Tudo parecia bem na produção de Pantera Negra; elenco excelente, fazendo jus à importância da representatividade negra no mundo dos super-heróis. Porém, houve um deslize aí.

Nos quadrinhos, duas guerreiras que acompanham e protegem o Pantera Negra se apaixonaram no processo, são elas Ayo e a Aneka. No filme, porém, a identidade sexual da Ayo, interpretada pela Florence Kasumba, será apagada da trama.

Isso, inclusive, depois dos primeiros materiais promocionais divulgados darem pistas sobre uma possível relação entre ela e a Okoye, a Dora Milaje de Danai Gurira. No entanto, a Marvel afirmou que não existe nenhuma relação afetiva entre as duas, o que causou revolta - compreensível - nos fãs.

Se você só conhece ele dos filmes, pode não parecer, mas o Loki é um dos personagens mais queer da Marvel! O gênero e a sexualidade do Deus da Trapaça são LITERALMENTE fluidos e isso não é uma “invenção” da editora, é parte da própria mitologia da divindade.

Nas HQs o Loki já foi homem, mulher, uma pessoa queer - sem identificações de gênero - e até um cavalo (como na mitologia). Ele realmente falou que pode ser o que bem entender, quando quiser. E por mais que o Loki do Tom Hiddleston seja legal, essa característica - que é fundamental do personagem - não foi levada para os cinemas. Uma pena.

Muita gente não lembra, mas a Victoria Hand, uma das agentes mais legais das HQs Marvel, esteve no UCM. “Esteve” porque morreu de uma forma bem triste, sem mostrar todo seu potencial.

Ela foi interpretada pela atriz Saffron Burrows na primeira temporada de Agents of S.H.I.E.L.D. São dois problemas aqui: primeiro que, como personagem, foi um desperdício matarem a agente sem explorar toda a sua capacidade

Segundo, mesmo S.H.I.E.L.D. sendo uma das parcelas mais inclusivas do UCM, a sexualidade da Victoria foi deixada de lado, mesmo que ela pudesse render a grande representação LGBT+ que uma parcela dos fãs tanto espera.

Não foquemos só na Marvel, vamos falar um pouco da DC. John Constantine já ganhou duas adaptações em live-action e nenhuma delas teve a coragem de explorar a bissexualidade do personagem.

Sim, o Constantine é bissexual e não tem muitas "barreiras morais" nas HQs - isso é uma das coisas mais legais sobre ele. Até parecia que, em algum momento, a finada série da NBC podia chegar lá, mas, como disse, finada.

Ele agora está na geladeira e muita gente quer que ele entre para o time de Legends of Tomorrow. Legends, assim como S.H.I.E.L.D., é uma das séries de super-herói mais inclusivas, então seria um espaço bacana para desenvolver esse lado do Detetive Sobrenatural.

Difícil esse caso, tanto pela Psylocke não ter recebido a atenção devida em sua adaptação, quanto por terem cortado 70% da personalidade da moça. Nessa porcentagem, inclusive, estava sua bissexualidade.

É uma pena que esses personagens tão incríveis dos X-Men não ganhem espaço para serem completamente desenvolvidos em tela. A melhor coisa sobre os mutantes é a diversidade que eles sempre trouxeram e defenderam nos quadrinhos. O mesmo não pode ser dito das versões cinematográficas.

Quem sabe, agora, na TV, não é verdade?

Muita gente não sabe dessa, mas o Electro, vilão do Homem-Aranha, é bissexual! Maxwell Dillon nunca ganhou um enfoque muito grande em sua sexualidade, mas essa é uma de suas características.

E, como várias outras coisas do vilão, isso não chegou até “O Espetacular Homem-Aranha 2”. Se nem o personagem foi adaptado direito, imagina algo tão envolto em tabu quanto sua identidade sexual.

Mesmo que ela tenha recebido um pedido de casamento do Batman recentemente e viva em um vai e volta com o Morcego, Selina Kyle, a Mulher-Gato, não só é bissexual, quanto sua sexualidade é um dos seus fortes nos quadrinhos.

E ela já ganhou várias adaptações para as telas, nenhuma explorando esse lado da moça. Talvez a que mais tenha chegado próxima disso tenha sido a Michelle Pfeiffer, lá atrás, em 1992. Mas retratar realmente a identidade sexual da anti-heroína? Nunca.

Esse é um caso bem parecido com o do Loki. Pessoal, entendam o seguinte: a Mística pode ser o que ela quiser, quando quiser. Mais ainda: é claro para qualquer um que ela e a Sina viveram um romance duradouro nas HQs, mesmo em épocas onde era literalmente proibido personagens gays nos quadrinhos.

A Raven não só é bissexual, como tem o gênero completamente fluído - tanto que existem todas aquelas teorias de que, inicialmente, a Sina seria a mãe e a Mística o pai da Vampira ou do Noturno.

Isso foi completamente esquecido nos cinemas. Primeiro com a Mística adulta, da primeira trilogia X-Men, que era louca pelo Magneto e até pelo Wolverine. Depois, nem precisa lembrar da Jennifer Lawrence no papel, né? De toda forma, a Mística nunca ganhou uma ótima adaptação e essa parte dela sempre foi deixada de lado.

Polêmica? Nem tanto. Galera, não é porque a Vanessa usou um consolo no Deadpool que isso já mostra toda a pansexualidade do personagem. O unicórnio também não.

Nos quadrinhos,o próprio Deadpool já deixou claro que tem uma paixonite no Aranha, por exemplo. Assim como o Constantine, o Mercenário Tagarela não possui muitos "limites pudicos" e vai na onda que vier.

Sim, o primeiro filme deu algumas pistas sobre isso, mas nada concreto. Pode ser que essa ideia da pansexualidade do Deadpool seja explorada no futuro. Por agora, podemos dizer que foi uma tentativa.

O mesmo vale para a Arlequina. É cedo dizer que a DC apagou completamente a bissexualidade da personagem - por mais problemático que tenha sido o relacionamento dela com o Coringa em Esquadrão Suicida.

Podemos dizer que é possível que o relacionamento entre ela e a Hera Venenosa seja explorado no longa das Sereias de Gotham. Esperamos, pelo menos. Até lá, como no caso do Deadpool, temos apenas pistas e promessas.