Lançado em 1956, Tara Maldita foi a adaptação do romance Menina Má, de William March. Na trama, somos apresentados a uma garotinha dócil e aparentemente inocente chamada Rhoda Penmark. No entanto, a vida da garota parece rodeada de mistérios inexplicáveis, como todos que se machucam ao entrar em contato com ela.

Tida como uma das primeiras "crianças cruéis" da história do cinema, Rhoda é manipuladora e dissimulada, sem muito apreço pela vida humana e disposta a controlar sua própria mãe. A adaptação muda o final do livro por conta do Código Hays, dando a ela um final mais trágico, já que na época, nenhum vilão podia sair impune nos filmes de Hollywood.

Temos aqui o único exemplo da lista que nem sequer aparece no filme. *O Bebê de Rosemary é um dos maiores exponentes do Pânico Satânico, ao mostrar uma jovem mulher sendo manipulada por um grupo de adoradores do Diabo que desejam trazer à Terra o herdeiro maldito do inferno. E é aí que Rosemary Woodhouse começa a enlouquecer.

O bebê que dá nome ao filme, Adrian Woodhouse, nunca é mostrado em tela, mas sua presença aterradora é sentida a partir do momento em que a mulher se descobre grávida. A cena final do filme é ainda mais chocante e desesperadora, quando Rosemary reconhece que seu filho é um monstro e o portador do apocalipse.

Definitivamente, a criança mais assustadora do cinema não podia ser outra senão Regan MacNeil, a garota pura e inocente que logo é possuída pelo demônio Pazuzu em O Exorcista. Tendo aterrorizado várias gerações, ela é ainda mais apavorante porque acompanhamos sua transição entre uma jovem ingênua para uma criatura macabra e tenebrosa.

Tudo isso só é possível graças à atuação de Linda Blair, que criou um dos maiores ícones do horror mundial. A presença de Regan causa calafrios em diversos momentos, seja na cena de sua cabeça rodopiante, no vômito verde e apodrecido ou na infame sequência do crucifixo, que provam como a inocência pode ser corrompida pelo puro terror.

Qualquer narrativa sobre o Anticristo é digna de atenção e pavor de quem ama filmes de horror. E se O Bebê de Rosemary já fez isso com perfeição, A Profecia vai um pouco além, mostrando a presença de uma criança cuja influência é sentida das formas mais malignas e tenebrosas possíveis.

Damien Thorn é um órfão adotado por um embaixador americano. Sua presença causa eventos inexplicáveis e é a motivadora de tragédias bizarras, enquanto ele próprio parece sempre estar maquinando alguma coisa terrível. O fim do filme é ainda mais pavoroso, quando o vemos atingindo um status de poder incomparável.

Adaptação de um conto de Stephen King, a saga Colheita Maldita é o pesadelo rural perfeito. Aqui, todas as crianças de um pequeno vilarejo são influenciadas e começam a participar de um culto secreto para uma entidade maligna que habita nas plantações de milho no Nebraska. Aos poucos, os jovens se voltam contra os adultos e começam a matá-los.

No cerne disso tudo está Isaac Chroner, um menino de 12 anos que lidera essa seita diabólica. Introspectivamente, ele quer se livrar de todos os adultos e se manter uma criança para sempre, quase como uma versão sombria e distorcida do Peter Pan. E no fim, até seu olhar rende momentos e cenas apavorantes.

Outra adaptação de Stephen King para os cinemas, Cemitério Maldito mergulha em discussões profundas a respeito da morte e do luto. No meio desse redemoinho está Gage Creed, um jovem garoto que, ao morrer em um trágico atropelamento, é ressuscitado por seu pai, que o enterra em um lendário cemitério indígena.

Em poucas cenas, ele se prova uma criatura tenebrosa, sendo capaz de mudar sua forma e possuindo dons físicos sobrenaturais para uma criança de cinco anos de idade. Vale ressaltar que o remake de 2019, que atualiza a história e muda alguns elementos, "salva" Gage de seu destino trágico. Em seu lugar, é sua irmã mais velha, Ellie, que acaba morrendo e voltando à vida.

Outro filme que lida com vilarejos amaldiçoados com crianças sinistras, A Aldeia dos Amaldiçoados teve diversos remakes, mas o original até hoje se mantém como o mais tenebroso e assustador. Na trama, vemos todas as mulheres de uma vila misteriosamente engravidando do nada, dando luz a várias crianças pálidas, com olhos e cabelos brancos.

Essas crianças, lideradas pelo maligno David Zellaby, não aparentam ter nenhuma emoção e possuem poderes psíquicos, sendo capazes de ler e controlar as mentes de todos ao seu redor. Então começa uma influência sinistra pela cidade, que acaba em caos e morte. O visual aqui é um destaque, que torna as crianças ainda mais horripilantes.

Durante muitos anos, Macaulay Culkin estrelou diversos filmes e franquias - tornando-se, essencialmente, o "ator mirim" mais famoso de Hollywood. Em obras como Esqueceram de Mim e Riquinho, ele havia revelado um lado mais travesso e traiçoeiro, mas isso atinge outro patamar em 1993, com O Anjo Malvado.

Coprotagonizado por Elijah Wood, o filme conta a história de um garoto que se muda para a casa de sua tia, apenas para descobrir que seu primo - o jovem Henry Evans, vivido por Culkin - é um psicopata cínico e mentiroso. O filme ainda termina ao melhor estilo de A Escolha de Sofia, com a mãe de Henry tendo escolher entre duas crianças para salvar.

Já é de conhecimento geral que os Estados Unidos adoram repaginar franquias estrangeiras com suas próprias versões. O Grito é um desses casos, adaptado da saga Ju-On. E entre as assombrações que podemos encontrar aqui, temos Toshio Saeki, um fantasma vingativo que retorna para a casa em que foi assassinado.

Toshio é vítima da loucura de seu pai, Takeo, que acredita que sua esposa havia o traído com outro homem. Afogado na banheira de sua própria casa, ele é uma criatura pavorosa - e é a segunda assombração mais importante da franquia, atrás somente de sua mãe, Kayako Saeki, que é a primeira vítima da ira assassina de Takeo.

Ainda falando em j-horror, não podemos deixar de lado Samara Morgan (ou, no filme original, Sadako Yamamura). É seguro dizer que ela é uma das maiores faces do horror da década passada, nos fazendo ter medo de televisores e das lendas de fitas cassetes amaldiçoadas. Ainda conseguimos visualizar a imagem da assombração se arrastando para fora de um poço.

Em O Chamado, Samara é uma menina com habilidades psíquicas que quase deixa seus pais adotivos insanos. Ela então é jogada em um poço e morre, mas retorna como um fantasma vingativo, sendo convocada através de um vídeo cassete amaldiçoado. Basta assisti-lo e logo você receberá a ligação de que vai morrer em sete dias...

De todas as crianças da lista, Tomás, no fim, é o que se prova o menos maligno ou vingativo. No terror espanhol O Orfanato, vemos uma mulher retornando ao orfanato em que cresceu, em busca de transformar o lugar em sua nova casa, agora junto de seu marido e seu pequeno filho, Simón. O problema é que Simón começa a ficar amigo de um fantasma.

De acordo com ele, Tomás é uma criança que está sempre andando por aí sorrateiramente, com um saco de batatas escondendo seu rosto deformado. Embora a presença do menino seja sempre arrepiante, ele na verdade é um fantasma atormentado que nunca conseguiu deixar para trás o lugar em que viveu, por ter sofrido uma morte violenta.

Por fim, temos também a adição mais recente desta lista. Hereditário é um filme difícil, complexo e com momentos devastadores. E boa parte desse desconforto parte da presença de Charlie Graham, a filha mais nova de Annie e Steve. A menina, criada pela avó, é estranha e possui tiques enervantes, como sua constante mania de estalar a língua.

O filme nos apresenta com uma grande reviravolta ainda em sua metade, quando vemos Charlie sendo decapitada e morrendo violentamente, após uma crise alérgica. Contudo, sua presença nunca deixa de ser sentida, especialmente depois que descobrimos que ela foi criada para ser o receptáculo do demônio Paimon.