A história de parte da família Lee está em meio a mistérios. Considerada "extraordinariamente bizarra”, a morte de Bruce, para alguns, foi o trabalho de um Oni (demônio japonês), para outros, motivo para se acreditar em maldições. As teorias ganharam ainda mais força quando seu filho, Brandon Lee, morreu de forma misteriosa durante as filmagens de O Corvo, em 1993.

Essa “Maldição da família Lee”, de acordo com o pai de Bruce, começou com o nascimento do ator. Nessa história, um demônio samurai queria levá-lo. Com mais incertezas do que respostas com a autópsia de Bruce Lee, as teorias de sua morte percorrem desde overdose de drogas até assassinato mandado por uma sociedade secreta.

Mesmo com um sobrenome claramente chinês, a descendência de Lee não é tão simples quanto parece. O lutador nasceu em São Francisco, Califórnia, era filho de integrantes da Ópera Chinesa, mas, de acordo com os estudos de Matthew Polly, também possuía ascendência judia, alemã e holandesa.

Sendo verdade ou não, Lee ainda sim era um cidadão do mundo. Sendo fluente em inglês, cantonês (dialeto chinês falado em Cantão), japonês e mandarim.

Lutar não é apenas sobre socos e chutes, mas ritmo e isso era algo que Bruce Lee possuía na ponta dos pés. Aos 18 anos, ele era tão bom dançarino que ganhou um concurso de cha cha cha em Hong Kong.

Essa miríade de talentos se estendeu também nas diversas artes marciais que captaram o interesse de Lee. Ele foi treinado por Yip Man na arte de Wing Chun, se aperfeiçoou em Jeet Kune Do, Kung Fu e procurou formas de adquirir novos e diferentes ensinamentos.

Dentre alguns dos estudados estava Kickboxing, Western Boxing, Karate, Judo, Tae Kawn Do. Dessa forma, Lee se destacou, para alguns negativamente, em misturar e criar novas técnicas.

Com a quantidade de conhecimento que acumulou, Lee desenvolveu a sua própria arte marcial: Jeet Kune Do, ou “O modo de se interceptar o punho”. Em 2004 a técnica recebeu um novo nome em homenagem ao ator: *Jun Fan Jeet Kune Do*, ou “O modo de Bruce Lee de interceptar o punho”*.

Muito mais que uma técnica, ela é uma filosofia advinda da corrente Taoísta, com influências do Budismo e de Krishnamurti. Mas, talvez a maior influência tenha sido no seu cotidiano. Percebendo a ineficiência das técnicas clássicas em combates reais, Lee preparou uma filosofia que buscasse uma abordagem mais direta.

“Se sua vida está ameaçada, você não para e pensa: Deixe-me ver se minha mão está na posição correta, ao lado do meu quadril ou se meu estilo é o estilo certo”, explicou o lutador. A prioridade passa de técnica para velocidade, usando golpes lineares ao invés de movimentos circulares das artes clássicas.

Saitama que se cuide! Bruce Lee aperfeiçoou uma técnica única chamada “Soco de uma Polegada” (ou The One-Inch Punch, no original). Com um movimento uníssono, Lee era capaz de gerar quantidades imensas de força de impacto com distâncias extremamente próximas.

Mesmo que a técnica não pareça tão impressionante com sua descrição, Bruce possui alguns nomes na lista de pessoas que nocauteou. Desde o lutador Uechi, que derrotou em 10 segundos em 1962, até o próprio Jackie Chan.

O segundo ocorrido aconteceu durante as gravações de Operação Dragão, em 1973, Lee acertou Chan com um nunchaku. Até hoje, o ator diz que foi o machucado mais doloroso que já sofreu em sua carreira. Vale lembrar que Jackie é conhecido por não utilizar dublês e performar cenas perigosas que já lhe custaram alguns ossos quebrados. Logo, não parece fácil entrar para o Top 1 ferimentos em cena do ator.

Mesmo com uma lista longa na sua filmografia, foi apenas em Jogo da Morte (1978) em que a produção foi filmada com som. Diferente dos outros filmes em que as cenas eram filmadas e depois dubladas. Porém, existem alguns vídeos de A Jornada de um Guerreiro (2000) em que se consegue ouvir o ator falando em inglês e cantonês.

Vale dizer que o lançamento de Jogo da Morte foi em resposta a diversos esforços para manter a história de Lee viva. No meio de sua produção, o ator já havia falecido, acarretando do filme ser lançado graças a imagens de arquivo e truques de edição. Nele, podemos ver o icônico macacão amarelo, homenageado depois por Quentin Tarantino em Kill Bill (2003).

Como o icônico lutador que se tornou, Bruce Lee acabou sendo parte da cultura pop, fosse como ele mesmo ou como referências a ele. Desde Judy Lee, “a Bruce Lee mulher” e o mercado do entretenimento tentando encontrar substitutos para o ator até personagens construídos com base em Lee. Dentre alguns marcantes e oficiais está Hitmonlee.

O Pokémon do tipo lutador do jogo da Nintendo foi inspirado nele. Outro personagem é do anime e mangá Shaman King, Lee Pyron. Já para o mangá de Yu-Gi-Oh! criaram Bruce Ryu, utilizando o nome chinês do ator como base: Xiao Long (“Pequeno Dragão”, em tradução literal) para Ryu (Dragão em japonês).

Mas, um dos mais lembrados, mas sem nenhuma confirmação em parte do autor é Rock Lee. O Furacão Verde de Konoha é uma referência óbvia a Bruce Lee, mas Masashi Kishimoto nunca confirmou isso. Por outro lado, ambos sofreram uma lesão na coluna que quase os incapacitou de lutar pelo resto da vida. Inclusive, foi no mesmo lugar: na espinha dorsal. Como diria Yuuko em ×××HOLiC, “nesse mundo não há coincidências, apenas o inevitável”.

Dentre as habilidades que Bruce desenvolveu com o tempo estava a velocidade de seus golpes. E isso acabou se tornando um problema para a tecnologia de captação de vídeo da época. Seus socos e chutes eram tão rápidos que as câmeras não conseguiam acompanhar, registrando apenas um borrão no ar. Dentre as soluções encontradas para resolver o problema estavam: (1) pedir para Lee diminuir a velocidade de propósito ou (2) diminuir a velocidade das suas cenas de luta na sala de edição.

Bom, se Lee conseguiu se segurar, essa é uma dúvida, pois em seus filmes — diferente da série Besouro Verde em que pediram para ele “desacelerar” — a solução foi trabalhar um pouco mais na edição.

Mesmo que uma das primeiras atuações tenha sido com um personagem baseado em quadrinhos, em 1950 com The Kid, a verdade é que Lee poderia ter saído de uma história da Marvel ou DC. Além de ter sobrevivido a uma lesão na espinha que poderia ser fatal, Lee mudou para os Estados Unidos após derrotar um criminoso em uma luta de rua.

De acordo com a Thrillist, ele humilhou o oponente, mas o acontecido teve um preço: Lee estava sendo procurado pela gangue do criminoso. Preocupados, seus pais decidiram mandá-lo para os Estados Unidos. Com apenas 800 dólares, o plano era ficar com alguns familiares que viviam no país. Por sorte, sua educação com artes marciais, atuação e inglês vieram bem a calhar.