[CRÍTICA] Deadpool 2 – Maior e sem limites!
[CRÍTICA] Deadpool 2 – Maior e sem limites!
Ryan Reynolds em completa escala de insanidade poética.
O primeiro Deadpool, lançado em 2016, já nos dava uma ideia de como o personagem sem amarras morais ou sem limites seria em sua versão para as telonas. Por mais que o longa original tenha sido feito com orçamento tímido, ele conseguiu entregar diversão em nível certo e adicionar muito ao já vasto “Universo Mutante” da Fox, utilizando personagens Marvel.
Agora, com Deadpool 2, tudo isso vai além. Ryan Reynolds está mais louco do que nunca no papel do Mercenário Tagarela. O elenco se expandiu bastante. As cenas de ação estão ainda mais ousadas. As surpresas são inúmeras.
Então, Deadpool 2 é tudo que esperávamos? Leia nossa crítica completa, a seguir, sem spoilers!
Ficha Técnica
Título: Deadpool 2
Ano: 2018
Lançamento: 17 de maio de 2018 (Brasil)
Direção: David Leitch
Duração: 120 Minutos
Sinopse: O bocudo mercenário da Marvel está de volta! Maior, melhor e, ocasionalmente, mais pelado do que nunca. Quando um super soldado chega em uma missão assassina, Deadpool é forçado a pensar em amizade, família e o que realmente significa ser um herói - tudo isso, enquanto chuta 50 tons de bundas. Porque, às vezes, para fazer a coisa certa, você precisa lutar sujo.
Como era esperado, Deadpool está sem limites nesse filme. Já vamos começar a partir do principal: Ryan Reynolds entrou melhor do que nunca no papel do personagem. Aqui vemos o Pool do próprio quadrinho, principalmente nos primeiros minutos, nas cenas de abertura e quando ele age como um mercenário, de fato.
Desbocado, sem limites e sem pensar duas vezes, Wade Wilson é a grande estrela, mas que brilha de uma maneira “múltipla”, que espalha seu reflexo para todos os outros astros do elenco. O filme tem exageros de personagem, é verdade, mas é também real que ele sabe usar bem estes mesmos exageros.
Um ponto interessante é o que o longa-metragem é claramente dividido em capítulos. A cada novo segmento, somos presenteados com uma “mini-história”, que se fecha de acordo com a narrativa. Em um determinado momento o foco é em Deadpool e em suas missões, em outro temos o desenvolvimento de Cable, em mais um a introdução da X-Force. Tudo está claramente organizado e divertido, construindo a narrativa em um ritmo que fica quase didático, para que todos entendam.
E por falar em Cable e X-Force: quando eles entram em cena, o filme se transforma. Josh Brolin está ótimo no papel do “vilão” (até certo ponto) e há referências claras à sua versão dos quadrinhos, claras até demais, se é que podemos classificar desta forma sem estragar a surpresa de quem ainda não assistiu.
Zazie Beetz é uma Dominó excelente. Há quem diga que o filme também pode se chamar “Dominó 1”, em vez de “Deadpool 2”. Ela é carismática, ácida, ágil, tudo que a personagem também é nos quadrinhos. Quem reclamou de sua inclusão no elenco simplesmente não sabe do que está falando. Um de seus grandes momentos também é visto no trailer, mas dentro do filme, na tela grande, tudo fica ainda mais épico. Mal vimos sua introdução nesse “universo” e já queremos mais.
Sobre o restante do elenco: bem, não vamos falar muito para não dar spoilers, mas eles se entrosam bem na chamada X-Force. Sim, são os personagens dos quadrinhos ali, mas representados de maneira bem realista e com claras raízes em seu material original. Shatterstar e Zeitgeist são destaques de caracterização. E Terry Crews, como Bedlam... Bem, ele faz o que sabe fazer melhor: ser engraçado enquanto o “fortão desengonçado” da equipe.
Mas, sobre a narrativa em si, ainda que seja um filme bem dividido e espaçado, ele também é um pouco cansativo, em alguns aspectos. São duas horas de projeção, mas fica a impressão de que poderia ser menor. Não me interprete mal: não quero dizer que cansei totalmente de Deadpool 2 – quanto mais, melhor, de fato – mas o tempo tem que trabalhar em favor do enredo.
Se a história funciona 100% bem, ela não vai soar cansativa. Não é bem um problema que afeta tanto a qualidade, mas sim o fato de termos certas cenas arrastadas e piadas um poucos repetidas em quantidade mais do que necessária. Uma variedade maior seria muito mais interessante, sem falar que algumas das principais tiradas mais geniais dos filmes já estão nos trailers – vamos melhorar isso, estúdio de cinema em geral!
E por falar nas piadas: elas são um pouco previsíveis na maior parte do tempo. É seguro dizer que Deadpool 2 se garante um pouco mais na ação, enquanto tenta fazer graça com a mera presença de Wade em cena. Para piorar um pouco a situação, boa parte das tiradas se perde na tradução. Com toda a certeza o público norte-americano vai aproveitar mais neste sentido, já que a legenda simplesmente não dá conta, por mais que a localização faça seu trabalho, na medida do possível.
Mas é natural que a estranheza em relação ao foco da ação nos ocorra durante a projeção. Afinal, Wade Wilson é um personagem engraçado, feito para te fazer dar risadas e quebrar a quarta parede. Mas ficou claro como o filme tenta soar engraçado enquanto destaca os momentos de pura troca de tiro ou espadas voando. Mesmo assim, nada vai soar como uma grande surpresa – afinal, já vimos Deadpool nos cinemas.
As cenas em computação gráfica, as poucas que existem, também não representam o melhor do que Deadpool 2 pode fazer. Há momentos e momentos: em alguns casos, como o braço mecânico de Cable e suas armas futuristas, funciona tudo muito bem; já em outros, com personagens que são feitos em CG, como Colossus, não é tão bom assim. Parece que tudo foi feito por duas equipes distintas – se bobear, até foi.
Mas, bem, sem querer dar uma de engraçadinho, não dá para reclamar, né? Eles deixam avisado no trailer justamente isso: que todo “CGI” foi usado no braço do Cable. Ai ai, Deadpool, como você é engraçado. ;)
A grande poesia de Deadpool 2 é não se importar com consequências. O filme está te cansando? Ele não liga. Está muito violento para você? Ele também não se importa. Como é a sequência de um longa-metragem que já veio repleto de exageros – no bom sentido – ele vai além, demonstrando que, sim, é capaz de pegar ainda mais pesado, em várias vertentes.
Isso combina muitíssimo com o personagem que é Wade Wilson. Seu elenco de apoio, formado por pessoas degeneradas e sem amarras morais, em geral, segue o mesmo clima, então está tudo em casa. Por mais que as piadas aqui sejam bem diferentes do que vimos em, por exemplo, Thor: Ragnarok, que usam mais a “oportunidade” do que o “escracho”, ele pega nos pés certos, com suas críticas ácidas.
E, bem, se posso adicionar algo além disso tudo sobre Deadpool 2 é que ele é um filme “bem X-Men”. Isso não é um spoiler! Queremos dizer que Wade Wilson está mais introduzido no mundo dos mutantes, graças à presença constante de Colossus e sua “pupila” Míssil Adolescente Megassônico.
A Fox parece estar se esforçando em trazer um universo coeso com a nova aventura, em relação às suas outras séries “X”, seja nos cinemas ou TV. Só não sabemos como será o futuro, por conta da “compra do século”, se é que você me entende.
Conclusão
Deadpool 2 é tudo que você espera de um filme do personagem, para o bem e para o mal. É cheio de exageros, piadas mil – nem todas tão engraçadas e imprevisíveis como gostaríamos – e também é um pouquinho cansativo. Porém, Cable e X-Force te convencem bem de continuar com os olhos grudados na tela. E a Dominó… Ah, a Dominó!
A nova aventura da Marvel/Fox é um longa-metragem extremamente divertido e sem limites. A insanidade de Ryan Reynolds, e de Wade Wilson, flerta com o absurdo em todas as cenas. E, às vezes, só queremos desligar o cérebro e curtir um pouco este tipo de entretenimento.
Você conseguiu de novo, Vermelhão.
Nota: 4 de 5