Essa vai ser uma das listas na qual - com certeza - vão me acusar de Marvete, mas já que não vai ter como correr disso, vamos começar com uma comparação com uma série da DC.

Arrow poderia muito bem aprender com o que foi feito neste episódio de Agents of S.H.I.E.L.D. havia um flashback pra ser contado, ele era grande o suficiente pra não caber num flashback simples, foi feito um episódio especial exclusivamente pra contar a história, de uma vez só, quando precisou ser contado, agora a trama pode seguir sem que se perca tempo de tela contando histórias do passado.

Este foi um daqueles episódios que é construído com muito zelo em cada detalhe, e um dos detalhes mais bem trabalhados foi a fotografia do episódio, nas cenas do lado de fora do planeta não existe nenhuma cor diferente na tela a não ser tons de azul, o jogo de sombras nas cenas da caverna também dão todo um clima de mistério e um pouco do clima de "inferno" que eles querem passar.

Nota-se que foi um episódio completamente à parte dos padrões que a série vem fazendo.

Na 1ª temporada Jemma nem era tratada pelo primeiro nome, era sempre Fitz-Simmons, e ambos serviam apenas como alívio cômico. Na 2ª temporada Jemma começou a ficar um pouco mais importante (e um pouco mais chata também) mas ainda assim sempre era uma personagem muito secundária. Esse episódio serviu pra que muitos de nós pudéssemos conhecer melhor a personagem, e realmente nos aprofundarmos em sua personalidade.

Foi genial a primeira abordagem dela ao perceber que estava em um local estranho, o "protocolo S.H.I.E.L.D", e no momento em que percebeu que estava em um planeta estranho, teve uma sensacional abordagem de análises. Assim como na medida que o episódio passava, fomos vendo seu lado mais humano, como a empolgação dela por ter dado um arroto bem alto.

Uma decisão muito sábia foi o modo como a história nos foi contada, através do passar das horas. Ela poderia ter sido contada através dos dias? Poderia. Mas você não teria a sensação de não saber quantos dias se passam num planeta sem sol, se você quisesse saber, você teria que ficar contando as horas e as transformando em dias, tal qual Jemma deve ter feito alguma vezes.

À medida que as horas passavam num planeta silencioso sem nenhuma trilha sonora, você ia sentindo a agonia de Jemma por sobrevivência ou um resgate.

Quantas vezes não ficamos frustrados ou irritados porque os personagens esquecem completamente os treinamentos ou simplesmente tomam cada decisão estúpida que você fica gritando pra tela "Não sua anta, não faz isso!"?

Graças à Odin, essa não foi uma dessas vezes, Jemma tomou todas as decisões inteligentes que poderia tomar pro caso de alguém vir resgatá-la. Esperar no mesmo lugar durante o máximo de tempo possível, deixar um indicador da direção em que ela foi, entre inúmeras outras. Good girl Jemma!

O clima de sobrevivência neste capítulo foi algo muito surpreendente e divertido. Jemma correndo atrás do que, até que se prove o contrário, se imagina ser água, e tendo que lidar com uma criatura alienígena desconhecida para poder se alimentar, "Minha única fonte de comida, também pensa que eu sou comida".

Comer um tentáculo cru de uma criatura que você nem sabe o que é, é a prova de que a necessidade por sobrevivência faz milagres.

O que dizer desse cara que mal conheço e já considero pacas? Will foi uma ótima adição ao episódio, o balanço perfeito para a razão de Jemma. O homem que sobreviveu naquele planeta por 14 anos e que achou que Simmons fosse uma ilusão de sua cabeça,foi muito bem trabalhado. Ver como Will era um homem quebrado e, aos poucos, pela presença de Jemma ele foi se "consertando" foi incrível.

A grande ameaça do planeta! No percorrer do episódio, nos fez duvidar se realmente Will estava dizendo a verdade, ou se ele estava louco, se o planeta realmente tinha uma grande ameaça que vinha junto com as tempestades de areia que fazia pessoas se matarem, ou se Will perdeu a razão e matou seus companheiros.

Até o momento que Jemma se confronta com o grande.... "aquilo" ? Foi um toque especial ninguém ter mencionado o que era essa grande ameaça, estamos falando do universo cinematográfico da Marvel, pode ser que essa ameaça seja abordada até o fim da série, tanto quanto pode ser que ela só seja mostrada em Guardiões da Galáxia 2... quem sabe? E essa é a maior mágica que UCM tem pra nos oferecer.

Uma constante do episódio durante toda sua narrativa era o uso do celular (que foi explicado no episódio ter sido modificado por Fitz para que a bateria durasse um longo período) dela para manter o vínculo que tinha com sua equipe, seus amigos e com Fitz. Ela conversava com uma foto de Fitz, fazia de tudo para salvar a bateria para que o celular não desligasse e isso mostra o lado dela que tinha esperanças de encontrá-los de novo.

No momento em que ela decide gastar o restante da bateria do celular para descobrir as coordenadas do outro portal, era o salto de fé, o tudo ou nada, e quando isso deu errado, nós começamos a acompanhar o processo de desapego de Fitz, com sua vida na Terra e a aceitação da sua nova vida naquele planeta com Will. Toda essa transição foi muito sutil e importante para o desenvolvimento do personagem de Jemma nessa temporada.

Sim, a única coisa ruim que eu poderia apontar nesse episódio é que ele não foi um episódio duplo como a season finale da temporada passada. Foi um episódio impecável, onde realmente te passava a impressão de estar vendo um filme ao invés de um episódio da série.

Não consegui encontrar pontos fracos no episódio e não quis forçar a barra inventando algum só pra passar uma imagem que você (leitor) gostaria de ver.

Se o episódio não teve pontos fracos, ele não teve pontos fracos e ponto final. 4722 hours entrou pra lista de episódios que você precisa ver quando se trata de séries de heróis.

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