Há um problema sério com alguns personagens que você vai encontrar aqui: a superutilização. E o Wolverine infelizmente já abre a lista trazendo tudo o que há de pior nesse termo. O que originalmente era um membro misterioso dos X-Men acabou se tornando um dos maiores representantes da equipe, em parte graças à sua popularidade nos cinemas.

O problema, no entanto, é que a Marvel nunca conseguiu dar boas histórias solo para o personagem - tirando, é claro, clássicos como Eu, Wolverine; Inimigo do Estado e O Velho Logan. Nos últimos anos, a Casa das Ideias matou o mutante e o substituiu por dois personagens bem mais interessantes: a X-23 e o Velho Logan... mas adivinha quem já voltou dos mortos e chutou seus substitutos de lado?

Bruce Wayne é um caso de ame ou odeie. O Homem-Morcego é, definitivamente, um dos maiores heróis da DC Comics e o maior detetive da história dos quadrinhos. No entanto, ele acabou se tornando, para muitos fãs, o sinônimo de “roteirismo”. Isso porque todas as histórias acabavam puxando sardinha para o seu lado, mesmo quando parecia impossível vê-lo saindo vitorioso.

Embora isso tenha sido legal em algumas histórias, como O Cavaleiro das Trevas, o problema começou quando o personagem se tornou quase invencível. Ele basicamente pode tudo, apenas porque é o Batman. Outro problema que passou a incomodar muito os fãs foi sua super-exposição nos cinemas e na TV. Parece que a DC não consegue lançar algo de sucesso se isso não for alavancado nas costas do Cavaleiro das Trevas.

Não são apenas os heróis que sofrem com decisões erradas das editoras de quadrinhos. Os vilões também têm um preço a pagar - e nós podemos citar Thanos entre os mais afetados por questões comerciais. Embora sua versão nos cinemas seja digna de respeito, o Titã Louco dos quadrinhos já virou uma galhofa, justamente por ter se tornado um personagem repetitivo e cansativo.

Criado por Jim Starlin - que até hoje é um dos únicos roteiristas que consegue escrevê-lo decentemente -, o vilão começou a ser utilizado de formas muito piegas e desnecessárias, apenas porque o confronto com os Vingadores era visualmente interessante. A partir daí, abandonava-se toda a carga filosófica do vilão, além das vinte mil vezes em que ele já morreu e voltou à vida.

Aliás, ainda tocando nos vilões, outro personagem que precisa de uma mudança de ares - tanto nos cinemas quanto nas HQs - é Magneto, o Mestre do Magnetismo. Basicamente, o vilão passou a viver em um ciclo inquebrável: ora ele é um inimigo jurado dos X-Men, que lidera a Irmandade dos Mutantes, ora ele coloca o rabo entre as pernas e se junta à equipe de heróis.

O problema com isso é que não há mais um mínimo desenvolvimento - especialmente considerando seu passado destrutivo em meio à Segunda Guerra Mundial. Erik Lensherr - ou Max Eisenhardt, se preferir - se tornou apenas uma ferramenta que está a favor ou contra os X-Men. Foi-se o tempo em que ele era uma das faces da revolução, já que agora muitos o substituíram e fazem um trabalho “melhor”.

Dentre todos os da lista, o Flash é o personagem que menos sofre com esses diversos problemas nos quadrinhos. Na realidade, o Velocista Escarlate mantém uma qualidade de histórias invejável - ainda que muitos fãs já estejam cansados de ver várias versões do personagem circulando por aí - mas isso está longe de ser um problema, ainda mais considerando que a DC possui, por exemplo, a Tropa dos Lanternas Verdes.

O problema, no entanto, está fora das HQs. O herói ganhou uma série de TV pelo CW, que originalmente era bem promissora e acabou se transformando em um melodrama com poderes. No cinema, a versão de Ezra Miller ainda não conquistou os fãs, mesmo após sua participação em Liga da Justiça. Talvez esteja na hora de recalcular os passos do herói.

Há alguns personagens que a Marvel criou especialmente incorporando a vibe da década de 90. Embora tenha surgido no final da década anterior, o Venom se tornou a personificação desse tipo de personagem - e perdura até hoje como um dos vilões mais utilizados do Homem-Aranha, por mais que sua história seja, na maior parte das vezes, rasa.

A popularidade do simbionte foi tanta que, neste ano, ele ganhou seu primeiro filme solo - parte do universo de anti-heróis da Sony - e nós sabemos que isso só vai impulsionar a Marvel a fazer mais HQs, minisséries, capas variantes e eventos envolvendo Eddie Brock e sua gosma preta. Por sorte, o título atual escrito por Donny Cates conseguiu dar mais profundidade ao personagem.

Tudo bem que o Homem-Aranha é um dos personagens mais amados dos quadrinhos da Marvel. E, conhecendo sua história que vem desde a década de 60, isso não é surpresa alguma. O problema, no entanto, é que o herói se tornou uma piada pronta dentro dos quadrinhos da Marvel, já que a editora parece nunca saber como evoluir Peter Parker e seus aliados.

Várias vezes, já vimos Peter ganhando um grande avanço em sua vida pessoal, apenas para que isso seja retificado e ele se torne mais uma vez um herói pobre e ferrado, mas com um bom coração. Atualmente, ele está tendo até uma boa maré nas HQs, prestes a reatar seu relacionamento com Mary Jane Watson... mas quanto tempo deve durar até que vejamos outro Um Dia a Mais?

Assim como o Batman parece ser a única fonte de sucesso do lado heróico da DC nos cinemas, o mesmo podemos falar do Coringa, se estamos analisando o lado errado do lei. O personagem se tornou o maior inimigo do Cavaleiro das Trevas nas HQs, e se sua presença foi responsável por arcos marcantes como A Piada Mortal, também deu pano pra manga pro Palhaço do Crime sem graça dos Novos 52.

Nos cinemas, a figura muda de proporção. Além de ter participado de diversos filmes do Batman no passado, ele ganhará uma nova versão em um filme solo, que chega aos cinemas no ano que vem. E mesmo após o desastre crítico de Esquadrão Suicida, a versão de Jared Leto também deve retornar em mais de um longa, para o desgosto de boa parte do fandom.

Falando no Palhaço do Crime, não podemos nos esquecer da Arlequina, que se tornou uma figura completamente detestada pelos fãs da DC Comics, especialmente após o boom comercial de Esquadrão Suicida. Basicamente, a DC quer colocá-la em todos os lugares, com diversas minisséries e revistas mensais, sem que a personagem tenha grande profundidade.

E isso não diz respeito apenas às HQs. No cinema, a Arlequina de Margot Robbie também vai estrelar diversos filmes dos Mundos da DC. O problema é que muitos fãs não gostam do ar “descompromissado” da anti-heroína, e também não curtem a vibe insana de suas histórias. Mas, assim como o próximo da lista, ela é muito lucrativa, então a editora vai continuar aproveitando.

Por fim, está um personagem que pode até ter feito sucesso nos cinemas - mais do que merecido, diga-se de passagem -, mas que nós não aguentamos mais ver a sombra nos quadrinhos. Trata-se do Mercenário Tagarela, o Deadpool. A Marvel perdeu as estribeiras e, só nos últimos anos, tivemos dezenas de minisséries e títulos mensais do anti-herói, além de participações em equipes como os Vingadores.

O problema é que boa parte de suas histórias são completamente descartáveis, e muitas delas são mal-escritas. Além disso, temos a velha fórmula de sempre de ver Wade Wilson se metendo nos maiores problemas possíveis, que logo são resolvidos assim que o título chega ao fim. E o triste é saber que, mesmo sendo um personagem com histórias ruins, ele ainda é altamente rentável para a editora.