Yu Yu Hakusho foi uma grande aposta da TV Manchete pouco antes dos anos 2000, principalmente após o sucesso estrondoso de Cavaleiros do Zodíaco. A emissora decidiu encaixar animes em sua programação na tentativa de fazer com que a audiência subisse novamente.

O que eles não esperavam era não só a violência da obra, que foi apontada mesmo antes de seu lançamento, mas também a aparição de uma suástica budista (que é bem semelhante à nazista), na testa de um dos personagens. Isso causou problemas e dor de cabeça para a emissora, que precisou apagá-la da testa do Kazemaru para evitar escândalos.

Se você nasceu antes dos anos 2000 com certeza lembra da polêmica envolvendo Yu-Gi-Oh! e "as cartas do Diabo". Acontece que, apesar disso, o motivo para a censura do anime em questão não foi por seu conteúdo.

A obra conta com vários cortes, mas as edições que ela sofreu tem mais relação com a versão americana do que com a censura brasileira em si. Vale notar que, mesmo assim, a produção se tornou alvo de críticas e pessoas que queriam censurá-la por seu conteúdo.

O anime era exibido na Globo e o problema todo veio quando a igreja evangélica e seus pastores começaram a acusar o anime (e as cartas que eram comercializadas para crianças) de terem ligação com satanismo e ocultismo, o que resultou em vários pais religiosos confiscando as cartinhas de seus filhos e os proibindo de assistir o anime.

Em um programa da TV aberta chamado "Boa Noite Brasil!", por exemplo, o apresentador Gilberto Barros até chegou a criticar o anime usando um viés religioso.

Em 2006, a RedeTV acertou em cheio quando colocou Pokémon em sua grade e, com o objetivo de manter a audiência, resolveu adquirir mais alguns animes para sua programação. Com isso, foi a vez de Fullmetal Alchemist conquistar seu espaço na TV aberta.

O problema é que, apesar de ser uma animação, Fullmetal não é um desenho recomendado para crianças (assim como muitos outros animes). Por conter muita violência - como a cena onde Ed perde o braço e a perna para recuperar a alma de seu irmão, ou as próprias lutas entre alquimistas que costumavam ter muito sangue - a RedeTV precisou fazer cortes de cenas nos episódios para exibi-lo, o que resultou em alguns deles perdendo sua essência e contexto.

Em meados de 1999, a Globo inseriu Samurai X em sua grade de programação para aproveitar o sucesso que Pokémon e Dragon Ball estavam fazendo pelo país, mas fica a incógnita do que a emissora esperava de um anime cujo o protagonista era chamado de "Battosai, o Retalhador".

O resultado? A Globo precisou cortar tantas cenas do anime por causa da violência que algumas exibições chegaram a agrupar 3 episódios em 1. Isso prejudicou a história, a experiência e o enredo do anime com a desculpa de que "criança não precisa de história, elas se divertem apenas vendo".

Os Cavaleiros do Zodíaco é um anime violento e isso é inegável, já que contém cenas de mutilação, assassinato, tentativas de suicídio, dilaceração e por aí vai. Obviamente, não é um conteúdo a ser exibido para crianças às 8h da manhã.

Em 1994, a Manchete foi a primeira emissora a exibir o anime, mas, para evitar problemas, cortou cenas que poderiam causar polêmica. Já a Band exibiu o anime a partir de 2004 e, de início, foi impedida de transmiti-lo antes das 20h pela classificação indicativa da obra ser de 12 anos.

Com o tempo, a Band foi afrouxando as rédeas, e Os Cavaleiros do Zodíaco voltou a passar nas manhãs diárias para o público majoritariamente infantil.

Como um grande sucesso ao redor do mundo, a Globo apostou firme na popularidade de InuYasha e resolveu adquirir seus direitos autorais, já que não só o anime era um sucesso, mas o próprio mangá já circulava no Brasil.

Porém, sua classificação foi indicada para maiores de 12 anos, o que, naquela época, acabava na mesma situação que Os Cavaleiros do Zodíaco: os episódios só podiam ser exibidos após às 20h por causa da violência, que já havia gerado cortes na versão ocidental.

A Globo não podia perder a chance de exibir o anime, mas também não poderia encaixá-lo após às 20h (até porque sua grade infantil era no período da manhã). A solução encontrada foi realizar ainda mais cortes do que a versão ocidental já havia feito, o que na época não agradou em nada os leitores do mangá.

Este é o anime mais recente da lista que foi exibido em TV aberta e sofreu censura. Naruto chegou ao Brasil através do SBT em 2009 e logo se tornou um fenômeno em todo o país, com a franquia se tornando não só um sucesso nos desenhos mas também em produtos e vendas.

Porém, quem assiste Naruto sabe o quão violento o anime é, algo que provocou uma censura feita pelo Ministério da Justiça, que fez com que o anime fosse exibido penas às 20h. Assim como a Globo, o SBT precisou retirar inúmeras cenas que tornavam o anime impróprio para crianças e, com isso, surgiram cenas como o Naruto se machucando com uma lancheira, menos violência gráfica e sangue no arco do Zabuza, e assim por diante.

Mesmo com esses cortes, Naruto foi um anime que se firmou entre os fãs e que é um grande sucesso até hoje. Já com a chegada dos streamings, os episódios cortados ou censurados não são mais uma questão para seu público.