Para começar a lista, podemos ir direto em um personagem bem controverso: Zebediah Killgrave, o Homem Púrpura, que ficou extremamente popular depois de sua aparição em Jessica Jones. Um vilão original do Demolidor, o personagem nunca pareceu ter muito discernimento sobre sua vivência em meio a uma história de quadrinhos.

Isso, até Brian Michael Bendis escrevê-lo na elogiada série Alias, que apresentou Jessica Jones ao mundo. Nela, o vilão constantemente se refere a história da investigadora como se todos eles vivessem em uma HQ e arquitetava seus planos para se adequar a isso. Curiosamente, o personagem não foi retratado dessa maneira depois, o que leva a crer que isso tenha sido um momento temporário de loucura - ou sanidade.

Logo em seguida, temos outra personagem do Universo Marvel em nossa lista. Trata-se de Gwen Poole, a heroína conhecida como... Gwenpool. A personagem originalmente nasceu em um universo como o nosso, para o qual as aventuras da Terra-616 não passam de histórias em quadrinhos.

Através de um método não revelado, ela acabou sendo transportada para o Universo-616 após as Guerras Secretas. Já sabendo que tudo se passava em uma HQ, ela começou a fazer diversas missões perturbadíssimas, com o pretexto de que não precisava se preocupar em morrer nem nada do tipo, afinal, ressuscitaria como boa parte dos os outros personagens da editora.

Afinal de contas, como o próprio Estrela da Manhã não saberia? A versão da DC Comics - mais precisamente, da linha Vertigo - do próprio anjo que se tornou Satanás, Lúcifer já caminhou por diversos vales no universo dos quadrinhos - seja entre a Terra ou o Inferno. E, assim como outros dessa lista, ele sabe que vive em uma HQ.

A revelação para isso só foi feita na primeira edição do segundo volume do título do personagem, no qual ele é mostrado conversando com os leitores. Esse artifício foi utilizado poucas vezes após essa edição, mas certamente já é o suficiente para que os fãs saibam que o diabo está atento.

Quando se carrega consigo o fardo da quase-onisciência, é imperativo saber que os universos nem sempre estão alinhados com uma realidade fixa. E o Vigia certamente sabe muito bem disso. Um coadjuvante vindo das histórias do Quarteto Fantástico, Uatu sempre esteve muito presente na Marvel até sua morte em Pecado Original.

Mais de uma vez - sobretudo nas edições pertencentes à série O Que Aconteceria Se...?, os populares What If... - o Vigia já foi visto dialogando diretamente com o leitor de quadrinhos e reconhecendo sua existência em um universo que fica à parte da nossa realidade "real".

Se no item anterior, o Vigia tinha de lidar com quase-onisciência, temos nesse caso um personagem que é onipresente, onisciente e onipotente. O Doutor Manhattan é o ponto central de convergência do universo de Watchmen e o personagem, recentemente, foi retratado como parte do Renascimento DC, em um papel principal.

Tanto nas edições mais recentes em que é mencionado, como em Watchmen e seu controverso prelúdio Antes de Watchmen, o poderoso herói já mostrou implicitamente ter a consciência dos diversos universos. Embora não tenha confirmado oficialmente que saiba que vive em um quadrinho, o personagem já foi visto diversas vezes "olhando para fora das páginas", mostrando um latente conhecimento de sua condição.

Para muitos, Jennifer Walters sempre foi a prima advogada e mais bem-humorada do Incrível Hulk. Após ganhar os poderes de seu primo em uma transfusão de sangue, ela assumiu o título de Mulher-Hulk e ganhou espaço em diversas equipes de super-heróis, como os Vingadores e a Força-V.

Curiosamente, ela é uma heroína que também têm consciência cósmica. Ela não apenas sabe que vive em uma HQ, como também já usou - mais de uma vez - histórias em quadrinhos da Marvel para defender ou acusar réus em tribunais, já que seus casos são quase sempre atrelados a super-heróis e outros seres com poderes aprimorados.

A loucura é apenas sanidade intensificada. O vilão mais clássico das histórias em quadrinhos, o Coringa já passou por inúmeras transformações em sua história. Mais recentemente, foi revelado que o personagem é uma constante na história do Batman, ainda que mais de uma versão do vilão exista simultaneamente no Universo DC.

Mais de uma vez, o vilão já mostrou que tem plena consciência de sua existência como um personagem de quadrinhos. Em algumas dessas vezes, ele se dirigiu diretamente aos leitores, mesmo em meio a confrontos com outros personagens. E para todos os que habitam em seu universo, esse é apenas mais um sinal de loucura para o vilão... mas será que é mesmo?

O Deus da Trapaça não se deixa enganar com trapaças feitas para ele. Irmão adotivo de Thor e filho real do gigante de gelo Laufey, ele é uma figura mítica asgardiana que eventualmente se tornou consciente de sua existência como um mito na Terra - e como ele era obrigado a seguir esse mito invariavelmente.

Posteriormente, ele não apenas descobriu sua existência em mitos nórdicos, como também se tornou consciente de sua existência nos quadrinhos da Marvel. Em uma história do Deadpool, ele chegou a conversar com o Mercenário Tagarela sobre esse fato, embora nunca tenha feito nada para quebrar essa continuidade além de já ter falado com o público algumas vezes.

Em uma das fases mais elogiadas dos quadrinhos, o Homem-Animal se tornou um personagem extensamente consciente de sua condição de existência como um personagem de quadrinhos. Ele costumava falar bastante com o público e, eventualmente, conheceu seu próprio escritor, o talentoso Grant Morrison.

Essa fase durou pouco tempo, mas foi uma das histórias mais bem criticadas do personagem desde sua criação. Aqui, tivemos toda uma reestruturação da vida de Buddy Baker, o herói que, através de seu contato com o "Vermelho", pode mimetizar as habilidades de qualquer animal que já existiu na Terra.

Por fim, não podíamos deixar de falar do anti-herói que popularizou esse conceito nos quadrinhos. O Deadpool pode não ser o personagem a ter inventado a quebra da quarta parede e outros recursos narrativos, mas certamente foi um dos que trouxe importância a esse tipo de ação na história, e é o personagem mais famoso a possuir consciência cósmica.

Em suas primeiras aparições, ele era apenas uma "cópia satírica" do Exterminador da DC Comics, sem uma personalidade marcante. Com o tempo, ele se tornou cada vez mais louco, falando diretamente com o leitor e fazendo referências a acontecimentos do mundo real e da cultura pop. E agora, esse comportamento também foi levado das páginas para os cinemas.