Clea apareceu originalmente nas páginas de Strange Tales #126, HQ publicada em novembro de 1964. A personagem surgiu cerca de um ano e meio depois da estreia bombástica do Doutor Estranho no mesmo título, e foi criada justamente para dar ao Mestre das Artes Místicas um interesse romântico próprio, já que essa era a tendência dos quadrinhos da época.

A personagem, como boa parte da mitologia consolidada de Strange, foi uma criação de Stan Lee e Steve Ditko. Seu visual era bem único e, mesmo com pequenas alterações, se manteve fiel nas características mais básicas: ela sempre traja tons de roxo, lilás e rosa, além de ter cabelos brancos. Porém, o seu papel nos quadrinhos evoluiu muito com o tempo...

Clea era filha do Príncipe Orini, um poderoso mago da Dimensão Sombria que estava destinado ao trono, mas perdeu quando o terrível Dormammu assumiu o poder dessa realidade caótica. Porém, ela passou anos e anos sem conhecer sua mãe. Criada sob o julgo absoluto de Dormammu, ela logo foi usada pela entidade para atrair seu maior rival, o Doutor Estranho.

Acontece que Strange logo se apaixonou por Clea e a trouxe para a Terra. Ele passou anos se dedicando a treiná-la e transformá-la em uma feiticeira que fosse poderosa o bastante para assumir seu lugar. Eventualmente, eles se casaram e, após uma traição do Mago Supremo, se separaram. Vale lembrar que Clea é da raça Faltine, seres nascidos da mais pura magia.

O mais interessante sobre Clea é justamente como ela vem de uma das famílias mais sombrias do Universo Marvel. A mãe da feiticeira é ninguém menos que Umar, uma integrante da raça Faltine que nutriu relações com o Príncipe Orini e, ao engravidar e parir, abandonou sua filha por perder a capacidade de regressar à sua forma original, de energia pura.

Acontece que Umar era irmã gêmea de ninguém menos que Dormammu, o assombroso vilão que logo se tornaria regente da Dimensão Sombria. Por mais que os dois maquinassem juntos em diversas circunstância, eles tinham também uma certa disputa por poder - o que fez com que Umar fosse banida por Dormammu para uma dimensão inferior após dar luz a Clea.

Após ser levada para a Terra, Clea teve a chance de interagir não apenas com o Doutor Estranho, mas com diversos outros heróis. Ela nunca teve muito destaque em equipes heroicas, mas vez ou outra apareceu para ajudar os Defensores originais em alguma missão muito perigosa, ou para trazer seus conhecimentos sobre a Dimensão Sombria.

Sua maior contribuição, contudo, veio quando ela se juntou às Destemidas Defensoras, um grupo liderado pela Valquíria que consistia apenas de super-heroínas. Foi aqui que ela aprendeu a lidar melhor com a separação de Strange, e ambos puderam seguir felizes como amigos próximos, sem deixar os erros do passado contaminar as lembranças felizes que construíram juntos.

Graças ao seu treinamento realizado por Stephen Strange, Clea se tornou uma feiticeira tão poderosa que poderia facilmente desarmar seu mestre. Ela retornou à Dimensão Sombria e tomou o poder, derrotando seu tio e sua mãe. Ela se tornou a Maga Supema dessa dimensão, mas suas aventuras não terminariam ali...

Recentemente, Strange se sacrificou para salvar a Terra de um grande mal, em um pacto feito com o demônio Mefisto. Antes de partir, ele deixou para trás alguns itens de presente para Clea - como o Manto da Levitação e o Olho de Agamotto. Clea, em posse desses artefatos, assumiu o lugar dele e adotou o nome Clea Strange, enquanto luta em sua ausência e tenta trazê-lo de volta dos mortos.

Como dito anteriormente, Clea faz parte da raça Faltine, possuindo os poderes associados à espécie - ela é feita de energia e inclusive pode assumir uma forma parecida com seu tio, Dormammu. Ela também pode voar livremente. Porém, a maior parte de seus dons veio do treinamento místico que teve com o Doutor Estranho ao longo de décadas.

Por conta disso, Clea é uma feiticeira muito poderosa. Ela pode conjurar e invocar demônios, abrir portais, criar ilusões e se comunicar com seus aliados através de telepatia - inclusive, ela possui uma conexão ainda mais forte com Stephen Strange. Clea também pode manipular matéria e energia e convocar as Chamas de Faltine, usando seu próprio corpo como arma.

Surpreendentemente, mesmo sendo uma personagem muito importante na mitologia do Doutor Estranho, Clea nunca teve muitas adaptações. Dito isso, ela ainda apareceu aqui e acolá, como em uma cameo que teve em X-Men: A Série Animada, em um episódio focado em Noturno. Ela não tem falas e aparece apenas no fundo.

Nos jogos, ela teve mais força, sendo desbloqueável em títulos como LEGO Marvel Super Heroes 2 e Marvel Future Fight. Em live-action, sua primeira aparição foi no filme televisivo do Doutor Estranho lançado em 1978, onde foi vivida pela atriz Eddie Benton. Contudo, nessa versão, ela é uma humana chamada Clea Lake, que não possui poderes ou origens místicas.

Agora, no entanto, a entrada de Clea no Universo Cinematográfico da Marvel foi confirmada através da primeira cena pós-créditos de Doutor Estranho no Multiverso da Loucura. A personagem aqui é interpretada por Charlize Theron, conhecida por seus papéis em Mad Max: Estrada da Fúria, Atômica e The Old Guard.

Na trama, Clea aparece para convocar o Doutor Estranho para que possa resolver um problema que ele mesmo causou e impedir uma Incursão. Essa trama deve levar diretamente para uma adaptação das Guerras Secretas, saga aclamada de 2015. No filme, podemos vê-la usando poderes mágicos para abrir uma fenda para a Dimensão Sombria.