Avatar: O Último Mestre do Ar: 6 coisas que a série live-action da Netflix fez melhor que o desenho animado

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Avatar: O Último Mestre do Ar: 6 coisas que a série live-action da Netflix fez melhor que o desenho animado

Por Equipe Legião dos Heróis

A releitura da Netflix de Avatar: O Último Mestre do Ar divide opiniões. Enquanto alguns apreciam o esforço da plataforma de streaming em apresentar uma versão mais realista do clássico da Nickelodeon, outros se recusam a perdoar tudo que a produção precisou sacrificar no caminho. E apesar de não ter uma forma certa de enxergar essa série, é possível reconhecer os acertos da versão live-action mesmo que não tenha gostado tanto assim dela. Para te ajudar nessa tarefa, separamos 6 coisas que a série da Netflix faz melhor que o desenho animado.

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Conexão orgânica entre as histórias

Um elogio comum entre quase todos que assistiram ambas as séries está na estrutura inteligente do novo roteiro. A adaptação da Netflix segue os mesmos eventos da animação original. Contudo, a ordem em que as coisas acontecem foi bruscamente alterada. Eventos que antes tinham alguma conexão, mas aconteciam em momentos completamente diferentes na trama, agora estão unidos em um único arco — o que faz a história fluir de uma forma muito melhor.

Reunir Omashu com a história de Jato e do mecânico do Templo Norte do Ar, por exemplo, foi uma forma genial de enriquecer a construção da cidade e confrontas mais diretamente diferentes lados de uma mesma conversa. Neste caso, como pessoas boas podem tomar atitudes extremas para defender aqueles que amam — Jato recorre ao terrorismo, enquanto o mecânico Sai à traição.

O roteiro encontra outros momentos oportunos para enxugar sua trama de uma forma que só enriquece a sua mensagem, fazendo com que muitas histórias da animação clássica tenham um impacto maior, ainda que dividam o mesmo tempo de tela.

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Arco do Zuko

A redenção de Zuko está entre os arcos de personagem mais bem escrito de toda a história da televisão americana. Então dizer que a série live-action consegue contar essa trama de uma forma melhor é com certeza debatível. Mas mesmo que alguns detalhes se percam na tradução, a série live-action trouxe novidades o suficiente para enriquecer um personagem que já era complexo,

Desde pequenas alterações, como atrelar a Divisão 41 a seu comando, a mudanças mais drásticas, como a relação do jovem com o Comandante Zhao, a dolorosa evolução do Príncipe Zuko ganha novas camadas dramáticas que tornam o personagem ainda mais interessante. Pode não ser mais o vilão detestável da primeira temporada da animação, certamente. Porém funciona quase como um protagonista sombrio, um reflexo da jornada de Aang, um antagonista com seus méritos, como Killmonger foi para T’Challa. E com tudo que precisou aguentar de sua família, o herdeiro do trono ainda foi simpático.

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Construção da Azula

Não existe Azula na primeira temporada da animação de Avatar: O Último Mestre do Ar. A única aparição da personagem é silenciosa, em um rápido flashback. Não fez grande falta para a trama não ter essa vilã em um momento anterior da história e até resultou em uma grata surpresa na segunda temporada. Mas, agora que temos, seu arco de degradação como personagem fica ainda mais completo.

Esta é a versão mais lúcida de Azula, muito antes de coringar na marcante luta final contra Katara. E ter esse olhar mais neutro da vilã permite entender mais a fundo como que ela chegou no ponto em que chegou na temporada final. Assistir a manipulação de Azula em sua própria nação, o jogo de poder com o seu próprio pai, a forma sufocante como sobrevive sendo subestimada no palácio… É a peça chave que faltava para entender plenamente quem é essa mulher tão desprezível, antes mesmo de despertar suas icônicas chamas azuis. Agora resta saber se a segunda temporada vai conseguir manter o senso de novidade quando a série antecipou a sua melhor surpresa.

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O peso do imperialismo da Nação do Fogo

Por conta da ampla faixa etária do público-alvo da animação, a versão original de Avatar: O Último Mestre do Ar precisou pisar em ovos ao comentar sobre a parte mais séria de sua trama. Mesmo com as limitações impostas pela Nickelodeon, a animação faz um excelente trabalho, mas a série live-action finalmente pode agir sem amarras e escancarar a podridão da guerra de uma forma mais explicita.

E não estou nem falando da extensa abertura que revisita o genocídio dos nômades do ar de uma forma gráfica até demais, a um ponto que põe em cheque se o objetivo realmente é comover ou empolgar o público com a violência. O momento em que isso mais funciona é na forma que o roteiro encontra para dar rosto ao sofrimento das vítimas da Nação do Fogo. A cena mais memorável é quando o Tio Iroh é confrontado sobre as vítimas que fez no cerco à Ba Sing Se. Bastou um relato sofrido de um soldado do Reino da Terra para desmoronar a imagem doce que temos de um dos personagens mais sanguinários do Mundo Avatar.

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A relação de Aang com os Avatares anteriores

Falando em Kyoshi, a série acerta ao transformá-la na principal referência do público quando o assunto é um Avatar de sucesso. Ela não apenas substitui Roku na sequência de abertura, como também rouba sua função de alertar Aang sobre o futuro. Expandir o papel de Kyoshi foi um grande acerto dos roteiristas, mas a história ainda vai além e abre espaço para que os Avatares antecessores ao Aang, originários de cada elemento, sejam introduzidos.

Não só Roku e Kyoshi, mas também Kuruk tem o seu passado e sua personalidade explorados de uma forma muito mais profunda no live-action. A decisão não apenas reforça a importância da figura do Avatar e desmistifica na mente do público como este guardião deveria se portar, como também traz essa questão para o centro da história de Aang. A presença dos Avatares torna a jornada de Aang na primeira temporada uma busca por identidade, de uma forma mais coesa que na animação.

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A unificação do Mundo Espiritual

O episódio sobre o Mundo Espiritual pode ter suas falhas, especialmente na forma leviana em que trata Hei Bai e em como permite a travessia de humanos sem muita explicação. Ainda assim, a forma em que unifica as diferentes maneiras que animação trabalhou o Mundo Espiritual ao longo do tempo foi um grande acerto. No desenho, este plano astral é retratado de uma maneira errática ao longo da animação. Só foi haver uma coesão maior na forma em que a dimensão era retratada em A Lenda de Korra, a segunda animação deste universo.

No live-action, os produtores decidiram não repetir os erros do passado e estudaram exatamente o que havia em comum entre todas as aparições do Mundo Espiritual para encontrar um meio termo. Ainda não é a versão absolutamente etérea de A Lenda de Korra, mas a série anota algumas ideias dessa animação para tornar a versão de A Lenda de Aang menos mundana. Não é perfeito, mas é um meio-termo muito mais coerente do que a proposta original.