Conforme já havia sido revelado pelo diretor Ruben Fleischer, o filme se baseia em algumas histórias clássicas do Venom, sendo a principal inspiração o arco Protetor Letal, onde Eddie Brock decide se mudar para São Francisco e lá, se torna uma espécie de anti-herói, deixando sua vida criminosa para trás.

Não espere extrema fidelidade, já que muita coisa foi adaptada para que o longa pudesse compreender a história de origem do simbionte. Ainda assim, há referências bem gritantes, como os vários simbiontes, a presença da Fundação Vida e a relação que Eddie Brock estabelece com moradores de rua.

Ainda de acordo com Fleischer, toda a equipe do filme tentou fazer várias referências aos quadrinhos clássicos do Venom - e uma das principais ideias era recriar capas icônicas das revistas do anti-herói, algo que é até bem utilizado ao longo do filme.

Um dos momentos onde percebemos isso nitidamente é quando o simbionte prateado Riot "arranca" do Venom do corpo de Eddie Brock, puxando-o pela mandíbula. Para quem não sabe, essa cena foi totalmente inspirada na capa da terceira edição de Venom: Carnage Unleashed, só que em vez do Riot, é o próprio Carnificina separado hospedeiro e simbionte.

Logo no início do filme, somos presenteados com uma gigantesca referência aos quadrinhos do Homem-Aranha. Aqui, descobrimos que o Venom e outros simbiontes chegaram à Terra através de uma exploração espacial, conduzida e financiada pela Fundação Vida. Contudo, um dos pilotos da expedição é ninguém menos que John Jameson.

Para quem não se lembra, esse astronauta é filho de J. Jonah Jameson, o rabugento editor-chefe do Clarim Diário. No longa, ele logo é possuído pelo Riot, e conduz o simbionte por um tempo antes de passá-lo para outro hospedeiro. Nas HQs, John acabou se transformando no Carnificina por um breve período, quando assumiu controle do simbionte vermelho.

Como dito anteriormente, uma inspiração direta de Protetor Letal é a "família" de simbiontes do Venom, que conta com vários personagens icônicos das HQs. Infelizmente, durante o filme, só há destaque para o próprio Venom e para Riot, mas ainda conseguimos pescar algumas referências de acordo com a cor dos simbiontes.

Ao longo do filme, descobrimos a existência de quatro simbiontes. Além dos já mencionados, temos uma gosma amarela e uma roxa - e, nas HQs, essas cores pertencem, respectivamente, à Grito e à Agonia. Infelizmente, eles não duram muito tempo, e "morrem" com o contato de seres humanos não-compatíveis.

Um dos pontos interessantes do filme é que, logo quando somos apresentados à Fundação Vida de Carlton Drake, descobrimos que o cientista é um idealista megalomaníaco, que não tem medo de fazer testes altamente anti-éticos pelo bem da humanidade. Logo de início, ele diz que o propósito original das pesquisas com simbiontes é achar a cura do câncer.

Se você já leu as HQs do Universo Ultimate, deve saber que esse foi o propósito pelo qual o Venom foi criado, em laboratório, pelo pai de Peter Parker. É uma referência pequena, mas que mostra que o diretor foi atrás até mesmo de outras versões do personagem para criar sua abordagem cinematográfica.

Muitos não sabem, mas a ideia do simbionte que formaria o traje negro do Homem-Aranha e, posteriormente, o Venom, veio de um fã. Randy Schueller mandou para a Marvel uma carta, sugerindo que o Amigão da Vizinhança ganhasse um novo traje, bem diferente de tudo que havia sido feito na história do herói.

No filme do simbionte, o diretor Ruben Fleischer conseguiu homenagear esse fã e sua contribuição para as HQs. Descobrimos que o apartamento para onde Eddie Brock se muda ao perder o emprego e a noiva é situado num prédio chamado de Edifício Schueller, em referência ao nome do fã.

E não foi apenas ele que ganhou uma homenagem no filme, mas também alguns artistas clássicos do personagem, como Todd McFarlane e David Michelinie. Ao longo da trama, descobrimos que a firma de advocacia para a qual Anne Weying trabalha se chama "Michelinie & McFarlane".

E esses não são os únicos artistas mencionados no longa. Ron Lim, que também é um importante desenhista da Marvel, tendo feito as HQs do Venom e a famosa Saga do Infinito, tem seu nome apresentado em uma loja de ervas, que aparece quando o jornalista está andando pelas ruas de São Francisco.

É difícil encontrar algum ser vivo que já não tenha sido possuído por simbiontes nas HQs. Já tivemos seres humanos, árvores e até mesmo dinossauros. Mas um elemento clássico dos quadrinho que também é mencionado aqui é o Cachorro-Venom, já que o simbionte toma conta do corpo de um canino para poder fugir e chegar até Eddie Brock.

Infelizmente, no filme, não vemos nada além dos olhos do cachorrinho sendo alterados, para indicar a presença do simbionte. Nas HQs, já tivemos cachorros que ficavam completamente fundidos à essa presença alienígena, atacando com tanta voracidade quanto o próprio Venom.

Uma das referências que não foi entregue pelos trailers é o momento em que Anne Weying, a ex-noiva de Eddie Brock, é possuída pelo simbionte e ajuda o jornalista a se libertar, antes de passar-lhe o traje negro. Caso você não saiba, Anne é o alter-ego da Mulher-Venom nas HQs, e também foi ex-esposa de Eddie.

No filme, vemos a personagem com um visual quase idêntico aos quadrinhos, com exceção da grande aranha branca - que também não aprece no próprio Venom. Infelizmente, sua participação é pontuada por um dos momentos mais bizarros do filme, quando o simbionte beija Eddie e, através disso, entra em seu corpo.

Eddie Brock é, antes de mais nada, um jornalista, e o filme faz bastante questão de demonstrar isso ao público, desde o início. No entanto, logo no meio da trama, descobrimos um easter-egg bem preciso às HQs, quando Eddie fala sobre ter trabalhado no Globo Diário. Além disso, o nome Barney Bushkin também é citado.

Para quem não sabe, o Globo Diário é um dos maiores jornais de Nova York nos quadrinhos, rivalizando diretamente com o Clarim Diário - para qual Peter Parker trabalhava. Além disso, Barney, o editor-chefe do Globo, é quase como o arqui-inimigo de J. Jonah Jameson, devido à concorrência entre os dois veículos de informação.

Para a surpresa geral, o lendário escritor Stan Lee também tem uma breve participação no filme, logo após a anti-climática batalha final. Ele aparece logo depois que Eddie Brock conversa com Anne Weying, na porta de sua casa. Quando o jornalista anda ladeira acima, ele se depara com Lee, que está passeando.

Lee diz que Eddie "não pode desistir" de Anne, e ainda fala: "Eu espero que vocês dois consigam resolver as coisas com ela". Ou seja, assim fica subentendido que ele sabe da existência do simbionte - o que faz todo sentido, já que boa parte das cameos de Lee não economizam nas meta-referências.

Logo antes dos créditos rolarem, nós temos uma breve cena bem-humorada onde Eddie Brock volta ao mercadinho que ele frequenta, que é ameaçado por um mafioso cobrando a proteção da dona. Na cena, vemos Venom atacando o bandido e devorando seu cérebro.

Contudo, há uma curiosa conversa entre o simbionte e o seu hospedeiro, na qual descobrimos que o Venom também possui uma fome bem grande por chocolate. Isso acontece porque, assim como nas HQs, o simbionte depende de feniletilamina para sobreviver, uma substância hormonal que pode ser encontrada em cérebros humanos... ou em chocolate.

A primeira cena pós-créditos do filme nos traz a apresentação de um personagem muito aclamado das HQs do Venom: o vilanesco Carnificina. Logo no final, descobrimos que Eddie Brock conseguiu uma entrevista muito importante - e na cena, nós vemos o jornalista indo até a prisão de San Quentin.

Ao chegar ao local, ele vai entrevistar ninguém menos que Cletus Kasady, um famoso psicopata, que aqui é interpretado por Woody Harrelson, com uma peruca vermelha. Durante a conversa com o jornalista, o assassino degenerado garante que ainda vai fugir - e que quando isso acontecer, todos vão testemunhar uma carnificina...

A última cena pós-créditos não tem nada a ver com o filme, mas é uma maneira interessante da Sony divulgar a animação Homem-Aranha no Aranhaverso, que chega aos cinemas brasileiros em janeiro do próximo ano. A cena em si é um pequeno trecho do filme, onde vemos Miles Morales fugindo do Gatuno.

A cena então se torna ainda mais empolgante quando Peter Parker, o Homem-Aranha "original", dá as caras, assustando Miles. A partir disso, temos uma divertida cena de perseguição, na qual Miles precisa fugir com um Peter inconsciente, enquanto é caçado pela polícia nova-iorquina.