Ambientado há cerca de um século, o enredo de Assassinos da Lua das Flores é baseado em uma história real. O filme gira em torno do massacre do Povo Osage pelas mãos das autoridades gananciosas do Distrito Osage, em Oklahoma. Os assassinatos começaram quando foi descoberto que as terras pertencentes aos nativos eram repletas de petróleo.

Com mortes sistemáticas, o episódio acabou totalizando cerca de 20 vítimas. No entanto, de acordo com estudos mais aprofundados, mais de 100 pessoas podem ter sido mortas por terem relação com os terrenos petrolíferos. Toda a história então gira em torno da investigação lançada por um agente do BOI - que, anos depois, se tornaria o FBI.

Para recriar a história com todo o respeito e dignidade destinado ao povo da Nação Osage, o filme foi cautelosamente escrito por Martin Scorsese e Eric Roth, com base no livro de mesmo nome por David Grann. No entanto, o cineasta buscou se consultar com lideranças do Povo Osage para não cair em estereótipos negativos e racistas contra nativos americanos.

Em uma entrevista para a Variety, Lily Gladstone disse: "conforme a comunidade [indígena] se aqueceu com nossa presença, mais eles ficaram envolvidos com o filme. É uma obra diferente daquela que [Scorsese] chegou para fazer, por conta do que a comunidade [Osage] tinha a dizer sobre como o filme estava sendo feito e o que ele estava retratando".

Um dos projetos mais ambiciosos da carreira de Martin Scorsese, o filme passou por diversas mudanças de plano por conta da pandemia do COVID-19. Originalmente, as filmagens deveriam ter começado em fevereiro de 2019, mas por algum motivo não revelado, o começo da produção foi adiado para 2020 - e por isso, foi impactado diretamente pela pandemia.

O projeto então passou um bom tempo "paralisado" até que, em 2021, nós finalmente começamos a ver as primeiras fotos de bastidores e produção do longa. Caso tivesse seguido seu roteiro original de filmagens em 2019, o filme provavelmente já teria sido lançado -- mas a espera valeu a pena, até porque Scorsese e seus colaboradores conseguiram polir ainda mais a narrativa.

Além de rostos novos como Lily Gladstone e John Lithgow, o longa marca o retorno de vários colaboradores frequentes de Scorsese. Para se ter uma ideia, esse é o sétimo projeto envolvendo Martin Scorsese e Leonardo DiCaprio, e o décimo primeiro envolvendo Robert De Niro (se contarmos com o curta dirigido por Scorsese, The Audition, de 2015).

No entanto, o curioso é que essa é a primeira vez que Scorsese, De Niro e DiCaprio trabalham juntos em um filme -- mesmo De Niro tendo sido o responsável por apresentar DiCaprio para o cineasta. Outro ator que volta para trabalhar com o mestre é Jesse Plemons (que havia já atuado anteriormente em O Irlandês, o filme anterior de Scorsese),

Originalmente, Leonardo DiCaprio foi escalado para o papel de Tom White, um agente do BOI enviado pelo próprio J. Edgar Hoover para investigar os assassinatos do povo Osage. No entanto, o ator sentiu que não seria legal contar essa história do ponto de vista de um homem branco e logo pediu para que o roteiro fosse modificado.

Assim, ele acabou ficando com o papel de Ernest Burkhart, o sobrinho de um magnata local. Ernest é casado com Mollie, uma mulher indígena, e é uma testemunha de toda a violência sofrida pelo seu povo. Já o papel de White acabou ficando com Jesse Plemons, astro norte-americano de A Noite do Jogo e Ataque dos Cães.

Um dos grandes destaques do filme é Lily Gladstone, atriz de ascendência indígena dos Estados Unidos, que interpreta Mollie Burkhart, uma mulher nativo-americana casada com Ernest Burkhart e que logo vê seu povo sendo massacrado pela ganância do homem branco. Porém, o que muita gente não sabe é que, por pouco, a atriz não abandonou a carreira nos cinemas.

Gladstone estava quase se candidatando para um curso de análise logística de dados quando recebeu o convite para fazer uma reunião com Scorsese. O diretor teria ficado instantaneamente obcecado por ela quando a leitura do roteiro começou e, de imediato, ela foi escalada para viver Mollie. Agora, Lily é uma das maiores apostas para o Oscar de Melhor Atriz do ano que vem.

Assassinos da Lua das Flores tem um orçamento estimado em cerca de US$ 200 milhões, alcançando um posto alto na lista de filmes mais caros de todos os tempos. Para atingir tal marco, ele acabou ultrapassando o último filme de Scorsese, O Irlandês, que custou por volta de US$ 159 milhões. Esse também é o filme mais caro da carreira do diretor.

Sabemos que Scorsese é um diretor muito detalhista, que gosta de filmar em locações reais e com paisagens singulares e belas, então podemos esperar por um projeto genuinamente grandioso, incorporando o melhor da técnica do cineasta com uma narrativa tensa, misteriosa e dolorosamente real.

Tendo já feito sua estreia no Festival Internacional de Cinema de Cannes, o épico Assassinos da Lua das Flores já foi confirmado com 206 minutos de duração - ou seja, 3 horas e 26 minutos, sendo um dos filmes mais longos de toda a carreira de Martin Scorsese - ainda assim, não é tão longo quanto outros clássicos do diretor.

Enquanto O Irlandês supera a duração de Assassinos da Lua das Flores por dois minutos, outros documentários de Scorsese também aproveitaram bastante de seu tempo para contar histórias robustas, como Bob Dylan: No Direction Home (208 minutos), A Personal Journey With Martin Scorsese Through American Movies (225 minutos) e My Voyage to Italy (246 minutos).

Assassinos da Lua das Flores marca também o retorno de outra parceria de Martin Scorsese. O diretor de fotografia do filme foi ninguém menos que Rodrigo Prieto, artista mexicano que já trabalhou em diversos longas do cineasta, como O Lobo de Wall Street, O Irlandês e Silêncio - ele até foi indicado ao Oscar de Melhor Fotografia pelos dois últimos.

No entanto, Prieto também esteve envolvido em um dos maiores sucessos do ano. Ele foi o diretor de fotografia de Barbie, filme de Greta Gerwig sobre a boneca mais famosa do mundo. Além destes, Prieto também já fez a direção de fotografia para grandes cineastas, como Pedro Almodóvar, Ang Lee e Alejandro González Iñárritu.

Desde sua estreia no Festival Internacional de Cinema de Cannes, o mais novo filme de Martin Scorsese caiu na boca da crítica e, de acordo com vários sites especializados em previsões, é um dos favoritos para a temporada de premiações do ano que vem. Entre os destaques, temos Lily Gladstone, Robert De Niro e o próprio Scorsese.

Vale ressaltar que, no Rotten Tomatoes, Assassinos da Lua das Flores já conta com 97% de aprovação dos críticos, com base em 71 reviews. Tudo indica que o longa terá uma grande projeção na campanha do Oscar, podendo fazer a raspa do tacho e levar várias estatuetas para casa - o que pode incluir até mesmo o prêmio de Melhor Filme.

Assassinos da Lua das Flores estreou no dia 19 de outubro, somente nos cinemas. Os ingressos já estão disponíveis clicando aqui!