[CRÍTICA] A Bela e a Fera – Mais do que apenas outro Clássico da Disney!

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[CRÍTICA] A Bela e a Fera – Mais do que apenas outro Clássico da Disney!

Por Chris Rantin

Com a direção de Bill Condon, o filme que conta com Emma Watson, Dan Stevens, Emma Thompson, Ian Mckellen e Luke Evans no elenco mostra a história da jovem moradora de uma pequena aldeia que se apaixona por um príncipe amaldiçoado, condenado a viver como uma criatura animalesca e feroz.

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Ficha Técnica

Título: A Bela e a Fera (Beauty and the Beast, no original) Ano: 2017 Estreia: 16 de Março de 2017 Direção: Bill Condon Classificação: 10 Anos Duração: 129 minutos

Sinopse: A moradora de uma pequena aldeia francesa, Bela (Emma Watson) tem o pai capturado pela Fera (Dan Stevens) e decide entregar sua vida ao estranho ser em troca da liberdade dele. No castelo, ela conhece objetos mágicos e descobre que a Fera é, na verdade, um príncipe que precisa de amor para voltar à forma humana.

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É uma super-produção

Logo no começo do filme, quando ainda estamos sendo apresentados à vida fútil do príncipe extremamente vaidoso, já podemos perceber a grandiosidade dessa produção da Disney, que não mediu esforços para criar um cenário de tirar o fôlego, além dos figurinos muito bem trabalhados.

Toda a estética do filme é linda, imponente e colossal, o que ajuda a reforçar a ideia de que, apesar de ser parecida, a realidade daquele mundo não é a mesma que a nossa. O contraste entre a antiga vida de Bela que deixa a simplicidade do campo e do vila para ir viver em um castelo cheio de escadas, jardins e ouro é muito bem trabalhado, sendo cada detalhe muito bem pensado para transmitir algum tipo de mensagem.

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Um bom começo

Diferente da introdução na animação de 1991, na qual acompanhamos a história através de um vitral, na adaptação vemos um pouco mais de cuidado ao mostrar a maldição da bruxa, explicando de forma mais clara suas motivações o que torna o filme bem mais coerente.

Assim, temos ainda na cena inicial, um dos melhores momentos do filme quando vemos surgir a pobre e velha feiticeira, buscando abrigo no suntuoso palácio. A sequência da bruxa oferecendo uma simples rosa para ele, sendo recusada por sua feiura só para se revelar como uma criatura incrivelmente linda - enquanto condena o príncipe a viver uma eternidade como a Fera - serve para, logo de cara, mostrar que estamos assistindo a um filme deliciosamente exagerado e cheio de magia, assim como um bom conto de fadas deveria ser.

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Bela

Uma das maiores diferenças entre a animação e o filme live-action se encontra na protagonista, interpretada de maneira brilhante por Emma Watson, a nossa eterna Hermione. Por mais que, de todas as princesas Disney clássicas, Bela seja a mais à frente do seu tempo, o filme de 1991 falha ao não revelar todas as camadas dessa personagem.

Na adaptação, no entanto, tudo flui melhor. Agora conseguimos ver toda a coragem de Bela, alguém que não tem medo de enfrentar a Fera, que se recusa a ceder às investidas de Gaston e que não pensa duas vezes antes de arriscar sua vida para salvar aqueles que lhe são queridos.

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Profundidade Emocional

Emma nos entrega uma Bela que é extremamente inteligente e criativa, alguns diriam até empoderada, que ainda possui um aspecto emocional bem profundo, cheia de dores e problemas, o que a torna uma personagem mais fácil de gerar empatia em quem assiste.

Bela sofre por ser rejeitada por sua vila, sendo criticada e humilhada diversas vezes simplesmente por não se encaixar naquela realidade. Sua solidão é muitas vezes jogada na sua cara pelos outros personagens, tendo basicamente apenas seu pai, que já é de idade, em sua vida. Além disso, ainda vemos seu sofrimento e angústia por não saber todos os detalhes de sua origem e o que de fato aconteceu com sua mãe. Bela reage de uma maneira real a esses problemas, ficando zangada, abalada e triste como qualquer outra pessoa real ficaria.

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Fera

Assim como com Bela, a Fera de Dan Stevens finalmente consegue explorar todo o potencial de seu personagem. No filme, temos uma besta verdadeiramente assustadora e selvagem que já perdeu as esperanças de voltar a ser humana e que, por causa disso, esquece o que era ser um homem. Assim, temos uma criatura mais animalesca do que civilizada, que não tem modos à mesa, não se recorda como era ser gentil e que já se acostumou a viver sozinho nas sombras.

Isso, contudo, não significa que o lado emocional da Fera não seja explorado. Pelo contrário, apesar de seu coração peludo, ao decorrer do filme conhecemos toda a vulnerabilidade, carência e frustração do monstro, que está cansado de viver uma vida amargurada e solitária.

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Gaston

O que seria de um filme da Disney sem um inescrupuloso vilão? Interpretado por Luke Evans, Gaston consegue ser um dos vilões mais cruéis que já tivemos nos contos de fadas, representando tudo que um ser humano tem de mais horrível: A ignorância, a crueldade e o egoísmo.

No decorrer do filme vamos vendo ele evoluir de um narcisista barato para um personagem cada vez mais obscuro e odioso, capaz de cometer as maiores atrocidades para conseguir o que quer: Bela. Sua obsessão pela moça é retratada de maneira brilhante, algo que se encaixa muito bem com o momento que vivemos na sociedade atual, com todas as críticas ao comportamento machista.

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Personagens não tão secundários

Quando você coloca atores consagrados como Emma Thompson e Ian Mckellen como coadjuvantes no filme, não tem como não esperar que eles acabem roubando a cena. Por sorte, apesar do imenso talento dos atores, todo o filme funciona muito bem, sabendo dosar cada personagem para que suas participações não se torne exagerada.

Isso não muda o fato de que, definitivamente, um dos pontos altos do filme são as cenas com os serviçais do castelo. Bem humorados, exagerados e capazes de mostrar todo a intensidade dramática que uma das cenas finais do filme precisava - outra diferença da animação muito bem trabalhada.

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O Romance

A trama do filme, que é o romance entre a Bela e a Fera, é trabalhada com muita delicadeza, sem cair no clichê do “amor à primeira vista”. Por mais que, depois que a tensão inicial é resolvida, os dois protagonistas começam a se dar bem e que realmente exista um certo carinho entre eles, tudo acontece de maneira muito gradual e espontânea.

Em determinado momento, quando Bela vê que existe mais no seu companheiro do que apenas a besta e sua agressividade, assistimos à personagem começar a questionar seus sentimentos, mas mesmo com todos os bons momentos juntos, é só no final do filme que ela realmente sente que se apaixonou por ele. É uma evolução muito sutil.

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Representatividade Importa

Talvez seja justamente por passarmos por um período de mudanças e questionamentos sobre machismo e preconceito, que o filme se torne tão importante para o contexto atual. As mudanças (e empoderamento) na Bela, o comportamento extremamente machista de Gaston e, como o diretor já havia anunciado, a sexualidade de LeFou são temas que são desenvolvidos de maneira delicada, mas que dificilmente o espectador conseguirá ignorar.

Estamos em 2017 e apesar das mudanças serem lentas, estamos dando passos importantes em direção ao futuro melhor e mais seguro para os grupos minoritários, garantindo toda a representatividade que merecem.

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Os verdadeiros vilões

Por mais que Gaston seja verdadeiramente ruim, ele não é o único que age como vilão no filme. Todo o vilarejo de Bela, repleto de preconceito, consegue ser tão ou mais cruel com a moça do que o vilão. Especialmente quando levamos em conta que a vila inteira participa do levante de Gaston contra a Fera, marchando para seu castelo prontos para matar alguém que eles nem conheciam.

Assim, o filme deixa muito claro que os verdadeiros vilões são o medo do desconhecido, a ignorância, o preconceito e a falta de empatia pelo outro. Uma crítica que, mais uma vez, combina muito bem com o momento que vivemos e que garante que o filme passe uma mensagem bastante importante para quem assiste.

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Nota

Com personagens carismáticos, uma história bem contada e um visual muito bem trabalhado, não teria como dar uma nota menor para o filme. Isso, contudo, não significa que a produção não tenha erros e pontas soltas que afetam o decorrer da trama.

Existem também algumas mudanças que poderiam ser mais exploradas, mesmo que isso acabasse resultando em algo que fugisse mais da proposta da animação clássica. Nesse ponto, vale dizer que talvez tenha faltado um pouco mais de ousadia por parte da Disney, mas entendendo que a proposta do filme era ser mais Cinderella do que Malévola, isso não afeta muito seu resultado final, garantindo que ainda seja uma boa produção do estúdio.

Nota: 4/5