8 coisas que filmes antigos da Marvel fizeram melhor que o MCU
8 coisas que filmes antigos da Marvel fizeram melhor que o MCU
Há algumas lições que o MCU poderia aprender com os filmes de super-heróis que vieram antes
Desde 2008, o Universo Cinematográfico da Marvel formou um verdadeiro império das adaptações de quadrinhos, seja no cinema, na TV ou, mais recentemente, no streaming. A franquia chefiada por Kevin Feige fez uma proeza que poucos conseguiram: criou uma vasta mitologia interconectada, assim como nos quadrinhos.
Porém, vez ou outra somos testados com alguns produtos que são lançados pelo MCU, em diversos aspectos – e nesse momento, precisamos lembrar de como alguns filmes antigos da Marvel conseguiam trabalhar ideias, conceitos ou até mesmo aspectos da produção que dão de dez a zero na franquia atual. Por isso, separamos aqui 8 coisas que filmes antigos faziam melhor que o MCU!
Incorporação de diferentes gêneros
Se há uma coisa que prova como o mercado atual do MCU está começando a ficar um tanto repetitivo é o asco da Disney em incorporar elementos de diferentes gêneros em seus filmes. Ok, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura pode até ter sido revolucionário nesse sentido por abraçar de vez o terror, mas de resto, todos os grandes lançamentos da franquia são apenas "filmes de super-heróis".
Até mesmo quando algum filme desafia essa definição de gênero, como em Capitão América: O Soldado Invernal (que incorpora traços de thriller político) ou em Homem-Formiga (que tenta abordar ideias de filmes de assalto), nada é feito de forma muito ousada, para deixar claro que aquilo é ainda um filme de super-heróis aos moldes da Casa das Ideias.
No passado, os filmes que antecederam o MCU conseguiram se arriscar um pouco mais nesse sentido. Blade e Motoqueiro Fantasma abraçam o horror sem recusas, enquanto várias obras da franquia dos X-Men são espelhados em outros gêneros além do "super-herói", desde horror ao filme de vingança e até mesmo histórias inspiradas em filmes de samurai.
Violência e temas mais adultos
Depois de duas dezenas de filmes e várias séries, já ficamos acostumados a não esperar nada de muito violento, grotesco ou assustador nos filmes que fazem parte do Universo Cinematográfico da Marvel. Parece que desde que a editora foi vendida para a Disney, temos sempre versões higienizadas e sanitizadas dos personagens e de suas histórias.
Isso acaba se destacando ainda mais em personagens que não casam com a proposta family-friendly da franquia, como é o caso do Cavaleiro da Lua - cuja série deixa de lado toda a violência presente nas HQs e parte para uma comédia mais fofa com tons de aventura. E depois de tanto tempo com essa demanda, uma hora nós nos cansamos.
Por virem de estúdios diferentes e não dependerem da interconectividade de uma só franquia, filmes mais antigos conseguiam trazer cenas violentas, sexo e temas um pouco mais adultos em filmes que exigiam isso - como é o caso dos filmes do Justiceiro, Blade e até mesmo Demolidor. Espera-se que, com o sucesso financeiro de Multiverso da Loucura, a Marvel fique mais à vontade com cenas um pouco menos higienizadas.
Seriedade e senso de urgência
Aliás, algo que sempre foi fundamental em boa parte dos filmes mais antigos é um certo senso de seriedade e de urgência. Se pegarmos X-Men 2, por exemplo, temos uma história desesperadora sobre um grupo paramilitar querendo exterminar toda uma espécie em um genocídio silencioso - e isso é tratado de forma séria ao longo de todo filme.
No Universo Cinematográfico da Marvel, nada pode ser sério demais, uma vez que os filmes precisam agradar "toda a família" e não podem ser muito pesados para um público mais jovem. O resultado disso é um cacoete que muitos criticam há anos: as diversas piadas fora de hora, que surgem para quebrar a tensão em momentos onde há emoção ou medo genuíno.
Não é que o humor deva ser banido - inclusive, X-Men 2 tem algumas piadas ótimas em todo o filme. Porém, os filmes do MCU não conseguem ter nenhum peso emocional no público, e nos parece que qualquer momento emocionante - como a morte da Anciã no primeiro Doutor Estranho - logo precisa ser substituído por um momento engraçadinho - o Manto da Levitação secando as lágrimas de Strange - para não deixar o público refletir sobre o que está assistindo.
Vilões marcantes
Certo: não são todos os filmes antigos que possuem vilões extraordinários e marcantes. Na verdade, até gostaríamos de nos esquecer das adaptações do Doutor Destino, do Galactus e até mesmo do Venom. Por outro lado, eles ainda eram um pouco mais ameaçadores que pelo menos 90% dos vilões apresentados no Universo Cinematográfico da Marvel.
Tudo bem que, de uns anos para cá, o estúdio parece ter aprendido a fazer vilões mais pomposos, como Thanos, Abutre e até mesmo a Feiticeira Escarlate em seu filme mais recente, mas muitos aí nem devem se lembrar de figuras como Malekith, Jaqueta Amarela, Chicote Negro, Aldrich Killian, Ultron, Treinador e tantos outros...
A Marvel Studios peca por sempre criar vilões que são "antíteses" do herói, ou que apenas são descartáveis, enquanto várias franquias mais antigas eram recheadas de vilões enigmáticos, como o Magneto e até o Mercenário - curioso inclusive que muitos só ficaram empolgados com Duende Verde, Doutor Octopus e cia. graças às suas aparições em filmes anteriores, e não pelo desenvolvimento pífio em Homem-Aranha: Sem Volta para Casa.
Histórias de origem
Vamos fazer um pequeno exercício aqui: pegue Homem-Aranha (2002), Quarteto Fantástico (2005) e Motoqueiro Fantasma (2007) e veja como, mesmo com seus defeitos, são histórias de origem muito diferentes entre si, que incorporam o que há de melhor nas origens desses personagens nas HQs.
Agora, pegue Homem de Ferro (2008), Homem-Formiga (2015) e Doutor Estranho (2016). Esses são personagens diferentes, com histórias e núcleos diferentes, poderes completamente opostos e... ainda assim, seus filmes de origem são quase iguais em tom e em narrativa. Homens arrogantes que precisaram mudar de vida e usar seus dons recém-descobertos para o bem, enquanto vilões maníacos queriam tirar deles o que era seu por direito.
Querendo ou não, até mesmo histórias que fogem desse formato acabam sendo muito parecidas nas mãos do MCU. Capitã Marvel, Thor e até Pantera Negra possuem similaridades que fazem com que esses filmes de origem não tenham muita coisa "original". É preciso buscar mais fundo nas HQs e encontrar as diferenças entre esses personagens, para que suas estreias no cinema sejam igualmente marcantes e bem definidas.
Tramas mais contidas
Uma das coisas mais empolgantes que o MCU fez foi criar uma narrativa extensa e episódica que traz uma cadeia de eventos para alguma grande história - como foi o caso de Guerra Infinita e Ultimato. E por mais que isso tenha sido algo que solidificou o reinado da franquia, também se tornou seu maior vício e um dos maiores problemas do cinema atual.
Somos sempre saudados com a promessa de que um filme ou uma série será a escada para algo maior, mas isso fez com que as produções individuais perdessem o significado. Você não vê mais a série do Loki porque gosta do personagem ou porque a série é genuinamente boa, mas sim porque ela trará pontos importantes para o futuro do Multiverso.
Antes, mesmo em franquias com vários filmes - como Homem-Aranha e X-Men - cada filme tinha sua importância e, por mais que ganchos para o futuro fossem deixados, ainda tínhamos um arco com início, meio e fim que traziam mudanças para seus personagens. Precisamos mais disso, para que nós possamos nos importar com os filmes e os heróis sem apenas consumir os conteúdos sem nenhum senso crítico apenas porque "eles serão cruciais para entender algo que vem depois"...
Trajes e efeitos práticos
Tudo bem, você já deve ter visto o título desse item e ficado inconformado. Até suponho que você esteja pensando algo do tipo: "Como qualquer traje da franquia dos X-Men, por exemplo, se equipara aos trajes do MCU?" Me deixe explicar: a questão não está na estética dos trajes ou até mesmo na sua fidelidade aos quadrinhos, mas sim à forma como são feitos nas telonas.
Se pensarmos bem, toda a trilogia do Amigão da Vizinhança que começa em Homem-Aranha: De Volta ao Lar, evita colocar Tom Holland em um traje real, e prefere criar uma roupa de computação gráfica que é adicionada na pós-produção. O resultado disso é um grande bonecão de CGI que não tem peso, textura ou até mesmo vivacidade.
Nos filmes mais antigos, os atores precisavam vestir seus trajes nas gravações - e em caso de maquiagem, alguns passavam horas se caracterizando, como é o caso da Mística de Rebecca Romijn. Falta ao MCU um pouco de apelo estético no que diz respeito a efeitos práticos, já que tudo é feito em frente à tela verde e construído na pós-produção, esvaziando um pouco do realismo do filme.
Trilhas sonoras
Goste você ou não, a verdade é que o Universo Cinematográfico da Marvel também não tem uma preocupação muito grande na hora de fazer as trilhas sonoras de seus filmes. O resultado disso se destaca na forma como poucos dos temas musicais são lembrados, com exceção da música que opera nos filmes dos Vingadores.
Muitos dos filmes antigos sabiam lidar um pouco melhor com isso, com várias músicas que ficavam na cabeça do público por anos depois de assistirem pela primeira vez. Nesse sentido, destacamos a trilogia do Homem-Aranha de Sam Raimi (que contava com a belíssima trilha de Danny Elfman) e o tema presente nos filmes dos X-Men (composto por John Ottman).
Outra questão: nos filmes mais antigos, não era incomum ver bandas famosas preparando canções especiais para a trilha sonora de determinado filme. Isso só aconteceu no MCU em Pantera Negra, mas todos os demais filmes não possuem músicas próprias. E mesmo que a trilha de Guardiões da Galáxia funcione só com hits antigos, ainda seria legal ver composições originais...