Qual foi o primeiro grande sucesso de um personagem da Marvel nas telonas? Homem de Ferro? Não! Homem-Aranha? Errou feio, errou rude. X-Men? Tampouco!

Em 1999, Blade, um personagem completamente desconhecido da Marvel ganhou sua adaptação cinematográfica na pele de Wesley Snipes.

O sucesso pegou até mesmo a Casa das Ideias de surpresa, que não estava publicando uma série do personagem, mas prontamente decidiu dar mais atenção ao Caçador de Vampiros.

Mas o Blade dos quadrinhos era muito diferente de sua versão cinematográfica. Ele não possuía superpoderes e nem podia andar à luz do dia.

Para solucionar esse problema e dar aos fãs o Blade que eles queriam, a Marvel criou um crossover com o Homem-Aranha no qual o Andarilho do Dia foi mordido pelo vampiro Morbius.

Como era imune a mordidas de vampiros, Blade teve uma reação diferente e ganhou seus poderes como super-força, velocidade e sentidos aumentados e, logicamente, podia andar sob a luz do Sol.

Quando os X-Men foram apresentados nas telonas, em 2000, Bryan Singer decidiu deixar os uniformes coloridos para trás e a equipe passou a utilizar roupas de couro.

Até mesmo Stan Lee e Chris Claremont concordaram com essa decisão, já que achavam que apresentar os uniformes clássicos no mundo real ia ficar um tanto quanto perturbador.

Aproveitando o sucesso do filme, em 2001 a Marvel decidiu lançar os Novos X-Men, que também abandonaram os trajes clássicos e passaram a utilizar uniformes de couro. A única diferença é que os novos trajes possuíam um grande X amarelo no peito.

Apesar da má fama com as histórias do cabeça de teia, J. Michael Straczynski, juntamente com Olivier Coipel, revitalizaram as histórias do Deus do Trovão. Mas, para isso, uma grande mudança foi feita, Loki foi apresentado como uma mulher.

Com a produção do filme do Thor, Tom Hiddleston foi escolhido para viver o Deus da Trapaça nos cinemas e a Marvel tratou de varrer pra debaixo do tapete a Lady Loki.

A solução foi dizer que a nova forma era mais uma das habilidades de Loki, que poderia escolher com qual visual aparecia para os outros. Lady Loki até mesmo chegou a retornar na Saga Pecado Original e em algumas edições da série solo do vilão.

Há alguns anos, não muito tempo atrás. Quase ninguém conhecia a história dos Guardiões da Galáxia.

Peter Quill foi criado por Steve Englehart, em 1976 e era um personagem extremamente insuportável. Mais tarde, na saga Aniquilação, Quill foi retratado como um veterano de guerra a serviço de Ronan, o Acusador. Se você assistiu Guardiões da Galáxia, sabe que nenhuma dessas descrições se parece com o personagem apresentado.

Em 2013, a Marvel já sabia que a equipe ganharia sua versão cinematográfica e decidiu reconstruir todo o seu conceito para atrair a atenção dos fãs.

A origem, a personalidade, a aparência, a idade... Tudo em Peter Quill foi mudado para que ele se tornasse o mercenário espacial com ares de Han Solo que todos conhecemos e passamos a amar.

A Marvel está realizando uma verdadeira Dizimação de Mutantes em seus quadrinhos.

No que parece ser um boicote aos filmes da Fox, a Casa das Ideias passou a dar cada vez menos destaque aos X-Men e até mesmo personagens importantes para o grupo deixaram de ser mutantes ou foram mortos!

Um desses casos - na verdade, dois - foi o dos Irmãos Maximoff.

Wanda e Pietro sempre foram os filhos do Magneto que surgiram como vilões, mas decidiram se redimir e passaram para o lado do bem.

Para ajudar a justificar a presença dos personagens no Universo Cinematográfico Marvel, vimos os Maximoff deixarem de ser filhos do Mestre do Magnetismo.

Eles se tornaram experimentos do Alto Evolucionário e seus poderes são provenientes dos testes aos quais foram submetidos.

Bem parecido com o que tivemos no cinema, mas como o Alto Evolucionário não está presente nos filmes da Marvel, seus poderes foram concedidos graças aos experimentos com o Cetro que sofreram na Hidra.

Por ser a primeira grande equipe da Marvel, é justo imaginar que o Quarteto Fantástico sempre teria destaque dentro das grandes sagas da Marvel, mas não é o que vem acontecendo.

Depois que os direitos dos personagens foram comprados pela Fox, cada vez mais a família foi sendo deixada de lado dentro da Casa das Ideias. Ainda mais que os próprios mutantes.

Apesar dos chefões da Marvel jamais terem se pronunciado sobre o assunto, fica claro que os personagens estão sendo negligenciados de propósito.

A Nova e Diferente Marvel nem mesmo tem um título do Quarteto Fantástico.

Agora, Ben Grimm se uniu aos Guardiões da Galáxia e o Tocha Humana aos Inumanos.

Durante muito tempo, o Incrível Hulk foi um personagem deixado de lado dentro de grandes histórias da Marvel.

E isso não é culpa do personagem, mas é realmente muito difícil encaixar um personagem tão poderoso e imprevisível como o Hulk em qualquer equipe, já que ele deixa a batalha mais fácil pra equipe que ele se aliar e acaba até mesmo deixando as coisas sem graça.

Mas, quando o Golias Esmeralda foi escalado para o time dos Vingadores, a Marvel teve que dar um jeito de voltar a dar destaque ao personagem.

E se em vez do Hulk fosse Bruce Banner o personagem a ganhar destaque? A amizade entre Bruce e Tony Stark foi um dos grandes acertos das últimas aventuras dos Vingadores, nos quadrinhos.

As duas mentalidades geniais unidas, muitas vezes, eram mais eficientes do que travar batalhas que arriscavam as vidas dos heróis e da população e é o que vemos tanto nos quadrinhos quanto nos cinemas.

Se você passou a conhecer o Homem-Aranha graças aos filmes de Sam Raimi deve ter ficado desesperado quando viu Andrew Garfield criando lançadores de teia em O Espetacular Homem-Aranha.

Mas, acredite, os fãs do Cabeça de Teia ficaram ainda mais desesperados quando viram as teias saindo do pulso de Peter Parker.

Nos quadrinhos, as teias sempre vinham de lançadores posicionados estrategicamente nos pulsos de Peter e eram recarregados com refis contendo fluido de teia que dissolvia depois de algumas horas em contato com o ar.

Mas, aproveitando o embalo dos filmes, mais uma vez, a Marvel decidiu levar as teias orgânicas para os quadrinhos, o que foi recebido com reações mistas pelos fãs. Os novos leitores adoraram, os antigos desmaiaram.

Antes de 2008, se você pedisse para um leitor da Marvel descrever Tony Stark a provável resposta seria: Babaca!

Mas, depois de Robert Downey Jr., as aparições de Tony foram ficando cada vez mais recheadas de sarcasmo e irreverência.

Escritores como Matt Fraction e Brian Michael Bendis passaram pelos títulos do Homem de Ferro e levaram as características dos filmes para os quadrinhos.

Tony Stark foi deixando seu lado arrogante e prepotente pra trás e passou a ser muito mais o 'gênio, bilionário, playboy e filantropo' dos filmes.

Com a Nova e Diferente Marvel, as semelhanças com os filmes ficaram ainda maiores.

Stark continua sendo um babaca, mas agora é um babaca muito mais divertido.

Durante alguns anos, Scott Lang, o segundo Homem-Formiga, foi a menina dos olhos da Marvel. O personagem foi destaque dentro dos Vingadores e até mesmo se tornou o líder da Fundação Futuro, uma organização spin-off do Quarteto Fantástico.

Mas o tempo passou (e eu sofri calado -n) e Lang foi deixado no esquecimento. Até que a Marvel resolveu, mais uma vez, voltar seus olhos para o personagem e produzir seu próprio filme.

Scott retornou em Capitão América: Guerra Civil e não decepcionou. As cenas do personagem foram impressionantes e cruciais dentro da batalha, além de diversos momentos cômicos terem sido protagonizados pelo Homem-Formiga.

Quem diria, um personagem que há algum tempo todos zombavam e menosprezavam... Parece que a história do Homem de Ferro está se repetindo.