10 mudanças que arruinaram personagens amados das Histórias em Quadrinhos!

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10 mudanças que arruinaram personagens amados das Histórias em Quadrinhos!

Por Leo Gravena

Exemplos básicos de como as mudanças podem vir para o bem são os casos de retcons. Você não pode manter o Homem de Ferro atual ao mesmo tempo em que os ferimentos que o levaram a ser um herói aconteceram na época da guerra do Vietnã. São necessárias algumas mudanças para que o conteúdo sempre se mantenha novo e atualizado. Porém, não é só de retcons que vivem as mudanças.

Casos como a atual troca de corpos de Peter Parker com um de seus inimigos mais poderosos, Otto Octavius, são necessários para que o herói possa progredir em sua jornada. No caso citado, é inegável que houve uma desconfiança por parte dos fãs, que logo foi substituída por elogios durante a fase escrita por Dan Slott.

Porém, mudanças podem ser catastróficas. Quer seja por desnecessidade, quer seja por desrespeitar parte da história do personagem. Pensando nisso, a WhatCulture fez uma lista inspirada nas 10 mudanças que arruinaram personagens amados pelos fãs. Vale lembrar que não são necessariamente mudanças ruins, porém que não conseguiram atingir os leitores, ou então que desconsideravam arcos consagrados de cada herói.

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Shazam

O primeiro Capitão Marvel foi criado pela Fawcett Comics no fim da década de 1930 e rapidamente se popularizou, passando a vender mais que vários heróis, incluindo o Superman. A DC Comics reagiu a isso processando a Fawcett, acusando a editora de copiar o Homem de Aço. Ao vencer o processo, a DC conseguiu os direitos do personagem e o adicionou ao seu próprio multiverso.

O personagem foi concebido como alter-ego de Billy Batson, um pobre garoto descoberto pelo feiticeiro ancestral chamado Shazam. Vendo as dificuldades que o menino havia suportado e sentindo bondade e pureza em seu coração, o mago concedeu a Billy o poder de se transformar no herói Capitão Marvel, ao falar a palavra Shazam. Isso lhe garantia a sabedoria de Salomão, a força de Hércules, o vigor de Atlas, o poder de Zeus, a coragem de Aquiles e a velocidade de Mercúrio. Nas épocas seguintes, o Capitão Marvel continuava mantendo sua jovialidade, disposição e bondade, afastando-o um pouco dos heróis mais sombrios que seriam criados na era moderna. Porém, após a reformulação dos Novos 52, parece que nenhum herói pode ser bom, engraçado e decente. Então eles tiveram que fazer o Shazam mais sombrio o possível. O novo Billy Batson é um órfão arrogante e problemático que viveu com várias famílias adotivas, sem se fixar a nenhuma. O Mago (não chamado mais de Shazam) o julgou inapto, justamente por não ser puro de coração. Mas Billy o convenceu com o fato de que pessoas assim não existem (que mensagem positiva!). Vale ressaltar que não existe mais a alcunha do Capitão Marvel, apenas o Shazam. E lá se vai o personagem que todos conheciam.

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Feiticeira Escarlate

Wanda Maximoff começou sua carreira como vilã, fazendo parte da Irmandade dos Mutantes, assim como seu irmão gêmeo, Mercúrio. Numa tentativa de se redimir por seus crimes passados, Wanda (e Pietro) entram para os Vingadores, e enquanto seu irmão seria um membro intermitente da equipe durante as décadas seguintes, ela provou ser um membro chave.

Wanda passou por uma progressão incrível ao longo do tempo. Ela se apaixonou e casou com um de seus companheiros de equipe, o Visão, e passou a usar seus poderes mutantes como um trampolim para se tornar uma poderosa praticante de magia. Seus poderes inclusive possibilitaram que ela e o marido pudessem ter filhos gêmeos. Porém John Byrne veio nos anos 80 e resolveu desfazer tudo isso. O Visão é desmantelado e reconstruído como um robô sem emoções e Wanda descobre que seus filhos são, na verdade, fragmentos da alma do demônio Mephisto, os quais ele posteriormente reabsorve, encerrando a existência das crianças e quase levando Wanda à loucura.

Anos depois, Brian Michael Bendis se aproveitou disso e fez a personagem surtar de vez. Apesar de anos de desenvolvimento em que ela estava lidando com a perda das crianças, tudo é ignorado e Wanda vira uma supervilã insana, matando vários Vingadores e inclusive cometendo o maior genocídio da espécie mutante.

Recentemente, Allan Heinberg em sua minissérie "Avengers - Children's Crusade" (Vingadores - A Cruzada das Crianças), que conta com a volta de Wanda após anos desaparecida, e a participação dos Jovens Vingadores, dentre os quais dois são reencarnações dos seus filhos perdidos, retomou a personagem do jeito que era. E a mudança que arruinou grande parte da história da personagem acabou tendo um desdobramento interessante: Wanda agora luta em uma jornada de arrependimento pelas suas ações, algo que se estende até mesmo na Marvel Now, nova fase da Marvel iniciada em 2012.

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Ms. Marvel

Carol Danvers foi, originalmente, parceira do herói alienígena conhecido como Capitão Marvel (não, não é o Shazam que falamos anteriormente!). Após sofrer com a explosão de um dispositivo Kree, Carol descobre que sua estrutura genética foi alterada, fundindo-se com a do Capitão Marvel e transformando-a numa híbrida Kree-humana. Usando o nome de Miss Marvel, Carol passa a ser uma super-heroína e entra para os Vingadores.

Porém, em Avengers #200, Carol é capturada por um vilão chamado Marcus e levada para uma dimensão alternativa, onde ela sofre lavagem cerebral, é seduzida e engravida. Ela então retorna à Terra e dá luz a Marcus (???), que cresce rapidamente à idade adulta e deseja fazer com que Carol volte para a mesma dimensão. O problema é que isso é aceito pelos Vingadores sem oposição alguma.

Além de muito estranho, o arco foi duramente criticado pela historiadora de arte Carol A. Strickland, que destroçou a história em seu ensaio chamado "O estupro da Miss Marvel". Chris Claremont, que na época era o escritor mais duradouro do título, também odiou a história e tentou fazer um retcon. Infelizmente, esse retcon causou ainda mais dano a Carol Danvers, uma vez que a mutante Vampira - ainda supervilã - havia roubado seus poderes e memórias.

Após ser jogada para escanteio durante toda a década de 90, Carol voltou aos Vingadores pelas mãos de Kurt Busiek. Recentemente, ela adotou o codinome Capitã Marvel e finalmente se livrou da história que a deixou marcada por vários anos.

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Robin (Tim Drake)

Após a morte do segundo Robin, Jason Todd, o Batman precisava de um novo sidekick. Tim Drake vem da mesma classe social de Bruce Wayne e quando criança viu os "Graysons Voadores" (dentre os quais, Dick Grayson) no Circo. Aos nove anos, Jason percebeu que os movimentos acrobáticos do Robin eram os mesmos realizados por Dick Grayson no Circo, deduzindo que ele era o Robin e, por associação, Bruce Wayne era o Batman. Percebendo a imprudência de Batman após a morte de Jason, Tim intervém e decide que é hora de virar o terceiro Robin, após a morte de sua mãe.

Como Robin, Tim provou ser um detetive inigualável. Porém, nos Novos 52, sua origem foi completamente alterada. Agora, além de nunca ter sido Robin (em vez disso, sempre foi o Robin Vermelho), também nunca foi Tim Drake. E as conexões com Dick Grayson foram completamente removidas. Na nova origem, Tim Drake é apenas um atleta talentoso e gênio da informática que chegou perto de descobrir quem é o Batman. Após ser rejeitado pelo Homem-Morcego, Tim decide hackear a conta bancária do Pinguim, fazendo a si próprio e sua família de iscas para que o Batman possa salvá-los. Após serem resgatados, os pais de Tim são colocados no Sistema de Proteção à Testemunhas, que também o renomeia como Tim Drake. Os pais de Tim pedem que Bruce adote e proteja o garoto, e Bruce aceita.

Tim foi sempre considerado o Robin mais habilidoso quando se trata de investigações e o garoto mais "cabeça". Porém, essa nova origem retira isso da imagem do personagem, uma vez que ele não é tão inteligente como que que era antes e também se transformou num adolescente imprudente disposto a por sua família em perigo para ser feito de sidekick do herói.

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Motoqueiro Fantasma

Para salvar seu pai adotivo, Crash Simpson, do câncer, o motociclista Johnny Blaze fez um pacto com o demônio Mephisto, oferecendo sua alma em troca da cura de Crash, o que de fato acontece. Entretanto, Crash morreu pouco tempo depois, ao realizar um salto de moto. Quando Mehisto veio para reclamar a alma de Johnny, disse que o pacto continuava válido pois o câncer havia sido curado. Porém, a filha de Crash, Roxanne, salvou Johnny ao proclamar seu amor por ele. A pureza do ato afugentou Mephisto, que no lugar, acorrentou à alma de Johnny uma criatura chamada Zarathos. Essa ligação transformaria os dois no Motoqueiro Fantasma, o espírito da vingança que surgiria sempre na presença do mal.

Ao longo dos anos, muita história foi adicionada ao segundo plano do personagem - e não apenas ao de Johnny, como também ao de Zarathos. Quando um irmão mais novo de Johnny, Danny Ketch virou o segundo Motoqueiro Fantasma na década de 90, mais coisa ainda foi absorvida pela mitologia do personagem, inclusive ligações com um ancestral, Noble Kale. Blaze voltaria a ser o Motoqueiro, novamente ligado com Zarathos.

Durante o arco de Daniel Way, ele decidiu esquecer essa continuidade. No final de sua fase, talvez apenas para funcionar como uma última reviravolta, Way revelou que Zarathos era, na verdade, um anjo. Após anos de história que contradiziam isso, a revelação pareceu absurdamente sem sentido. O sucessor de Way, Jason Aaron, fez o melhor com o pior e a série funcionou bem. No entanto, a noção do Motoqueiro Fantasma como um agente do Paraíso e não do Inferno é difícil de engolir e espera-se que seja ignorada ou que sofra retcons nas mãos de futuros escritores.

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Mulher Gato

Quando a personagem foi introduzida nos quadrinhos, ela era uma aeromoça amnésica que passou a atuar como criminosa após sofrer um acidente de avião. Durante a Era de Ouro, era apenas uma vilã gatuna. Frank Miller chegava na década de 80, e inúmeras mudanças haviam sido feitas na personagem e sua origem até então. Com Miller não foi diferente, assim como 90% de suas personagens femininas, a vilã teve suas origens como uma prostituta que teve de fugir de seu cafetão. Recentemente, Selina Kyle passou a atuar como uma anti-heroína, agindo como um Robin Hood. Ela e o Batman inclusive iniciaram um relacionamento durante um tempo, no qual até ocorreu do Cavaleiro das Trevas revelar sua identidade secreta. Mas alguns escritores resolveram dar um retcon nessa regeneração da personagem, revelando que isso não passava de um feitiço empregado por Zatanna (com consentimento da Liga da Justiça!) Nos Novos 52, a origem de Selina mudou novamente. Apesar da origem de Miller ser totalmente clichê (em seus padrões), ainda era melhor que a de Ann Nocenti, que basicamente é uma fusão de todas as origens possíveis já contadas (incluindo a de Batman - O Retorno, que contava a história de uma Selina trazida de volta à vida... por gatos!)

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Estelar

Originalmente concebida como uma Red Sonja do Espaço Sideral, Estelar foi introduzida nas páginas de Novos Titãs. Princesa Koriand'r de Tamaran, que foi escravizada após seu planeta ter sido conquistado. Ela fugiu para a Terra, onde descobriu os Novos Titãs e juntou-se à equipe, nutrindo um profundo romance por seu colega de equipe, Dick Grayson.

Apesar da personagem sempre ter sido demonstrada como alguém em profundo contato com sua emoção e sexualidade, sua versão dos Novos 52 levou isso ao extremo. Isso é demonstrado, por exemplo no uniforme desenhado por Kenneth Rocafort. E o roteiro não é muito diferente.

Toda sua personalidade foi apagada e no lugar há apenas uma personagem fria e sem vida, que só serve como brinquedo sexual do Capuz Vermelho e do Arsenal.

Novos 52 novamente provando o como veio para destruir vários personagens amados...

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Superman

Superman é um personagem que passou por muitas mudanças desde sua criação. Lançado de um planeta momentos antes de sua destruição, pousou na Terra e foi criado por um casal gentil e simples. Crescendo, ele descobriu ter habilidades sobre-humanas. Com o alter-ego de Clark Kent, Superman é o protetor da Terra. Após Crise das Infinitas Terras, um evento que relançou todo o universo da DC, a editora deu a John Byrne a tarefa de recriar a origem do herói e adaptá-la aos tempos atuais. Houve coisas boas, é inegável, como a excisão da persona do Superboy de sua origem e a transformação de Lex Luthor (de cientista do mal a empresário sem escrúpulo algum).

Porém, Byrne foi um pouco longe demais. Para transformar o herói em alguém que o público pudesse se identificar, seus poderes foram diminuídos, assim como sua personalidade também foi alterada. Em vez de ser um repórter calmo, esse Clark Kent passou a ser um homem de ação. A intenção era caracterizar o Superman como a máscara e Clark como a verdadeira identidade, porém isso apenas apagou qualquer diferença entre as personalidades do Superman e de Clark Kent. Ele também manteve os pais de Clark vivos, o que criou um Superman que nunca testemunhou a humilhação do dia em que seus poderes não puderam salvar alguém.

Aspectos disso foram reduzidos assim que Byrne deixou o título, especialmente na fase de Mark Waid, que contou uma história de origem e jornada do herói muito superior à anterior. Porém, com os Novos 52 (pra variar), aspectos ainda piores foram adicionados ao mix do herói. Agora, o herói é impetuoso e idiota. Para piorar, uma das coisas que sempre ligou o Superman à humanidade foi o relacionamento com Lois Lane. Mas isso foi desfeito e agora o Superman é da Mulher Maravilha.

Um Superman mais Henry Cavill para uma geração que aprendeu a achar Christopher Reeve um babaca.

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Homem de Ferro

Muito aconteceu desde que Tony Stark foi ferido e teve de construir uma armadura para que seu coração continuasse batendo. Ele sucumbiu ao alcoolismo, perdeu sua empresa e fortuna mais de uma vez, e teve ainda de lidar com vários amores. Pior, porém, é quando escritores incompetentes tentam puxar o seu lado idiota para o extremo vilanesco.

Um dos maiores exemplos disso foi "The Crossing", nos anos 90, que colocava Tony Stark como sendo peão do vilão Kang. Durante o arco, Tony ficou ainda mais babaca, matando personagens como Marilla e a Jaqueta Amarela feminina. Para impedi-lo, os Vingadores tiveram de voltar no tempo e trazer um jovem Tony Stark ao presente para que este batalhasse com sua versão futura. Logo esse jovem Tony Stark entrou para os Vingadores.

Após os eventos de "Massacre" e "Heróis Renascem", Kurt Busiek trouxe o herói de volta à idade adulta e as coisas voltaram aos trilhos. Porém, durante a Guerra Civil, Mark Millar decidiu transformar o personagem novamente em um super-vilão.

Apoiando a suspeita Lei de Registro, o Homem de Ferro não apenas passou a caçar seus antigos colegas de equipe, como também participou da criação de um clone cibernético maligno do Thor e mandou vilões psicóticos atrás de seus supostos amigos.

Recentemente, as coisas não mudaram tanto, uma vez que temos o personagem e sua equipe, os Illuminati, considerando eliminar universos inteiros a fim de preservar seu próprio, um nível de genocídio nunca visto antes. Parece que a Marvel não perde por esperar o momento em que o personagem irá se alistar de vez à fila dos vilões.

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Wolverine

Voltando para as décadas de 70/80, Wolverine era um dos personagens mais interessantes dos X-Men. Muito de seu carisma veio não apenas de sua personalidade rude e de seus hábitos sanguinários em batalha, mas também da dualidade homem/animal. Havia também o constante mistério envolvendo quem ele era e de onde ele tinha vindo. Tudo que fora contado sobre sua origem era dito em pequenos fragmentos, libertando partes da verdade sem contá-la inteira.

Esse mistério funcionou muito bem com o personagem, e também foi algo único para os quadrinhos da época. Mas assim como a popularidade, cresceu o desejo dos escritores de estragar o personagem. Sua identidade foi escancarada, primeiro na minissérie "Origin" e depois no arco "Wolverine - Origins", com mais detalhes.

Todo o mistério acerca de seu passado foi extirpado de sua história, e o resultado é um personagem muito menos intrigante que suas representações anteriores. Para não perder o costume e piorar a situação, Wolverine fez-se vítima de sua própria popularidade. Agora ele é colocado em quase todos as equipes do Universo Marvel. Além de ser um X-Men, ele comanda uma escola, aparece em três títulos diferentes dos Vingadores, tem duas séries solo, e isso sem contar com as participações especiais!

Era uma vez, há muito tempo atrás, a época em que o Wolverine era a versão do Pistoleiro Sem Nome ou do Yojimbo da Marvel. Porém, agora ele é pouco mais que uma piada, cuja única função é se tornar cansativo em suas numerosas aparições especiais e histórias sem sentido.