Cidade Invisível: Todas as criaturas folclóricas que aparecem na série

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Cidade Invisível: Todas as criaturas folclóricas que aparecem na série

Por Gabriel Mattos

Atenção: Alerta de Spoilers!

A Netflix vem se mostrando uma imensa força motriz na produção de séries nacionais. Com um orçamento elevado e efeitos visuais de qualidade estonteante, Cidade Invisível estreou entregando ao folclore brasileiro o destaque que tanto merece.

Ao longo de sete episódios de tirar o fôlego, somos apresentados a representações contemporâneas de lendas que antes existiam apenas em nosso imaginário. Hora de aprender um pouco mais sobre a nossa história. Confira todas as criaturas folclóricas que aparecem em Cidade Invisível.

ATENÇÃO: As últimas lendas revelam SPOILERS enormes sobre a trama. Prossiga com cautela!

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O Boto Cor-de-Rosa

Logo no primeiro episódio, Eric (Marco Pigossi) encontra um golfinho rosado atolado em uma praia do Rio de Janeiro. O boto é o animal símbolo do estado, mas hoje não habita suas águas devido a poluição. Mas esse boto em específico não é um animal comum: ele possuía a habilidade de se transformar em um belo rapaz chamado Manaus (Victor Sparapane).

O nome Manaus é uma referência às origens de seu mito: a lenda nortista do Boto Cor-de Rosa. Ele é um homem malandro, sempre trajando um terno branco, que à noite usa seu charme para seduzir mulheres inocentes. Antes do sol nascer, ele mergulha em um rio, transforma-se em um boto cor-de-rosa, e foge sem deixar rastros.

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A Iara

Camila (Jessica Córes) é uma mulher bela e misteriosa que ganha a vida cantando pela noite em um bar na Lapa. Sua voz irresistível não vem apenas do seu talento para a música. Seu poder tem uma origem muito mais antiga, enraizada na lenda da Iara, a mãe d’água.

Outro mito que se originou na região amazônica, a Iara é uma belíssima criatura — meio peixe, meio mulher — que encanta pescadores desavisados com sua voz angelical. Ela atrai suas vítimas para o fundo do rio, onde os abandona para morrer. Tanto na série quanto nas lendas, sua motivação principal é se vingar de homens desonrados.

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O Saci-Pererê

A lenda mais difundida dessa lista é de longe o Saci-Pererê, que tem até mesmo um dia nacional celebrado em 31 de outubro. O Saci-Pererê é um homem travesso que pula em um pé só, fuma um cachimbo típico de tradições africanas e viaja em um redemoinho. Quem possuir o seu gorro vermelho poderá controlar suas ações, mas também atrairá sua fúria.

Algumas histórias afirmam que o Saci mora em um bambuzal, outras reforçam sua natureza travessa. Mas todas concordam que, junto com o Curupira, ela é um dos grandes protetores de nossas florestas. Na série, o Saci-Pererê aparece sob o codinome Isac — um jovem negro com perna protética que mora em uma ocupação na Lapa.

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Tutu Marambá

Tutu (Jimmy London) aparece de maneira bastante misteriosa: um homem encorpado, peludo, emburrado e com uma grande barba ruiva, que serve de segurança para o bar Cafofo — onde a Iara trabalha. Não descobrimos muitos detalhes de sua verdadeira natureza ao longo da série, apenas que ele possui a habilidade de se transformar em um porco-do-mato.

O porco-do-mato é conhecido em algumas regiões do Brasil como caititu e essa é uma das formas que o Tutu Marambá pode assumir, especialmente nas lendas baianas. Seu nome vem da palavra quitutu, do idioma africano kimbundo, que quer dizer "papão". Como o bicho-papão das lendas europeias, o Tutu é um ser envolto em escuridão que aterroriza os sonhos das crianças malcriadas.

Costuma estar associado a Cuca, como uma das entidades incorpóreas que exploram o medo. Entretanto, por se transformar especificamente em um porco-do-mato na série, pode ser um indício da chegada da Caipora na próxima temporada.

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Cuca

“Nana neném, que a Cuca vem pegar”... A canção da Cuca assombra crianças de norte a sul, tornando uma das entidades mais poderosas e influentes em nosso folclore. Sua forma mais conhecida surgiu como a crocodila de O Sítio do Pica-Pau Amarelo, antiga série infantil da Rede Globo, mas essa representação é fruto de um olhar colonizador dos portugueses.

No mito que se espalhou pelo Brasil, a Cuca não tem uma forma certa. Por vezes é descrita como velha e enrugada, mas o importante é sua habilidade de causar o medo no imaginário infantil. Vemos isso explícito na personagem Inês (Alessandra Negrini), a bruxa dona do bar Cafofo que usa seus poderes ilusórios para proteger as demais lendas dos perigos do homem.

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Corpo-Seco

O grande vilão da temporada, o Corpo-Seco é descrito como o espírito de uma pessoa ruim que foi rejeitado pelo céu e pelo inferno e fadado a caminhar eternamente sem rumo pela Terra. Também chamado de Unhudo, o Corpo-Seco é uma entidade mais conhecida na região do triângulo mineiro como alguém que morreu por ter cometido um pecado imperdoável.

Dizem que o homem que deu origem ao mito era um filho de fazendeiro rico e sem escrúpulos que morreu de uma doença desconhecida na época. Na série, houveram pequenas mudanças para deixá-lo mais assustador. Ele acaba morrendo pelas mãos do Curupira e demonstra habilidades sobrenaturais — como possessão e o poder de matar as lendas com seu olhar vazio — mesmo que isso não faça parte das lendas originais.

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O Curupira

Por fim, descobrimos que o Curupira se escondeu em plena vista fingindo ser uma pessoa bastante invisibilizada na sociedade. Nas lendas, ele é o mais ferrenho protetor de nossas florestas. Seus cabelos de fogo e pés virados para trás servem para despistar os caçadores e atraí-los para armadilhas.

Na série, ele é tido como a entidade mais poderosa e aparece em toda sua glória apenas no confronto final contra o Corpo-Seco. Há uma certa rivalidade com o Saci que é bem explorada, mas não dá para saber qual será o seu papel na próxima temporada.