[CRÍTICA] Capitã Marvel – Quanto maior a queda, mais alto o voo!

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[CRÍTICA] Capitã Marvel – Quanto maior a queda, mais alto o voo!

Por Gus Fiaux

Após uma longa espera, Capitã Marvel finalmente chegou aos cinemas, marcando o primeiro filme protagonizado por uma heroína no Universo Cinematográfico da Marvel. Agora, é a hora de voltarmos uns 20 anos no passado para descobrirmos mais da origem de Carol Danvers.

Será que o filme, cuja responsabilidade é enorme, consegue cumprir sua tarefa com êxito? Nós conferimos o longa – e aqui vai nossa crítica a respeito do mais novo lançamento da Marvel Studios, preparando o terreno para o que virá em Vingadores: Ultimato!

Créditos: Disney

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Ficha Técnica

Título: Capitã Marvel (Captain Marvel)

Ano: 2019

Data de lançamento: 7 de março (Brasil)

Direção: Anna Boden e Ryan Fleck

Duração: 124 minutos

Sinopse: Carol Danvers se torna uma das heroínas mais poderosas do universo quando a Terra fica no centro de uma guerra secular entre duas raças alienígenas.

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Capitã Marvel - Quanto maior a queda, mais alto o voo!

Embora a Capitã Marvel já tenha sido declarada como a heroína mais poderosa do Universo Cinematográfico da Marvel, isso não significa que ela é invencível ou completamente livre de falhas. Em seu filme solo, a vemos apanhando e suando para derrotar seus oponentes. Mas a cada queda, ela se levanta - e é exatamente disso que heróis são feitos.

Vigésimo primeiro lançamento dentro da franquia iniciada em 2008, com o primeiro Homem de Ferro, o longa é o primeiro filme da Marvel Studios protagonizado por uma heroína - o que é uma tarefa sem igual. No entanto, assim como a própria personagem, o longa enfrenta grandes obstáculos, ainda que no final, o voo seja recompensador.

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Na trama, somos apresentados a Vers, uma heroína dos Kree, que luta com várias falhas em sua memória. Ela embarca em uma perigosa jornada para livrar o universo da ameaça dos Skrull, alienígenas capazes de mudar de forma e se transformarem em qualquer pessoa à sua escolha - o que os torna infiltradores natos, que ameaçam a hegemonia do Império Kree.

Falar muito mais do que isso seria fornecer spoilers consideráveis sobre a trama. Mas, partindo dessa premissa inicial, podemos falar um pouco sobre os personagens. E para a tristeza dos detratores, Brie Larson entrega uma ótima performance no papel da protagonista. Carismática e vulnerável, ela entrega uma personagem super-poderosa e, ao mesmo tempo, humana.

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E o que desperta essa humanidade são justamente as interações com outras figuras muito importantes. O Nick Fury de Samuel L. Jackson está de volta, vinte anos mais jovem do que quando o vimos pela última vez. E embora ele seja bem diferente do líder destemido da S.H.I.E.L.D., podemos ver um personagem bondoso e esperto, que está na jornada para se tornar grandioso.

Outro destaque está em Lashana Lynch, que faz o papel de Maria Rambeau. Ela fornece a base "terrena" de Carol Danvers, deixando subentendido um contexto de sororidade e poder feminino, que acaba trazendo um aspecto importante para o longa. Sem dúvidas, ela rouba algumas cenas, especialmente ao interagir com Carol.

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Os membros da Starforce - o esquadrão de elite dos Kree -, por outro lado, são descartáveis e mal-utilizados. Tirando o personagem de Jude Law, que tem uma participação significativa na trama, todos os outros são subdesenvolvidos. Atores como Gemma Chan e personagens como Ronan e Korath são, mais uma vez, desperdiçados.

O mesmo, no entanto, não pode ser dito sobre Talos, o antagonista vivido por Ben Mendelsohn. O líder dos Skrull possui uma trama com camadas secretas, que se desabrocham com o passar da trama, transformando-o em uma figura torturada e tridimensional - algo que certamente surpreenderá o público, especialmente durante o clímax do segundo ato do filme.

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Contudo, o que falta para que Capitã Marvel atinja todo seu potencial? Bem, se os personagens são ótimos e a história é interessante, o mesmo não pode ser dito sobre a direção de Anna Boden e Ryan Fleck. A dupla, responsável por filmes como Half Nelson: Encurralados e Sugar, entrega aqui um trabalho raso e pouco inspirado, o que prejudica a jornada de Carol.

Várias decisões de direção acabam sendo prejudiciais para a história: a montagem é confusa e atropelada, criando um ritmo frenético que não deixa o público respirar, a direção de arte é genérica e sem nenhum grande apelo visual. O mesmo vale para os efeitos visuais inconstantes - que ora são imperceptíveis e impecáveis, ora escancarados e mal-finalizados.

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Isso acaba sendo uma pena, já que a Marvel Studios, nos últimos anos, conseguiu pegar diretores de vertente independente - como Taika Waititi, Jon Watts, Ryan Coogler e os Irmãos Russo - e transformá-los em grandes nomes da indústria cinematográfica. Fleck e Boden desapontam, e seria pouco produtivo chamá-los para uma continuação, caso seja feita.

Para piorar, algumas decisões de roteiro - especialmente no que diz respeito à condução da trama - fazem com que o trabalho dos diretores saia ainda mais prejudicado. Assim como Carol Danvers no início de sua jornada, o filme sofre com crises de identidade, por vezes até tentando emular elementos de outros longas, como Guardiões da Galáxia.

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A trilha sonora, apesar de pouco original, possui seus momentos de genialidade, conferindo peso à personagem. O mesmo, no entanto, não pode ser dito sobre o design de som do filme, que também sofre com decisões controversas - afinal, por que raios os Skrull fazem o mesmo som que o Chewbacca de Star Wars?

Ainda assim, não estamos diante de uma perda total. Mesmo com trancos na decolagem, o filme traz um voo seguro para a heroína. Como longa de apresentação, Capitã Marvel não se distancia muito de outros filmes de origem do *Universo Cinematográfico da Marvel***, o que de forma alguma o torna uma experiência arrastada ou maçante.

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Como de costume, o humor da Marvel Studios é destaque - mas está melhor equilibrado aqui, ficando de lado quando o drama é necessário. Ainda assim, pode esperar para dar gargalhadas, especialmente quando Goose está presente - o gatinho rouba a cena e ainda conta com uma surpresa bem agradável para os fãs das HQs da heroína.

Além disso, a primeira das cenas pós-créditos é imperdível, sedimentando o caminho para a entrada da Capitã Marvel em Vingadores: Ultimato. Outro momento que deve ser mencionado é o tributo a Stan Lee, feito logo no começo do filme. Prepare-se para, no mínimo, lacrimejar.

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No fim das contas, Capitã Marvel funciona melhor como introdução para a personagem do que como filme. Com uma direção genérica e atrapalhada, o longa demora para encontrar sua voz. Isso, no entanto, não acontece com a heroína, que encontra vida e forma na atuação equilibrada e cheia de potencial de Brie Larson.

Não ficando muito atrás de outros longas introdutórios do Universo Cinematográfico da Marvel, o filme pode até ser um obstáculo para que a personagem demonstre seu verdadeiro valor, mas ela ainda assim consegue se livrar das amarras da direção e do roteiro, provando que quanto maior for sua queda, mais alto ainda será sua decolagem.

NOTA: 3,5/5