Arlequina é uma das heranças da série clássica do Batman. Criada por Bruce Timm e Paul Dini, a personagem apareceu pela primeira vez em Joker’s Favor (“Um Favor para o Coringa” no título nacional), Episódio 22 de Batman: A Série Animada em 1992.

Retratada como alguém completamente submissa ao Coringa, Arlequina era uma espécie de “ajudante”. Enquanto Coringa era a contraparte de Batman, colorido e ”engraçado”, a Palhaça do Crime seria um oposto equivalente ao Menino Prodígio, o Robin.

A anti-heroína apenas ganharia verdadeiro destaque anos depois, mas a “emancipação fantabulosa” já começaria na série clássica do Batman, no Episódio 42. Em Harley e Hera Venenosa, Arlequina passa por um breve rompimento com o Coringa. Ao fim do episódio, a personagem volta para o seu "pudinzinho", mas não por muito tempo.

A anti-heroína é uma das diversas antagonistas do Batman que possui um doutorado. Em Louco Amor e Outras Histórias, publicada originalmente em 1994, conhecemos mais de sua história de origem. Harleen Frances Quinzel, seu nome verdadeiro, era um destaque como ginasta no ensino médio.

Suas habilidades lhe garantiram uma bolsa na Gotham University, onde decidiu cursar veterinária e ciências biológicas. Posteriormente, partiu para a psiquiatria e iniciou sua carreira no Asilo Arkham. Ao perceber que os médicos de Arkham não conseguiam entrar na cabeça das pessoas mantidas ali, Harleen decidiu começar um experimento com um dos pacientes: Coringa.

Harleen não apenas cai no charme do Palhaço do Crime, mas passa a entender as motivações dele e até passa a compartilhar sua loucura. Certa noite, seu supervisor, Dr. Sterano, descobre os sentimentos que a médica criava pelo vilão.

A situação ocasionou no assassinato de Sterano pelas mãos de Harleen e a fuga de Coringa. O vilão leva a psiquiatra a Fábrica de Processamento Químico Ace. Lá, Arlequina nasce ao cair em um tanque de compostos químicos.

Como dito anteriormente, Arlequina se torna uma ajudante de Coringa. Porém, diferente do resto de seus capangas, Harleen possui um relacionamento romântico com o vilão. O que começa como “amor” para Arlequina passa a se tornar um dos relacionamentos mais problemáticos da história dos quadrinhos.

Mergulhada em uma relação abusiva como foi mergulhada no tanque de compostos químicos, Harleen em diversos momentos sofre na mão do Palhaço, o que cria rompimentos inesperados e retornos forçados entre os dois.

Coringa e Arlequina constantemente tentaram se matar. Não apenas como um alívio cômico, quando Arlequina é amarrada a um foguete em Batman: Arlequina, ou de forma literal, o que a personagem tenta fazer em Sereias de Gotham.

Ao longo dos anos, a fama da personagem fez com que a Palhaça ganhasse suas próprias histórias. Em Detective Comics #831, escrita por Paul Dini, Arlequina ajuda Batman e Gordon a capturar Docinho, a versão feminina do Ventríloquo. Mas, o que marcou a personagem além de Aves de Rapina, Sereias de Gotham e aventuras ao lado de Batman e Coringa foi a sua participação no Esquadrão Suicida.

Promovido em 2011, Os Novos 52 foi uma forma de reiniciar o universo da DC, adicionar novos conceitos, recontar origens e desenvolver novos e antigos personagens. A iniciativa contava com 52 títulos, entre eles Esquadrão Suicida.

Em Esquadrão Suicida, Arlequina ganha um novo visual e destaque. Após ser presa pela Canário Negro, ela é forçada a participar do Esquadrão por Amanda Waller. Nesta época, Arlequina sofre pela separação brusca com o Coringa. Ela não apenas acredita que o ex-namorado está morto, como também tem acesso à pele arrancada do rosto de Coringa.

A Palhaça do Crime chega a trair o Esquadrão Suicida e capturar o Pistoleiro em um episódio psicótico. Após colocar o rosto de Coringa sob o do Pistoleiro, Arlequina conversa com seu amante morto. Eventualmente, o homem consegue escapar e Coringa retorna as histórias do Batman em A Morte da Família.

Mas, Harleen não fica feliz com o retorno. Diz que aquele não é mais o Coringa por quem se apaixonou e passa a seguir o seu próprio caminho. Em 2013, uma série solo é dada a personagem.

Arlequina entra em uma crescente em sua popularidade. Com uma série solo nos Novos 52, a personagem é transformada em uma anti-heroína que, constantemente, está ajudando as pessoas de seu bairro, se relacionando com Hera Venenosa e praticando Roller derby, um esporte que une patins e muita violência.

A personagem flerta em alguns momentos com a possibilidade de voltar ao lado de Coringa, mas com menos constância do que anteriormente. Um fator que a coloca como completo oposto do vilão é seu relacionamento com Hera Venenosa.

Os detalhes das histórias solo de Arlequina vão de zumbis até idas à San Diego Comic Con, salvar animais em cativeiro e explodir coisas. Boa parte das suas tramas não são, necessariamente, importantes para o contexto geral da DC.

Diferente do seu relacionamento com Coringa, que a limitava e a abusava, sua relação com Hera Venenosa é completamente independente. Recentemente, as duas passaram por um abalo após Hera ser morta em Heróis em Crise.

A ativista ambiental renasce ao fim da saga devido a sua fisiologia, mas as duas não se reconectam tão facilmente. Hera Venenosa, no momento, está sozinha em uma viagem de autodescoberta que inclui espalhar um vírus mortal pelo mundo.

Arlequina é uma das personagens que mais ganhou profundidade com suas versões alternativas, principalmente quando levamos o universo Injustice em consideração. A maioria conhece essa história alternativa por conta dos jogos, mas, Injustice também invadiu os quadrinhos.

Em Injustice: Marco Zero, por exemplo, Arlequina ganha foco na história, se tornando a narradora, a personagem revela como a história desse mundo alternativo se desenrolou. Nele, Coringa é assassinado após a morte de Lois Lane e Superman se torna um tirano ditador.

Outro fator curioso de Injustice é como os abusos sofridos por Harleen pelo Coringa foram aprofundados. Incluindo o nascimento de Lucy Quinzel, filha do casal.

Lucy foi apresentada pela primeira vez em Injustice 2, mas a revelação da personagem ocorreu bem antes, em uma luta entre Arlequina e Canário Negro. Nela, Harleen descobre que a heroína está grávida. Após uma pausa no confronto, as duas passam a compartilhar experiências com a maternidade. É então que Arlequina deixa escapar que teve uma filha em segredo.

A garota foi entregue à irmã de Harleen, Delia Quinzel, para que pudesse ter uma vida normal. Não se sabe ao certo quando a personagem deu à luz a criança, mas Arlequina explica que ocorreu durante o período de crime do Coringa. De acordo com ela, Coringa nem ao menos notou que havia sumido por um ano.

Posteriormente, Lucy foi usada pela Liga dos Assassinos para manipular Arlequina. Harleen foi obrigada a contar a verdade para a filha e, ao levá-la de volta para a casa de Delia, prometeu que a visitaria mais vezes.

Arlequina não possui nenhum poder aparente além de uma imunidade à toxinas. Essa característica é atribuída ao seu relacionamento com Hera Venenosa, mas também ao seu mergulho no tonel de compostos químicos da Ace.

Suas habilidades incluem ginástica, acrobacias, combate corporal, possuindo uma excelente memória muscular. Melhorou suas técnicas de roubo com a Mulher-Gato, além de ser doutora em psiquiatria. Resumindo, para Harleen, é a vida acadêmica que não compensa.

A animação lançada em 2019 é a melhor adaptação para se conhecer a personagem fora do mundo dos quadrinhos. Mesmo tomando suas liberdades, a série Arlequina consegue trazer a essência das tramas solo da personagem. A produção pode ser resumida facilmente no subtítulo de seu quadrinho derivado: “Tour Comer, Atirar e Matar” (The Eat. Bang! Kill. Tour no original).

Nela, seguimos uma Arlequina impulsionada ao extremo. Com voz de Kaley Cuoco, a personagem brilha ao lado de Hera Venenosa, Cara-de-Barro, Crocodilo, Homem-Pipa, Barbara Gordon, Batman e muito mais. Repleta de referências às HQs e ao Universo Expandido da DC, a produção é um prato cheio para qualquer fã da personagem.

É curioso apontar outras “adaptações” da Arlequina, uma vez que a personagem nasceu nas animações do Homem Morcego. Porém, com o passar do tempo, a palhaça apareceu em diversas produções da DC. Desde LEGO Batman: O Filme até o decepcionante Batman e Arlequina: Pancadas e Risadas e aparições especiais em Batman do Futuro e Super Choque.

A principal continua sendo a interpretação de Margot Robbie. Vivida pela primeira vez em 2016 durante o filme Esquadrão Suicida, Margot conquistou os fãs apesar do papel pouco desenvolvido e a constante sexualização da personagem.

A partir daí, Arlequina ganhou uma nova vida. Mesmo que os quadrinhos já estivessem no caminho de torná-la uma personagem autônoma, Margot popularizou o visual simplificado da personagem e a impulsionou para outros dois filmes, Aves de Rapina: Arlequina e Sua Emancipação Fantabulosa (2020) e O Esquadrão Suicida (2021).

O futuro da personagem ainda é promissor. Não se sabe em qual pé Arlequina está com as mudanças da Warner Bros. Discovery, mas já é confirmado seu retorno no jogo Esquadrão Suicida: Mate a Liga da Justiça.