[CRÍTICA] Crash Bandicoot: N. Sane Trilogy – Uma bomba nostálgica!

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[CRÍTICA] Crash Bandicoot: N. Sane Trilogy – Uma bomba nostálgica!

Por Lucas Rafael

Às vezes, você tem esse carinho por algo de sua infância que, ao ser revisitado, acaba desmoronando. Não era tão bom assim, você só não era maduro o suficiente pra perceber que era ruim.

Com Crash Bandicoot N. Sane Trilogy, um pedaço significativo da infância de muitos foi refeito e agora está de volta nos holofotes da indústria, tendo algumas de suas mecânicas alteradas e os gráficos polidos para a nova geração.

Imagens: Divulgação

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Quando a Activision anunciou o remake dos três primeiros títulos de Crash Bandicoot (os originais sendo produzidos pela Naughty Dog), nostalgia e alegria foram minhas primeiras reações. Eu passei mais tempo do que gostaria de admitir em minha infância jogando os títulos do marsupial vermelho, obcecado em quebrar todas as caixas e coletar todas as gemas e cristais.

Enquanto muitos amigos meus cresceram com o SNES jogando Mario, StarFox e outros títulos, sempre acompanhei essa geração de games meio que por tabela, indo na casa desses amigos pra ter um gostinho do que eram videogames.

Até que eu ganhei meu ps1 e, embora eu não tivesse Mario ou as franquias da Nintendo, rapaz, como eu era feliz em ter Crash Bandicoot. Será que o jogo do marsupial ainda se sustenta?

Uma aulinha de história

Crash, pra quem não conhece, é um antigo mascote da Sony cuspido e escarrado dos anos 90. É só olhar pro design desproporcional dos personagens, as cores gritantes, aquele tom meio maluco, sem falar do personagem em si que parece uma raposa de tênis e calça jeans. Mas pera, não é uma raposa, é um "bandicoot", uma criatura mutante criada em laboratório pelo nefasto Doutor Neo Cortex, um cara baixinho com um N na testa pra você ter certeza de que ele é o Neo Cortex e não confundir.

Tinham também aqueles comerciais de um cara vestido de Crash chamando o "encanador" pra briga no próprio estacionamento da Nintendo. Rapaz, não fica mais anos 90 que aquilo (até fizeram uns vídeos novos recentemente, homenageando esses comerciais clássicos para promover a trilogia remasterizada).

Depois de um tempo, a Naughty Dog perdeu os direitos do personagem, com a Universal os vendendo pra Activision. A Activision até tentou, coitada, saíram uns joguinhos meia boca do Crash para o PS2 (Of The Titans não era péssimo, vai) mas a mudança radical no teor do personagem (e alguns jogos que eram ruins mesmo) acabaram por sepultar o marsupial.

Agora é 2017, a Activision botou a mão na consciência e pensou "rapaz, a galera gostava mesmo daqueles três primeiros jogos né" e temos a trilogia original de Crash remasterizada pelas competentes mãos da Vicarious Visions.

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É insanamente bom!

Ao iniciar o jogo e embarcar na aventura nostálgica oferecida por N. Sanity Collection, eu estava com um sorriso bobo no rosto que demorou pra ir embora. O remake aqui é simplesmente lindo, Crash possui uma textura de pelos brilhosa e ainda é o Crash, não aquela aberração com tatuagens tribais da era PS2. É o seu velho amigo Crash, agora em HD e mais estiloso do que nunca.

A trilha sonora foi remixada, mas continua remetendo bastante à original. Todos os elementos estão aqui para fazer desse jogo uma viagem no tempo digna do seu passado, e o melhor de tudo...as coisas se sustentam. Crash sempre foi um jogo de plataforma 3D sólido e o fato de, em pleno 2017, eu conseguir me viciar (por fatores além de mera nostalgia) diz muito sobre o mérito técnico do jogo para sua época. Lá nos anos 90, a Naughty Dog já era sinônimo de qualidade.

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Pular já foi mais fácil

Nem tudo são flores. Crash Bandicoot 1 tinha umas físicas estranhas, e eles tentaram arrumar isso nesse remaster, o que faz com que algumas fases como High Road sejam um inferno pra passar (a não ser que você apele pras cordinhas). Tem alguma coisa errada com o pulo do boneco, a hitbox do personagem faz ele cair em partes onde não devia, o que gera uma certa frustração duramente punitiva em algumas fases.

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Outra coisa que esse remake de Crash me fez perceber é que os anos não foram gentis com a minha coordenação psicomotora. Fases que eu costumava passar brincando se tornaram um pesadelo e essas corridas de moto em Crash Warped sempre foram tão difíceis?

Não é o remaster que deixou as coisas difíceis (tirando a física do pulo, que realmente é uma desgraça em alguns níveis), talvez eu fosse uma criança mais alerta e operante, talvez as mudanças causadas pela evolução dessa indústria me tornaram um casual. Vai saber.

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A recomendação pra quem cresceu com os jogos do Marsupial e possui uma certa nostalgia atrelada ao personagem aqui é certa: vai sem medo, o negócio tá bonito e, mais importante que isso, mais divertido do que nunca.

Se você nunca jogou Crash e está se perguntando sobre o que é todo o barulho, vamos com calma.

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A trilogia original que esse pacote reconstrói teve início nos anos 90, engessada pelas limitações da época. Temos aqui jogos divertidos e, em alguns pontos, legitimamente desafiadores e punitivos. Mas embora Warped e Cortex Strikes Back possuam uma variedade maior de jogabilidade, o jogo raramente vai quebrar o molde de um game de plataforma linear: pular, girar e desviar de obstáculos. Você acha que isso é pra você? Ótimo, experimente sem medo. As convenções atuais da indústria dos games podem fazer a experiência de Crash parecer datada, mas aí, vai de suas preferências pessoais.

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Os diferenciais oferecidos pelo remake além dos gráficos incluem algumas pequenas modificações em certas fases em prol da conveniência, além da possibilidade de jogar com a irmã de Crash, Coco, em todos os três jogos.

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O preço da trilogia não está tão salgado e o pacote oferecido aqui é consistente: Três ótimos jogos em um. Como mencionado anteriormente, se Crash fez parte de sua infância, é certo que essa remasterização será divertidamente incrível (e em partes desafiadora) para você. Se você nunca encostou em um título do Bandicoot e tem uma quedinha pelo gênero plataforma, pode ser que encontre um novo vício nesse pacote.

Crash Bandicoot 1 é certamente o mais datado, mas não deixa de oferecer um jogo de plataforma sólido. É o mais difícil da trilogia também.

Crash Bandicoot 2 Cortex Strikes Back é o preferido de muitos, contando com uma variedade maior de níveis e desafios.

Crash Bandicoot 3 Warped é considerado o santo graal da franquia, equilibrando a dificuldade dos títulos anteriores e oferecendo níveis consideravelmente variados.

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Nota

Crash Bandicoot N. Sanity Trilogy traz o marsupial vermelho de volta em toda sua glória, lembrando porque gostávamos tanto de jogos ambientados em paisagens gritantes, povoadas por cientistas cabeçudos e animais bombados, com caixinhas que davam maçãs, vidas ou explodiam.

Eu tenho uma curiosidade sincera em saber a opinião de jogadores que não sabem quem é Crash Bandicoot acerca desse remake. No entanto, fica aqui minha opinião como alguém trajando os óculos da nostalgia: obrigado Activision, Vicarious Visions, Naughty Dog e todos os envolvidos. A nota final para Crash Bandicoot: N. Sanity Collection é 4.5/5. Sendo possivelmente o melhor remake de um jogo antigo que tivemos recentemente.

Existe um respeito muito grande com a franquia original e, embora algumas mudanças prejudiquem a experiência em partes pontuais, a soma de suas qualidades e a catarse da nostalgia fazem valer muito a pena. Agora, se me dão licença, faltam umas gemas pra eu platinar Warped mais uma vez.