Produzido pelo estúdio de animação Sunrise, um dos grandes nomes por trás de Cowboy Bebop é Shinichiro Watanabe, conhecido por trabalhar em franquias como Gundam. Além dele, outros talentos excepcionais integraram o time por trás de Cowboy Bebop, como a compositora Yoko Kanno, a roteirista Keiko Nobumoto (que trabalhou em outras animações nipônicas excelentes como Tokyo Godfathers até o próprio filme de Cowboy Bebop) e o designer de personagens Toshihiro Kawamoto.

A união singular desses talentos foi o que deu forma ao anime, providenciando uma estética e movimentação fluída que dão um choque nos sentidos. Além de uma trilha sonora magnífica que embala toda essa movimentação, tudo se segura em histórias episódicas, que lentamente vão explorando o passado dos personagens, assim como seu futuro.

Cowboy Bebop conta com uma galeria de personagens diferenciados. No começo do piloto, eles já se encontram em arcos narrativos estabelecidos, que vão sendo explorados conforme o anime avança.

São todos personagens quebrados de alguma maneira e que precisam (ainda que não admitam) um do outro.

Todos já possuem alguma bagagem histórica que os marcaram, seja um ex-membro da máfia que se apaixonou pela pessoa errada, até um policial corrupto que abandona tudo para virar um caçador de recompensas e uma garota sem memória. Os personagens de Cowboy Bebop buscam mais do que resolução viajando pela galáxia: buscam também motivos, o que os leva a serem os clássicos ladinos por fora, passando a perna uns nos outros, priorizando o ganho de dinheiro e trapaceando para se livrar de diversos problemas, tudo para disfarçar seu interior problemático.

Muitos episódios de Cowboy Bebop contam com diversas "ambientações" que ajudam a dar um "sabor" diferente para cada um deles. De aventuras que remetem a faroestes, até paródias de ficção científica como Alien, episódios com atmosfera noir, ou um mais divertido onde os personagens passam praticamente o episódio inteiro sob efeito de um cogumelo alucinógeno, é difícil se entediar maratonando Cowboy Bebop.

Cowboy Bebop envelheceu feito vinho. Sério, não é difícil encontrar diversos gifs do anime internet afora sendo usados exaustivamente e parte disso diz respeito à qualidade estética e a fluidez da movimentação dos personagens. As lutas (baseadas em artes marciais) são incríveis, prestando claras homenagens aos filmes de luta (em especial Bruce Lee), além da variedade de locais para os quais a tripulação da Bebop viaja serem esteticamente deslumbrantes. Cowboy Bebop é um dos animes mais bonitos que você vai ver.

Cowboy Bebop flerta bastante com alguns temas bastante explorados pela filosofia existencial, como solidão e tédio, acrescentando uma camada de densidade a mais nas aventuras da tripulação e na digestão de alguns episódios. Pra quem quiser, existem alguns simbolismos que valem a sua interpretação.

Cowboy Bebop é fortemente influenciado não somente pela música ocidental dos anos 40, como também por filmes clássicos, desde ficções científicas como Blade Runner, Alien e Predador até os filmes de artes marciais, especialmente de Bruce Lee.

O episódio Le Fou teve como inspiração a icônica HQ de Alan Moore, V de Vingança.

Existe bastante espaço para a comédia em Cowboy Bebop, mesmo com o amargor dos personagens. Boa parte dela fica por parte de Ed e o cachorrinho corgi da tripulação, o simpático Ein.

A ambientação de Cowboy Bebop ajuda muito na hora de nos emergir nesse mundo. De programas de televisão especiais para caçadores de recompensa até tecnologias específicas que operam sob suas próprias regras, como a internet do anime, chamada SSW (Solar System Web).

Com um total de 26 episódios e um filme (a dica aqui é ver o filme depois de terminar o anime), Cowboy Bebop não requer um investimento temporal gigante como outros animes. Se você conseguir os episódios, vale a pena se jogar de cabeça nesse universo e acompanhar as desventuras de Spike, Jet, Faye, Ed e Ein, viajando pela Bebop através do espaço, buscando esperança, razões, dinheiro e um pouco de comida.