Título: Crash Team Racing Nitro-Fueled

Plataformas: Playstation 4, Xbox One e Nintendo Switch

Gênero: Corrida

Quantidade de jogadores: Single e Multiplayer

Estúdio: Beenox

Publicadora: Activision

Data de lançamento: 21/06/2019

É uma da tarde, você e seus amigos de escola já bateram um pratão de almoço que sua mãe fez e agora estão na sala com um copão de guaraná Conquista (esse era o refri oficial lá de onde eu venho, substituam pelo preferido de vocês), vidrados na TV de 20 polegadas, quebrando o transe pra se xingar e quase sair no soco - mas tudo na amizade. O PSONE tá lá, branquinho, rodando um CD pirata, você quebrou uma caixa com três mísseis e deu um gritinho porque agora vai virar o jogo de vez. O game é Crash Team Racing e o ano, bom, escolham o que melhor servir do começo dos anos 2000.

Depois do sucesso da N’Sane Trilogy, a Activision anunciou na The Game Awards 2018 que CTR também ganharia um remake. Para quem não lembra, Crash Team Racing é um jogo de corrida com os personagens da franquia Crash Bandicoot, lançado para PSONE em 1999. A nova versão, Nitro-Fueled, além do game original, traz personagens, personalizações e pistas das sequências não tão bem sucedidas assim de Team Racing, Nitro Kart e Tag Team Racing - além de prometer ainda mais conteúdo para o futuro.

É bom deixar claro: Crash Team Racing é um dos meus jogos favoritos de todos os tempos e talvez o primeiro que eu fiz 100%, lá nas épocas que troféu não existia e o que valia era contar vantagem e mostrar seu save.

Mesmo com a trilogia incrível do ano passado, quando anunciaram o remake de CTR fiquei animado e com medo; o mundo é outro de 1999 pra cá no sentido jogabilidade e, por mais que não pareça, a série Crash errou MUITO depois do PSONE. Tanto que muita gente nem sabe que Team Racing tem duas sequências - ou os outros tantos jogos de Crash pós trilogia original.

Felizmente, não precisou nem de muitos minutos de game pra saber que Nitro-Fueled acertou em cheio. Da abertura clássica refeita (“Liguem os motores”, “Apertem os cintos”), ao visual de saltar os olhos e as dublagens hilárias, o jogo se vende pra você logo de cara.

Meu maior medo, pensando na jogabilidade, era de mudarem a essência simples de CTR. O jogo é sobre acelerar, derrapar e saber fazer curva - além de literalmente explodir os rivais.

O simples se manteve e esse foi o maior acerto. Isso porque quanto mais sofisticados os games foram se tornando, mais fáceis eles ficaram também. Boa parte da diversão do PSONE estava na limitação que os jogos ofereciam e como você precisava superar aquilo, seja para terminar o game ou vencer seus amigos.

Um pessoal reclamou que o jogo não tem tantas novidades. Entendo a reclamação, mas o game mudou sim, ficando mais fácil em algumas partes e difícil em outras. Fases foram modificadas, atalhos foram retirados, o sistema para desbloquear personagens mudou, entre outras coisas - isso falando sobre o Modo Aventura. Claro, não é nenhuma grande revolução, mas esse é um remake. Uma mudança grande é um risco grande demais para correr aqui.

As maiores novidades estão fora do Modo Aventura, ainda que todas as dublagens em português e as animações estejam sensacionais e sejam novas. Vale lembrar que CTR é de uma época onde dublagem em PT pra game não existia, muito menos popularização do inglês; entender o que o Aku-Aku fala, que são dicas(!), é pura novidade.

Nitro-Fueled possui um Modo Online, que vamos falar melhor já já, e o Arcade, onde incorporou cenários de Crash Nitro Kart, a sequência direta de Team Racing, lançada para PS2. Tag Team Racing, o terceiro game da série, também foi lembrado com personalizações próprias. O Arcade mantém todos os modos clássicos, seja corrida rápida, batalha, cristais, relíquias, até o Contra o Tempo, onde você pode desafiar, sofrer e desbloquear o N. Tropy.

Ainda, vale citar o sistema de customização do jogo, uma novidade divertida e bem vinda, onde você pode personalizar seu kart e piloto.

Todos os personagens possuem cores e trajes diferentes para testar, um mais insano que o outro; você pode transformar o N. Gin em uma bailarina e o Crunch em um dálmata, por exemplo. Isso adiciona ao elemento maluco do game, que não basta mais toda a gama de personagens insanos; agora eles podem ficar ainda mais fora da casinha.

A customização é ótima também para o Modo Online de Nitro-Fueled. Nele você pode escolher corrida ou batalha, em uma sala individual, com amigos, ou aleatória. Então, no caso, você vai jogar contra oito pessoas e podem ser oito Crashs ou oito Cocos. Personalizados, pelo menos os pilotos não ficam a mesma coisa.

Falando sobre ele, o Modo Online é bem divertido e eficiente, principalmente para essa época onde é mais difícil receber os amigos em casa pra jogar. Ainda que seja muito mais legal soltar três mísseis seguidos em alguém que você goste muito, jogar com gente aleatória também tem sua dose de adrenalina. E, pela minha jogatina, nenhum bug ou lag presente na corrida, tudo super fluido. O sistema de escolha de pistas é através de votação dos jogadores.

O game também traz um sistema de compras, aparentemente apenas com moedas do jogo - o Pit Stop. Lá você consegue skins novas, desbloqueia personagens, karts, adesivos e, ao que tudo indica, logo teremos mais conteúdos, como novas pistas e itens.

Com tudo dissecado, o principal aqui é a nostalgia. Crash Team Racing é um game clássico, o Mario Kart da PlayStation. É aquele jogo que muita gente guarda no coração porque vivenciou ele com amigos, família, passou raiva, gritou, brigou, riu e venceu. É um tipo de experiência que mudou muito com o tempo - são 20 anos de lançamento já - e é lindo demais ver o cuidado que a desenvolvedora teve para tentar resgatar um pouco desse sentimento.

Se você jogou CTR naquela época e pegar o Nitro-Fueled hoje, duvido que o game não vai te despertar algumas memórias. Pode soar como exagero, mas em alguns momentos me senti voltando lá atrás, pra quando estava tentando dominar todas as pistas, relembrando curvas e macetes, e nem parecia que a última vez que eu joguei isso foi há pelo menos 15 anos.

A dica é a seguinte: se você não jogou o original, esse é um game tão bom - pra algumas pessoas, melhor - quanto Mario Kart. Extremamente divertido, bem feito e viciante, pra você investir horas e horas e horas, desbloquear todos os personagens, correr em todas as pistas e desafiar todo mundo.

Se você é das antigas, não apenas devore o game, mas chame aqueles amigos das antigas pra algumas partidas. Você não vai se arrepender.

Por tudo isso, Crash Team Racing Nitro Fueled recebe nota máxima, 5 Aku-Aku’s!

É o jogo perfeito? Talvez sim, talvez não, o importante é o que ele evoca e que entrega o prometido. Parabéns Beenox e obrigado Activision pela cópia do game para review. Minha criança interior não poderia estar mais feliz.

Mas e vocês, já experimentaram o novo CTR? Como foi? Não esqueçam de comentar! E bora correr, galera o/