contou muito com a interação entre os gamers e ela é bem problemática.

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Como em qualquer game online, a esperança aqui é que os jogadores façam missão juntos, que haja interação, PVP, etc.

Várias missões mundiais são ofertadas no mapa, com viagem rápida, que ficam muito mais simples de executar se você estiver em grupo. O sistema de PVP possui algumas regras interessantes; existe um sistema de “procurado”, de tomada de bases, de caçador e caça e tudo mais. Parece legal, né? Se tiver gente o suficiente para você executar tudo isso, deve ser muito bacana mesmo.

O grande problema de contar apenas com os jogadores em um game que aloca seus players em servidores limitados é que pode ser que não tenha pessoas o suficiente para toda essa experiência. Na verdade, é exatamente isso: grande parte do tempo você passa jogando em uma terra devastada, conversando com robôs e escutando fantasmas.

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Um detalhe técnico de 76 é que seus servidores estão abertos apenas para 24 pessoas cada, em um mapa MUITO maior que o do Fallout 4. De acordo com a produção, isso, junto do ambiente devastado, é para simular a sensação completa desse apocalipse nuclear. Funcionou, mas não para o bem. Esse é um número ridículo de players para algo dessa magnitude, limitando toda a jogabilidade do game.

Quando alguém surge, algo raro, pode ser que não te dê bola, que esteja fazendo algo completamente diferente ou que apenas um player a mais não seja o suficiente para determinada ação - esse modo de caçador e caça, por exemplo, depende de quatro jogadores.

76 te dá, inclusive, uma opção de salvamento caso você esteja morrendo; está lá o “pedir ajuda”, mas a pergunta é: para quem?

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Se todo esse vazio nuclear-robótico não deixar as coisas entediantes pra você, ainda tem os bugs. O jogo tem bugs em todo canto, seja de movimentação, de visão, nos ataques, nos inimigos. Você vai ficar preso em algum lugar que não faz sentido nenhum; os inimigos vão travar, desaparecer e reaparecer do nada te atacando; seus ataques, mesmo com mira, não vão acertar e assim por diante.

O pior, porém, é se você for um dos sortudos com o bug de áudio. Uma dessas falhas, que aparentemente vem de um conflito com o idioma do console, faz o game ficar sem áudio nas falas - seja dos robôs, das holotapes ou qualquer outra coisa que possa falar com você ali. Isso pode ser resolvido desinstalando e reinstalando o game e mudando o idioma do console para o inglês, o que vai te tirar algumas horas e bastante paciência.

Pouco depois do lançamento do game, uma atualização chegou para corrigir alguns desses bugs. Estão trabalhando em 76, pelo menos, mas vários desses problemas deveriam ser corrigidos já na fase beta - é exatamente pra isso que ela existe.

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Com todos esses baldes de água fria, fica difícil continuar, né? Mas ainda tem mais. Em jogabilidade, o game lembra muito o Fallout 4. Não tem muito segredo e nem inovação - não é agora que o game tem uma função de escalada, por exemplo; continuamos com aquele pulão bizarro.

Visualmente, 76 é sim muito bonito. Isso se o cenário não estiver bugado e com problemas de quadros que não deveriam ser frequentes. Nas melhores situações, o gráfico dele não perde muito para o antecessor e até melhora algumas coisas, principalmente alguns detalhes do seu personagem. Esse é um ponto muito positivo para um game online.

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As ações dentro do jogo são mais fáceis do que o esperado. Ainda que você vá morrer bastante, não é difícil encontrar munição, comida, suprimentos, tampas (a moeda) e tudo mais. Quando você morrer, todos os suprimentos do seu inventário são perdidos - isso não inclui armas, munição ou comida - então você pode ressuscitar em um ponto próximo, voltar para o lugar, recuperar seus itens na sacolinha marrom no chão, morrer de novo e ficar nessa eternamente.

No quesito inimigos, de início o 76 peca muito. Você fica lutando contra Chamuscados, Super Mutantes e animais por tempo demais. Seres mais interessantes de se enfrentar existem, mas são bem difíceis de encontrar - a não ser as "temidas" Bestas Chamuscantes, essas você vai encontrar quando não quer.

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Recomendações LH

Dito tudo isso, se você é fã da franquia e não quer perder o novo game, Fallout 76 pode sim ser legal se jogado de alguns modos.

Desista da ideia de qualquer interação humana no game, sejam outros jogadores ou NPCs. Se acontecer com outros gamers, uma raridade, legal, mas não dependa disso para se divertir ali. O melhor de Fallout 76 está na história, completar o lore do jogo para entender como foi o mundo dos sobreviventes, os mistérios da Appalachia e do Vault 76, como a Supervisora está encarando esse mundo e como tudo isso levou ao que vemos nos outros games.

Assim, a ideia é seguir fantasmas mesmo - no caso, a Supervisora - e deixar eles te guiarem por ali. Vai ficar chato em alguns momentos, mas é divertido e desafiador na maior parte.

Para o game em si, existem regiões onde alguns suprimentos são mais abundantes e você pode voltar pra esses lugares sempre que precisar porque eles vão dar respawn - é um game online, né?

Isso é bem intuitivo, é só prestar atenção no que você está coletando em cada lugar que já dá para entender. E se tudo estiver tenso, voltar para o começo, na entrada do Vault 76, é sempre uma boa ideia. Essa é uma área tranquila, muito boa para se recuperar.

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Qual a nota dessa guerra?

Fallout 76 poderia ser excelente, mas terminou como uma aventura confusa, entediante e mal acabada em um universo muito rico. Nem mesmo os grandes monstros do jogo, as Bestas Chamuscantes, são o suficiente para criar um objetivo concreto.

Esse é aquele tipo de game que dá o feeling de que se tivesse sido trabalhado por mais tempo e com calma, o resultado seria tão grandioso quanto seus antecessores. Infelizmente não é o que aconteceu.

Pela história, visual e ideias, podemos dar 2 Vault Boys para Fallout 76. Mesmo como todos os problemas, o que se salva ali é interessante o suficiente. Podemos dizer que não é uma bomba nuclear por completo.

Lembrando que, como é um game online, muitos desses problemas podem cair. O Vault 76 está aberto para melhorias - que poderiam ser incrementadas antes do lançamento oficial.