[CRÍTICA] Batman Ninja – A Bizarra Aventura de Batman
[CRÍTICA] Batman Ninja – A Bizarra Aventura de Batman
Só faltou tocar ‘Roundabout’.
Quando Batman Ninja foi anunciado, ele veio acompanhado de diversos questionamentos.
Afinal, teríamos um anime 3D do Batman lançado no Japão e no ocidente? Como seria essa história? De onde saiu essa ideia? Não é algo muito doido, não? Dirigido por japoneses e com toda a estética de animações do lado de lá do mundo, teríamos uma nova interpretação do Homem-Morcego.
Após alguma expectativa, depois de um ou dois trailers lançados, o filme chegou ao mercado e trouxe momentos surpreendentes em sua história e produção.
Leia nossa crítica completa, sem spoilers, e saiba o que esperar!
Ficha Técnica
Título: Batman Ninja
Ano: 2018
Lançamento: 8 de maio de 2018 (Brasil)
Direção: Junpei Mizusaki
Duração: 85 Minutos
Sinopse: O Cavaleiro das Trevas é transportado para o Japão feudal junto com os seus piores inimigos, graças à máquina do tempo do vilão Gorilla Grodd. Seus arqui-inimigos são senhores feudais que reinam terras divididas e o Coringa está liderando a guerra entre as facções. Sem acesso às suas armas e utensílios, Batman vai depender de suas habilidades e de seus amigos para salvar o local e voltar a Gotham dos dias atuais.
Uma jornada inesperada
Batman Ninja é um produto inesperado em quase todos os seus aspectos. A DC Comics e a Warner têm se concentrado em lançar animações do Homem-Morcego, mas seguindo uma determinada “linha do tempo”, com exceção de um especial ou outro.
Aqui tudo isso se perde e somos levados a uma história 100% original, deslocada de qualquer linha do tempo e ainda por cima no estilo “anime”, com traços japoneses e narrativa digna das melhores animações disponíveis neste gênero.
E, acredite, o resultado é inusitadamente satisfatório.
Como ele foi parar lá?
Não pense que se trata de uma história onde o Batman é contado como herói japonês, pois ela começa em Gotham, a cidade do herói. Após lutar contra Gorilla Grodd, o Homem-Morcego é surpreendido com uma máquina que o desloca pelo tempo e espaço, levando-o diretamente para o Japão feudal.
Lá ele descobre que se passaram dois anos desde sua chegada e a chegada de seus aliados e inimigos. Mulher-Gato, Robin, Asa Noturna e, claro, o Coringa, estão todos lá, há bastante tempo, já acostumados com o ritmo japonês de suas vidas e a cultura local.
Logo, Bruce Wayne descobre um plano para alterar a linha do tempo e também nota que sua presença ali não é um mero acaso.
Que narrativa doida!
Batman Ninja é completamente absurdo. E no bom sentido!
O filme não se leva a sério em momento algum e o espectador também precisa levar isso em conta. Tudo bem que é sempre ruim quando uma produção cinematográfica tem que se justificar perante sua narrativa um pouco menos convencional e este é um ponto fraco do anime. Mas, ainda assim, o resultado final é incrível.
Mas, reforçando: tenha em mente que a história tem várias cenas absurdas e que foram feitas de propósito.
Nada é o que parece
Ao longo de seus pouco mais de 80 minutos, Batman Ninja te leva em uma jornada sem precedentes, fazendo com que você não saiba o que esperar.
A narrativa quebra vários paradigmas e estruturas clássicas de filme deste tipo, transformando o papel de herói em lenda desde os primeiros minutos da animação e nos levando a uma série de reviravoltas no roteiro, ao longo de sua projeção.
E, vale lembrar, este anime é totalmente diferente daquele lançado pela DC, há algum tempo.
Mantendo-se fiel às origens
Mesmo que ele tome diversas liberdades narrativas e te coloque em um turbilhão de momentos bem exagerados, Batman Ninja também pode ser apreciado por quem curte os quadrinhos originais do Homem-Morcego.
Talvez a única exceção seja a personalidade de Robin (Damian). Ele está muito amigável, muito feliz e bastante infantil. De resto, contudo, todos os personagens se saem muito bem e de acordo com o que você, eu, nós conhecemos dos quadrinhos da DC Comics, sejam eles heróis ou vilões.
O mais interessante é que todos os conceitos clássicos estão muito bem misturados à cultura japonesa, incluindo elementos que você só vê em seriados da Terra do Sol Nascente – mas que não vamos abordar aqui, para não estragar suas surpresas.
Diferenças de elenco
Esta crítica se refere à versão ocidental de Batman Ninja que, declaradamente, é diferente da edição oriental – que sai apenas em junho. Contudo, vale notar que a versão japonesa do filme conta com uma série de dubladores famosos nas vozes dos personagens, entre eles Daisuke Ono, Takehito Koyasu, Rie Kugimiya, Wataru Takagi e Koichi Yamadera. Se você é conhecedor de anime, sabe que todos estes nomes estão envolvidos no seriado JoJo’s Bizarre Adventure – segura essa informação!
Na edição norte-americana, e brasileira, os nomes são outros, obviamente. Mas eles também são conhecidos de quem já assistiu qualquer desenho da DC Comics lançados nos últimos anos. A única coisa ruim é que temos muitos atores em mais de um papel. Tara Strong, Fred Tatasciore e Yuri Lowenthal dublam mais de um personagem ao longo do filme, e isso soa como “pressa” por parte da produção.
Não que tenha ficado ruim, mas era algo que poderia receber uma atenção melhor da produção ocidental.
Diferenças de roteiro
Também foi confirmado que a versão ocidental tem pequenos elementos diferentes da edição japonesa, como informamos anteriormente, mas quase tudo está intacto! Inclusive a direção de Junpei Mizusaki e boa parte do roteiro original de Kazuki Nakashima.
Mizusaki trabalhou como produtor em JoJo’s Bizarre Adventure (olha aí de novo!), enquanto Nakashima foi o roteirista do anime Kill la Kill e do seriado Kamen Rider Fourze. Quem conhece as obras citadas, sabe mais ou menos o que esperar de Batman Ninja, em termos narrativos ou de audácia nas ideias.
Influências bizarras
A citação no título não foi ao acaso. Batman Ninja tem, sim, muito de JoJo’s Bizarre Adventure, um dos animes e mangás mais influentes das décadas passadas, tendo inspirado séries e personagens em marcas famosas, como Pokémon e Street Fighter.
Além dos nomes envolvidos na produção que já citamos – entre elenco, roteiro e direção –, o filme conta ainda com trilha sonora de Yugo Kanno (responsável por JoJo's Bizarre Adventure Part 4: Diamond is Unbreakable).
O design dos personagens mantém um bom estilo e tem sintonia com a proposta do filme, de ser realmente inusitado e “fora da caixa”. Mérito disso vai para Takashi Okazaki, responsável pelo visual e também criador de Afro Samurai.
Conclusão
Batman Ninja é incrível. É irreverente, ousado, insano e diferente de muita coisa feita com o Homem-Morcego nos últimos anos.
O filme passa muito rápido de tão frenético que é seu ritmo e as claras influências de anime que segue, até por ter sido produzido no Japão, só somam muito para a experiência.
Como citado ao longo da crítica, tem alguns pequenos problemas, como caracterização de um ou outro personagem, além de depender demais da descrença do espectador. Mesmo assim, é um produto que merece destaque entre as animações recentes do personagem da DC Comics.
Nota: 4 de 5