[Crítica] Call of Duty: WWII – Velha roupagem, velhos truques!
[Crítica] Call of Duty: WWII – Velha roupagem, velhos truques!
Franquia icônica da Activision volta às origens em sua ambientação.
Franquias anuais de jogos são complicadas, afinal a saturação é um problema. Todo ano temos um Call of Duty novo saindo, visto que é uma das franquias mais rentáveis da indústria, e todos os anos os desenvolvedores tentam adicionar aqui e ali alguma novidade.
Call of Duty caminhava cada vez mais em direção ao futuro. Primeiro era “Modern Warfare”, com drones futurísticos e apetrechos espalhafatosos, até que chegamos em Advanced e Infinite Warfare, em que a franquia dispunha de trajes que aumentam a capacidade do soldados e guerras em outros planetas. A fadiga começou a ser sentida pelos fãs, a série mantinha seus pontos de brilhantismo intactos, mas um cansaço começava a despontar.
O novo Call of Duty quer voltar às origens. Esqueçam as naves espaciais, a guerra moderna, os drones, os exoesqueletos e tudo mais. “Boots on the ground” era a frase utilizada pelos desenvolvedores durante o marketing do jogo. “Botas no chão.” A visceralidade da Guerra novamente. Mas e aí, como ficou o resultado?
A Campanha
Você já assistiu O Resgate do Soldado Ryan?
O filme é uma referência constante para a ação recorrente em Call of Duty: WWII. São diversas as partes que emulam a obra de Spielberg ou outras obras relacionados a segunda guerra, como Band of Brothers, por exemplo.
A campanha nos coloca nas botas de Daniels e nós acompanhamos sua amizade com os membros de seu esquadrão. Um deles é Zussman (Interpretado pelo ator Jonathan Tucker) e, a partir disso, temos a receita para aquelas narrativas sobre a amizade na guerra, camaradagem e sacrifício pelo próximo.
A primeira missão começa com a invasão nas praias da Normandia e ela é um início promissor. Visceral e suja em sua apresentação, a guerra rapidamente parece mais como uma desesperada luta pela sobrevivência do que um filme de ação heroico como os CoDs anteriores. É um ótimo início.
Passados os primeiros momentos do jogo, os “Call of Dutyísmos” lentamente voltaram a aflorar. Trechos scriptados, setpieces absurdas e personagens unidimensionais fazem da campanha de WWII algo inconstante. Tem seus pontos altos e umas missões furtivas interessantes, mas em sua maioria é basicamente: progrida, faça alguma coisa que vai ativar uma setpiece digna de um filme do Michael Bay, siga em frente até a próxima fase.
Existem momentos, assim como nos outros títulos, em que assumimos veículos terrestres, aviões ou somos forçados a dar uma de sniper. É a fórmula Call of Duty de sempre, apresentada de uma maneira um pouco mais desajeitada aqui.
É uma questão de anestesia. Quem jogou a maioria dos títulos até aqui sabe o andar da carruagem de uma campanha de CoD. As cenas cinematográficas não são mais tão interessantes e quebram o flow da jogabilidade, gerando momentos de tédio - tem uma aqui envolvendo um trem que se estende a níveis cômicos.
Se você é um novato na franquia, pode ser que elas te surpreenderão como já surpreenderam muitos, outras vezes em títulos anteriores. Vai de você.
O final da campanha tenta a todo custo ser pungente e fechar um arco emocional, mas a tentativa é tão gritantemente forçada que não funciona. Os créditos sobem e você não sente nada direito.
Gráficos, jogabilidade, essas coisas.
O jogo é lindo, a ambientação é de tirar o fôlego e algumas fases com chuva e outros elementos climáticos são extremamente belas.
Em termos de controle, o jogo controla como os CoDs antigos, sem o excesso de rapidez dos atuais. Existe, sim, uma rudimentaridade maior ao gameplay, que é muito bem-vinda.
Apenas em alguns momentos, o jogo controla de maneira estranha, principalmente quando resgatamos soldados feridos do campo de batalha.
O Multiplayer
Aqui o compasso frenético e caótico de Call of Duty continua, ainda que de maneira mais rudimentar. Os modos Team Deathmatch e Kill Confirmed estão de volta, mas tem uma adição legal aqui, o modo War, que realmente é uma novidade na franquia, trazendo um escopo maior e necessitando de um time engajado e cooperativo para alcançar a vitória.
O problema aqui são os mapas: nenhum é particularmente digno de nota, não temos um novo Nuketown ou algo do tipo.
O design de alguns mapas do jogo tende a serem circulares, então você está, na maioria das vezes, dando voltas e flanqueando alguém, ou sendo flanqueado por alguém.
Outra novidade é o “Quartel general”, em que você recebe ordens de missões para alcançar no multiplayer e pode engajar socialmente com outros jogadores, realizando algumas atividades secundárias. Já jogou Destiny? É a mesmíssima coisa da torre. Tem até uma maneira de jogar um “mano-a-mano” com outro jogador.
Modo Zombies
O modo zombies é sempre legal e aqui não é exceção. Reúna uns amigos, cada um escolhe uma classe, um personagem e então progridem juntos por um cenário apocalíptico, coletando upgrades enquanto uma historinha é contada e inimigos mais fortes vão surgindo.
É legal pra caramba e dá pra jogar com o David Tennant (Doctor Who), o que também é muito legal.
Nota do Jogo
O novo Call of Duty não reinventa a roda da franquia e não a faz voltar para seus dias de glória. Se você é um fã da franquia e adora o formato dos jogos, WWII não irá te decepcionar, mas não vai ter surpreender.
A nota final para Call of Duty: WWII são três capacetes de 5, porque eles são uma proteção importante durante a guerra e segurança vem em primeiro lugar.