Irlandês de nascença, William John Neeson já teve diversos papéis de peso em sua carreira - na verdade, ele chegou a concorrer ao Oscar em 1994, por seu trabalho em A Lista de Schindler. No entanto, não há como negar que, há alguns anos, o astro continua fazendo o mesmo papel em diversos filmes de ação que soam cada vez mais genéricos.

Desde que estrelou na franquia Busca Implacável, Neeson se manteve fiel ao papel de homem frio, inteligente e bruto, que precisa partir em uma jornada de vingança pessoal ou em uma corrida contra o tempo para salvar algum ente querido. Basta pensar em filmes como Assassino Sem Rastro, Agente das Sombras e O Passageiro.

Querida por muitos graças ao seu papel na franquia Velozes e Furiosos, a texana Michelle Rodriguez também acabou sendo sufocada por seus papéis - quase todos iguais. Refém do typecast, ela está sempre dando vida a mulheres fortes, destemidas e aventureiras, e em mais de um caso, acaba morrendo para alavancar a história dos verdadeiros protagonistas.

Muitos devem se lembrar de Rodriguez em Resident Evil: O Hóspede Maldito, onde seu papel acabou sendo suprimido para dar destaque à protagonista da saga, a Alice de Milla Jovovich. Vez ou outra, Michelle consegue dar um diferencial para suas personagens, por mais iguais que elas sejam. Basta pensar em Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes.

Se você precisa de um brucutu sem tempo para estrelar seu filme de ação, nem precisa perder muitos neurônios pensando: basta contratar Jason Statham, astro britânico conhecido por sempre dar vida a figuras mais determinadas e violentas. Foi assim, por exemplo, que ele conseguiu um baita papel na franquia Velozes e Furiosos, como Deckard Shaw.

Especialista em artes marciais como caratê, kickboxing e kung fu, Jason é frequentemente chamado para longas de ação e seus personagens não variam muito em personalidade ou tom. Vez ou outra, ele interpreta vilões (como Shaw foi por muito tempo na franquia Velozes e Furiosos) ou até mesmo mocinhos, vide seu papel na franquia Megatubarão.

Nascido nos Estados Unidos e vindo de uma família de imigrantes da Coréia do Sul, Ken Jeong começou sua carreira estudando medicina, mas logo deixou tudo para trás para poder dar prosseguimento na carreira artística, graças ao seu amor pelo showbusiness. Foi assim que ele conseguiu um espaço em filmes como Se Beber, Não Case e Quase Irmãos.

Jeong ficou conhecido por seu timing cômico. Sempre histriônico e bem politicamente incorreto, ele acabou ganhando destaque ao participar da série de TV Community, mas seus personagens são quase sempre bem iguais - figuras cômicas e completamente desequilibradas, que fazem as peripécias mais inacreditáveis para o delírio da plateia.

Com quase 60 anos de carreira na TV e no cinema, Morgan Freeman é um ator sem igual, com uma versatilidade dramática muito intrigante. Isso tudo faz com que seus papéis mais recentes sejam, no mínimo, decepcionantes, já que ele sempre está sendo chamado para fazer mais do mesmo - sempre o mentor mais velho, que pode ou não ter um segredo escondido.

Indicado ao Oscar cinco vezes (e tendo ganhado um prêmio de Melhor Ator Coadjuvante por seu trabalho em Menina de Ouro), Freeman não é uma figura sem talento - pelo contrário. Infelizmente, se você pegar seus papéis em filmes como Truque de Mestre, Todo Poderoso e até mesmo a trilogia Cavaleiro das Trevas, vai ter dificuldade em diferenciá-los.

Nascido em 1966, Adam Richard Sandler coleciona mais de setenta filmes no currículo e cerca de 20 séries televisivas. No entanto, todos já o conhecem por seus papéis - quase sempre, um homem bobo e patético que precisa se jogar em uma jornada de autodescobrimento para compreender o verdadeiro lado bom da vida.

Com os mesmos tiques, trejeitos e maneirismos, Sandler já irritou muita gente com seus projetos, ainda que tenha uma versatilidade pouco explorada nas telonas. Para cada filme como Click, Gente Grande e Cada um tem a Gêmea que Merece, Sandler já estrelou em projetos ousados e curiosos como Embriagado de Amor, Arremessando Alto e Joias Brutas.

Não é de hoje que os colaboradores frequentes de Tim Burton sofrem críticas pela falta de versatilidade em seus papéis. Johnny Depp é um dos melhores exemplos nesse quesito, mas outro nome que não pode ser excluído da lista é Helena Bonham Carter, que ficou refém de papéis cada vez mais iguais, mesmo em filmes que não foram dirigidos por seu ex-marido.

Conhecida por sempre fazer o papel da "mulher britânica excêntrica", Carter varia apenas em relação à sua moralidade. Ela pode tanto ser uma mocinha destemida e bondosa, como em Enola Holmes e Oito Mulheres e um Segredo, ou então ser maquiavélica e cruel, vide Harry Potter ou Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet.

Embora a ideia de typecast seja um baita problema para vários artistas, há um ou outro por aí que se aproveita dos papéis cada vez mais parecidos para criar uma sólida reputação para si. Esse é o caso de Danny Trejo, astro de Los Angeles conhecido por sua colaboração com Robert Rodriguez e por seus papéis violentos e sarcásticos.

Por mais que seu papel mais famoso seja como Isador "Machete" Cortez na franquia Pequenos Espiões e Machete, ele está sempre fazendo a mesma coisa - geralmente através de pontas e participações especiais, onde traz um pouco de seus gracejos rabugentos e muita violência, enquanto agrada o público com sua persona inigualável.

Nem mesmo grandes astros de Hollywood estão imunes aos efeitos do typecast, e um grande exemplo disso é Ryan Reynolds, que começou sua carreira como astro de comédias românticas e atualmente é o número um sempre que algum diretor precisa de um protagonista divertido, irônico e sem medo do perigo.

Desde que fez sucesso com Deadpool, Reynolds participa de vários projetos fazendo essencialmente a mesma coisa. É bem difícil desvincular sua imagem do Mercenário Tagarela, seja em produções mais "antigas" como Lanterna Verde até obras mais recentes, vide Free Guy: Assumindo o Controle e Alerta Vermelho.

Você com certeza já viu uma imagem como a acima em algum filme estrelado por The Rock: o astro aparece no meio da selva, usando roupas cáqui e sempre com os brações de fora, apenas para mostrar como ele é grande e perigoso - mas quase sempre, ele possui um bom coração e um carisma de milhões.

Filmes como Jumanji: Bem-Vindo à Selva, Jungle Cruise, Rampage e Viagem 2: A Ilha Misteriosa trazem esse mesmo visual e pouquíssima diferenciação entre os vários personagens do astro. Até mesmo filmes que fogem dessa ambientação - como Adão Negro - acabam fazendo o ator refém dos mesmos trejeitos e sempre com a mesma personalidade.